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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ANTÔNIO SODRÉ

 

Descobri o livro do poeta numa feira de cultura em Campo Grande, em minha última viagem à bela capital de Mato Grosso do Sul. Os amigos e admiradores do poeta me animaram a publicar uma página em sua homenagem. Comprei o livro, li, gostei. Ele é de Mato Grosso e está vivendo em Campo Grande. 

Antonio Miranda, dez. 2006

 

O livro Empório Literário reflete uma fase madura do poeta que milita na literatura mato-grossense há mais de 20 anos.

 

Na década de 80, entre o bar Candeias e o bar do Léo, sendo influenciado pela efervescência cultural do ambiente universitário, Antônio Sodré começa a produzir as suas primeiras poesias.

 

Em 1984 com a sua poética caótica e heterogênea, o poeta da transmutação, como se autodenomina, publica o seu primeiro livro, uma brochura, com 13 poemas, contando com a ilustração do artista plástico Adir Sodré, seu irmão.

Além da poesia, a música e as artes plásticas também transitam no seu processo criativo. Como músico, já foi integrante do grupo BandoGira, participou do evento Mecânica da Palavra.

  

Sua história com o Caximir começa em 1984, naquele momento então chamava Caximir Bouquet, em homenagem ao desodorante da época.”   

 

Fonte: http://www.cultura.mt.gov.br/conteudo.php?sid=54&cid=543&parent=0 

 

manifesto

 

faça-se o poema, de qualquer forma:

aberto,

fechado,

rasgado,

solto,

louco,

livre, rimado, trovado,

travado,

com letras miúdas, grandes, grávidas!

 

faça-se o poema:

marron, vermelho, branco, negro, roxo, verde,

escarlate ...

cor-de-chocolate,

com batom ou sem batom:

faça-se o poema!

 

faça-se o poema: é uma ordem da vida!

essa ordem que não tem compromisso

como o poema

que é feito sem compromisso,

pois ele já é em si um compromisso feito

como a vida, feito um poema ...

e o poema se faz

como se faz a dor

costurada, amordaçada, sangrando,

palpitando num delírio

que faz do poema

que faz da dor:

a força que move o mundo!

 

sonhostantostontossonhos

os sonhos sonhei-os todos

num sonhar desesperado

até me perder sonhando

imerso no meu passado

 

recordações ilusórias

quimeras imagens tolas

gravadas no inconsciente

"pra" no presente repô-las!

 

suscitou-me pesadelos

assanhando meus cabelos

oh! era melhor não vê-los

soaram em vão meus apelos!

 

mas tem sonhos tão gostosos

dá vontade de comê-los

suaves vôos de aves

caravanas de camelos

transportando em seus alforjes

doces, balas, caramelos!

 

flutuando ... flutuando ... flutuando

 

feito espuma colorida

que chego a pensar que a vida

é um sonho em movimento.  

 

abismumano

 

um abismo me separa

dos meus próprios semelhantes ...

 

mas se tento chegar mais perto deles

sinto estar mais longe

do que estava antes!

 

é que entro cada vez mais

para dentro de mim mesmo

numa viagem, que se afasta da chegada,

pois vou pra lugar nenhum

numa lenta caminhada ...

 

... que me diminui

não sou, pois nunca fui...

 

... apenas me desfaço

como uma estátua que rui! ...

 

corparla porcorea

 

todo corpo é porco

todo porco é corpo

 

pouco porco

muito

porco

todo corpo é porco

todo porco é corpo

corparia

porcórea

porcaria

corpórea

porcoral mente

corporalmente

na cama

na lama ...

corpumano

porcumano

 

Extraídos de EMPÓRIO LITERÁRIO: VERSOS DIVERSOS. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2005. 143 p.

 




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