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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RIBAMAR FEITOSA

Fonte: www.guesaerrante.com.br  

 RIBAMAR FEITOSA

O poeta Ribamar Feitosa é um dos poucos herdeiros literários dos anos de chumbo, daquilo que se convencionou chamar poesia revolucionária, ou de protesto, ou de vanguarda, entre tantos outros epítetos. Este poeta que, segundo biografia publicada na antologia A Poesia Maranhense do Século XX, organizada por Assis Brasil, nasceu em Parnaíba, Piauí, no dia 2 de abril de 1946, tendo ido com os pais para São Luís do Maranhão antes de completar um ano de idade. Formou-se em Comunicação Social, na Universidade Federal do Maranhão, indo trabalhar no Departamento de Sociologia e Antropologia do Centro de Estudos Básicos.

Desde criança, Ribamar Feitosa mora no bairro pobre do Sacavém, que viria lhe inspirar alguns poemas de veemente reivindicação social e plácido sentimento de solidariedade humana. Tentando sair do esquema capitalista de produção e venda, passa a imprimir os próprios livros, fazendo parte da Geração Mimeógrafo do Maranhão. Promoveu ainda o Movimento Arte Participativa e pertenceu ao Grupo Movimentação.

Outras biografias do poeta citam que é Poeta, educador, pesquisador, exercita-se de vez em quando na crítica literária.


Bairro meu

 

MARIANO esta fazendo máscaras

neste carnaval.

MARIANO está plantando uma sinfonia

no coração do tempo.

MARIANO é o único artista (nosso)

que avança onde o tempo

parou.

as mãos de MARIANO tecem rostos,

dançam martelos;

têm cânticos de plainas,

soluços de imagens,

poemas de tintas,

calor de oração.

e os homens que moram nestas ruas

não sabem.

as mãos de MARIANO, um dia,

deixarão o nome dele marcado

na poesia

maior

do Maranhão.

 

(Bairro Meu, Cidade Minha, 1981)

 

 

Cantiga de ninar mamãe

 

Dorme, mamãe,

do meu coração,

o bicho papão

não vem te comer.

 

Dorme, mamãe,

que eu vou vigiar

e a cuca

maluca

não vem te pegar.

 

Dorme, mamãe,

não tenhas mais medo

de tudo e de nada,

de bruxa malvada

que faz a careta,

de bois perigosos

de cara bem preta.

 

Dorme, mamãe,

é tão bom ver você

nesta cama deitada.

Eu sou pequenina,

mas posso ficar

um instante acordada.

 

Dorme, mamãe,

um anjo chegou

e, devagar,

nos beijou.

você, mamãezinha,

mais bonita ficou.

(Criancice, 1989)

 

 

Ação do Capital

 

Onde?

 

— Sabres e banqueiros: torturadores e lucros de sangue.

(Ação Popular)

 

ONDE?

 

— MILHARES DE PÁSSAROS NO CAMPO, NAS RUAS E PRAÇAS,

ESCOLAS, SINDICATOS E PRISÕES.

(Ação do Capital)

 

Como?

 

— Fuzis e grileiros: uma flor esmagada, juntas quebradas, pássaros fugindo,

em vão, nos cabelos da noite.

(Ação Popular)

 

COMO?

 

— O POVO TECENDO O LUGAR DA LUTA E DA HISTÓRIA.

(Ação do Capital)

 

Quando?

 

sabres e banqueiros: arrancando o dia

decepando a aurora.

 

(Ternura e Fogo, 1991)

 

 

UMDEGRAU –uma revista na margen d´arte.  No. 0 – setembro 1989.   São Luis, MA.: Marinálida Oficina da Imaginação, 1989.  Edição e produção: Hentique Bois, Joãozinho Ribeiro, Sérgio Castellani, Solange Bayma, Zeca.  
                                                    Ex. bibl. de Antonio Miranda

               

                BRASÍLIA NO MATADOURO

               
Um planalto
             De lama
             Um congresso
             De urubus
             Uma catedral
             De trama
             Sobre os homens
                         nus

             Uma mãe
             Aflita
             Uma criança
                          Grita

             Uma Brasília
             Sem asa
             Uma família
             Sem casa
             Uma criança
             Na rua
             Uma criança nua
             Um país
             No abate
             Uma família
             Em mate
             O povo no choro
             Mate

                          Arremate
             Empenhe seu couro
             Daqui pra diante
             Não tem quem escape
             Deste matadouro
            


 *

Página ampliada e republicada em novembro de 2023          

Página preparada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda, publicada em out. 2008 



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