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ELIAS BORGES DE CAMPOS

 

ELIAS BORGES DE CAMPOS

Poeta e educador. Reside em Campo Grande, MS, Brasil. Presidente local da União Brasileira de Escritores – UBE. Outros poemas do autor em:

 

Haikai

 (Para Reginaldo Costa)

 

Nunca um haikai

até sentir a beleza,

as lágrimas caem.  



Breve História do Tempo

Que chaves são estas

conosco há tanto tempo

que não abrem porta nenhuma...

    

Que chaves são estas

que não giram nenhum cilindro,

não abrem nenhum baú...

Em que casa o sol nos saldou

por detrás dos oitizeiros...

Que dia é hoje de que ano

do nosso senhor Jesus Cristo...

Este relógio na parede

marcando hora nenhuma.  


Imploro

Julieta...escuta,

onde vai dar o nosso amor?

sobrenomes, ódio, espada, cicuta?  


Psicologia para afastar o medo

Se já morri?

Minha luz

recusa-se a apagar.

Insisto num porte

alheio à morte,

mas estou estendido

entre catres de luto.

Persigo esta luz

como se me tivesse

sido prometida...

Que ilumine

tantos caminhos,

abra janelas,

afaste o medo. 



FOTOGRAFIA DE GUERRA 

Boiava no rio

a criatura.

Bebia flocos de nuvens.

Em seus olhos,

um sol escarlate de bombas.

 

É noite.

A criatura

ainda no rio.

Nos olhos,aplacando-lhe o fogo

o palor da meia-lua. 


 

    TRISTE POEMETO NO HOSPITAL

 

    Branco pálido.

    Inanimados convidam

    descorados.

    Aquela que rasteja

    nos corredores

    ocultando seu mortífero

    cutelo,

    ronda dia e noite.

    Entoando canções

    para o sono,

    impingindo silente martírio

    às criaturas tísicas.

    Aninhando obstinados

    em seus braços

    com sua imensa fome

    carnívora.

    Exalando odores,

    iludindo...

    com seu futuro

    inexorável de cinzas.

 

 

 

De
CAMPOS, Elias Borges de.  Fotografias.  Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2007.  87 p

 

 

SEUS PASSOS

De Quintana
lanternas chinesas
antes que queimem
nas estrelas acesas,
se percam...
Seus passos de bailarina.

 

 

INSÕNIA

Quem me dera
não voltar por ruas escuras
impiedosamente saudado.
Gritos, fúria, açoites.
Ai loucura dos passos
d´minha insônia,
triste figura de um corpo
abatido na madrugada.

 


MANOELÊS

Carbono único,
nadando na vacuidade
do papel, dialetos para
escribas analfabetos.

 

 

RACHA_DURA

Quando eu ainda
trocava os dentes
e tinha poucas letras,
já sofria pela rachadura
das meninas.  Ainda tenho
os olhos varados pela beleza
da primeira hóstia verticalizada.

 

 



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