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 MANOEL  SOBRINHO  (1897-1957)   MANOEL ALEXANDRINO DE SANTANA SOBRINHO. Nasceu em S. Francisco do Maranhão, a 4-1-1897 e faleceu em S. Luís,  a 22-11-1957. — Hora Iluminada, 1948,  Pétalas e Farpas, inédito e, também inédito, o poema “Oiteiro da Cruz”, sobre a  expulsão dos holandeses no Maranhão. Mestre dos versos alexandrinos. Manuel Alexandre de Santana Sobrinho,  poeta,era funcionário público, membro da Academia Maranhense de Letras.   Manuel Alexandre de Santana Sobrinho, poeta,  funcionário público, membro da Academia Maranhense de Letras.
       SÃO FRANCISCO   Ó triste e pobretã cidade maranhense! Por que a eterna canção romântica das águas  Do velho Parnaíba onduloso não vence Teu descontentamento e tuas fundas mágoas?   Por que já não te enfeita a pompa que  outrora Ostentavas riqueza, orgulho e poderio? Não vês que ao pé de ti o arvoredo se  enfiara Ao beijo das manhãs translúcidas do estio?   Por que sofres assim? Por que definhas  tanto? Por que te pesa a cruz de tal adversidade? Olha: a árvore remoça em teu subúrbio, e o  canto Das aves do teu céu traduz felicidade...   Por que tua cerviz dobras e não encaras O céu, que nos dá força, em nosso  desalento? Vês? O Morro da Cruz e o Morro das Araras Erguem a fronte larga à luz do  firmamento...   Por que, perdendo a forma estética, te  afeias, Contrastando com tudo aí desse recanto, Quando eu - que sou teu filho - eu sei que  te rodeias De infindáveis painéis do mais soberbo  encanto?   Por que fazes, agora, humilde, curvaturas A tudo o que enfrentaste, outrora, com  denodo? É que, nas asas do ouro, ontem galgaste  alturas, E hoje, rastejas, pobre e anônima, no lodo.       MEU SABIÁ   Subindo os alcantis, galgando o azul,  varria O áureo clarão da aurora as sombras no  Nascente. Sustenidos, bemóis, pelo festivo ambiente Vibrava o passaredo, hinos entoando ao dia.   Vencendo pouco a pouco a tristeza e a  apatia Em que a envolvera atreva, inexoravelmente, A natureza enfim livre e resplandecente, Com régia majestade e intrepidez se erguia.   Tudo acordava e ria um rio amável, tudo! Só na estreita gaiola, impassível e mudo, Dir-se-ia meu sabiá num pensamento  absorto...   É que - maldade humana! - o pobre  passarinho, De saudades, talvez, do profanado ninho, Perdera a voz, que eu tanto ouvira... -  Estava morto!      TROVAS    Amigos, quantos tiveres, Um por um te deixarão, Quando já não dispuseres De dinheiro ou posição...   Se alguém se julga perfeito, A razão disso adivinho: Em si não busca o defeito Que descobre no vizinho.   Do bem por ti desejado Não corras muito na pista: Na vida, o mais apressado Nem sempre é o que mais conquista...   És pobre? Sofres? Paciência, Põe no lábio um riso franco: Na roleta da existência Há muito número em branco...   É pela dor procedida Do tombo que se levou, Que pode ser bem medida A altura a que se chegou.   (Hora Iluminada, 1948)       RAMOS, Clovis, org.  Minha terra tem palmeiras... (Trovadores  maranhenses)   Estudo  e antologia.   Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970.   Ex. bibl. Antonio Miranda   Amigos,  quantos tiveres,Um por um te deixarão,
 Quando  já não dispuseres De  dinheiro ou posição...    Do  bem por ti desejadoNão corras muito na pista:
 Na vida, o mais apressado
 Nem sempre é o que mais conquista...
   És  pobre? Sofres? Paciência, Põe  no lábio um riso franco: Na  roleta da existência Há  muito número em branco...    É  pela dor procedida Do  tombo que se levou, Que  pode ser bem medida A  altura a que se chegou.   Juras  por Deus, numa prece,Que me vais deixar no olvido,
 Como se já não te houvesse
 Há muito tempo esquecido...
   Como  crer nas belas frasesQue amavelmente me atiras,
 Se as próprias juras que fazes
 São todas lindas mentiras ?
   Na  vida aprendi que a vidaNenhuma beleza tem,
 Se não é vida vivida
 Em  prol da vida de alguém.   
                   ATO – REVISTA DE LITERATURA.  NO. 8.   Belo Horizonte: Gráfica e Editora O  Lutador,  janeiro de 2011.  Editores: Camilo Lara, Rogério Barbosa da  Silva e Wagner Moreira. ISBN 1982-7482    21,5 X  52 cm.  Ex. biblioteca de Antonio Miranda
             Página preparada  por ZENILTON DE JESUS GAYOSO MIRANDA, publicada em junho  de 2008.  Página ampliada e republicada em outubro de 2019.. 
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