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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

NASCIMENTO MORAES FILHO

 

José Nascimento Moraes Filho é professor, poeta, jornalista  e folclorista. Nasceu em São Luis do Maranhão no dia 15 de julho de 1922, participante do Modernismo em seu estado.

 

Obra poétca: Clamor da Hora Presente  (1955), Pé de Conversa (1957), Um Punhado de Rima (1959) 

 

Evocação

 

Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito!

.- Eu sou o sofrimento dos sem nome!

- Eu sou a voz dos oprimidos!

Não tanjo a lira mágica de Orfeu

de quem as aves se acercavam para ouvi-lo

e lhe vinham lamber os pés as próprias feras!

 

As láureas, meus irmãos, olímpicas não busco

com que cingis de glórias os vossos sonhos!

- Cravaram-me a coroa dos crucificados!

Minha Castália - são as lágrimas do Povo;

Meu Parnaso - a Dor da minha Gente!

 

Meu instrumento é poliforme e rude!...

Não tem o aristocrático perfil das harpas nobres

nem as rutilações de sons das pedras raras.

- Ele é Clamor!

Ruge nos seus trons

o estrugir do Povo em Praça pública!

 

Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito!

Maldigo a resignação infame dos covardes!

- Eu prego a rebeldia estóica dos heróis:

- Meu Evangelho é a Liberdade!

A Liberdade, meus irmãos,

tem a forma simbólica da Cruz

e a cor do sangue!

- O sangue é o apanágio da Conquista!

 

Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito!

Jesus,

se conquistou os céus com suas orações,

Ele, o Redentor,

sobre a terra triunfou com o sangue do seu corpo!

 

Sangue, flâmula bendita,

e, no Calvário - FÉ - aberta em Cruz!

Poetas, meus irmãos, acompanhai meu grito!

(Clamor da Hora Presente,1955).

 

 

Página preparada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda e publicada em set. 2008

 

 

Homem

 

homem, a vida é como a vênus de milo;

- faltam-lhe os braços!

aperfeiçoa-a!

plasma no sonho a sua perfeição:

- o sonho é o mármore de páros!...

talvez entre as ruínas do teu eu

estejam escondidos os seus braços

olha!

um rastro de auroras mortas

marca o caminho da tua crença...

empunha a flama da fé

e desce aos subterrâneos da existência,

como os primitivos cristãos,

às galerias esquecidas das catacumbas!

e, de volta,

com teus olhos pregados no infinito,

rompe a mortalha de crepúsculo que te envolve,

e marcha!

na tua marcha ascendente,

esmaga com teus pés de titã o incognoscível

e faze-o explodir aos teus passos

numa erupção de novas auroras!...

então, empolgando os mundos e os astros coruscantes,

bradarás:

- levanta-te - ó sol sem poente!

e uma luz de arrebóis brilhará para sempre!...

 

_________________________

 

síncope da luz!

angústia do verde nas esperanças!

há um sino dobrando em cada coração

e uma cruz de esqueleto de ilusões abre seus braços

sobre cada pensamento!

- é a hora do crepúsculo do amor

- a hora do crepúsculo do sonho!

 

..........................................

(Eifinge do Azul, 1972)

 

 




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