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NONATO VERAS
Nasceu em Tutóia (Maranhão,Brasil). Músico, compositor, professor, poeta. Vive em Brasília (DF) desde 1974. Participou do Liga Tripa, o grupo musical mais popular de Brasília, e do movimento Músicas-à-Tentativa. Da fase com o Liga Tripa, compôs Travessia do Eixão, (poema de Nicolas Behr), gravada pela Legião Urbana, no CD Uma Outra Estação. Trabalha com o Udigrudi como convidado. É percussionista da Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Lançou o disco Trakstykatum (2008). É coautor de FINCA-PÉ (2011) do Coletivo de Poetas.
TEXTO EM PORTUGUÊS - TEXTO EN ESPAÑOL
LINGUAGENS – LENGUAGENES /Edição bilíngue Português / Español. organização Menezes y Morais; tradução Carlos Saiz Alvarez, Maria Florencia Benítez, Lua de Moraes, Menezes y Morais e Paulo Lima.. Brasília, SD: Trampolim, 2018. 190 p. (7ª. coletânea do Coletivo de poetas) ISBN 978-85-5325—035-6. Ex. bibl. Antonio Miranda
PASSARELA DE NARCISO
os eus
desfilam-na passarela do facebook
de vez em quando
um surta pra que o outro curta
os eus não são nós
TEXTO EN ESPAÑOL
Nace en Tutóia (Maranhão.Brasil). Músico, compositor, profesor y poeta. Vive en Brasília (Distrito Federal) desde 1974. Formó parte de Liga Tripa, grupo musical más popular de Brasilia y del movimiento Músicas-á-Tentativa. En la etapa con Liga Tripa, compuso Travessia do Eixão, (poema de Nicolas Behr), que fue grabada por Legiáo Urbana, en el CD Urna Outra Estação. Trabaja como convidado con el grupo de teatro-circo Udigrudi. Es percusionista de la Orquestra Sinfônica del Teatro Nacional Cláudio Santoro. Lanzó el disco Trakstykatum (2008). Es coautor de FINCAPÉ (2011) del Colectivo de Poetas.
PASARELA DE NARCISO
los yos
desfilan por la passarela de facebook
de vez en cuando
uno se desajusta para que el otro le gusta
los yos no son nosotros
FINCAPÉ – Coletivo de Poetas. Org. Menezes y Moraes. Brasília: Thesaurus Editora, 2011. 280 p. 280 p.
12,5 X 22, 5 cm ISBN 978-85- 7062-969-
Ex. bibl. de Antonio Miranda
Desatino
Fique à vontade
a poesia passo pormim ontem, de tarde
hoje, depois do vinho,
sou cavalo de outro destino.
Chuva Pesada
A noite toda turva
molhada como uma vulva
encharca a grama
Sob a chuva densa
numa passagem subterrânea
a sós ele e nós
Chuva chuva chuva
Chuva pesada
Num pacato concreto
a noite chora goza e uiva
Dissolvemos como chuva
Que saia um sol de fogo
bom dia flor instantânea
ronca o eixão de sono
Chuva chuva chuva
Noite molhada
Despalavreio
Saio
e as coisa me instigam
Garimpo a rua
acho um panfleto
uma moeda, um pipoqueiro
Os carros aceleram, buzinam
Óculos de cego
Rumores, escarros, gritos
Relógio quebrado
e o Sol renitente
sombreia e queima
Um gari varre as palavras do chão
Um olhar vago noutro lugar
O ônibus, o troco, o sinal
compra-se ouro
vende-se tudo
Freio, desço, cuspo
despalavreio
Sem Tempo
Ontem dormi na grama
e um amigo me acordou voltando da padaria
E saí
a procura de mim
Faz tempo e a cidade me comeu
nas suas curvas nos seus vãos nas suas madrugadas
Menina nua
E a cidade agora tem mais medo que no tempo do
Figueiredo
Outro dia andei por lá e para cá
Cinquenta passos
Disseram que eu tava doido
E agora
acelero freio acelero...
Era junho frio e a noite toda atravessando os eixos
Uma fogueira e um aceso
Liguei a tripa Tovar Ita
Daqui a pouco vou sair e pixar:
“a realidade é uma coisa inacabada”
De quem é isso mesmo?
Vestir-se
Tenso
logo insisto:
não penso.
Resisto.
E o tempo
todo é isto:
nu, sou.
Me arrisco.
*
Página ampliada e republicada em outubro de 2023
Página publicada em janeiro de 2020
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