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Fonte: http://www.thesaurus.com.br/

M. P. HAICKEL

Marco Polo Haickel é maranhense, professor de Literatura Brasileira, Língua Espanhola, voluntário no projeto O Livro na Rua e colabora na Revista Eletrônica Nós Fora dos Eixos.

 

HAICKEL, M. P.  Poemas de um amor ao ocaso.  3ª. edição.  Brasília, DF: Virus Editora, 1994.  S.p.  10,5x15 cm.  Col. Bibl. Antonio Miranda    

 

 

        PARTINDO

 

Nossos palavras brigavam, perdidas...

Era preciso tanto orgulho? Tanto ódio?

Naquela tarde nada se fundia; prendidas,

nossas vidas eram entorpecidas por óplol

 

Era mesmo preciso tanto desamor?

Esse frio solitário ao calor?

Esse vazio naquela viagem Infinita.,,

Era ausência de ópio naquela tarde esquisita..

 

Brasília entardecendo,

entardecia com soluços reprimidos

em nossa angustia, nossa melancolia..,

 

Eu entardecendo, entardecia

naquele teu olhar, tua mirada

e o amor de letal desvanecia.

 

 

                      O POEMA NOTURNO

 

No escuro, me estico na cama

e lentamente imagino meu rosto enrubescido

pela brasa do cigarro num lento trago.

 

Saboreio...

 

Uma música melodiosa ao fundo

me entranha num torvelinho de sentimentos,

 

A fumaça parte rumo ao inusitado, e junto

vai o meu pensamento suavemente subindo...

 

Assombra-me esse pensamento!

Não multo longe, respira pausadamente, meu

mundo, minha espécie.

 

Nesse momento, o mundo na minha concepção

já foi conquistado.

Só me resta - não vivê-lo, mas sim, -

Intensificá-lo, e assim o faço cautelosamente.

 

Também, nesse momento, a vida se faz completa

pois está vazia de pensamentos fixos...

 

Talvez um breve suspiro,

um frémito repentino me desperte desse

preâmbulo,

esse misto de sonho, torpor e cansaço.

 

Resta-me a noite como companheira e a pena

como aliada.

 

Eu tenho os pensamentos longe

e o rosto não mais intumescido nessa solidão de

ser.

 

Aos poucos tudo passa a ser como um porto e

solidão.

 

 

HAICKEL, M. P.  Poemas de um amor ao ocaso.  Brasília, DF: Virus Editora, 1994.  S.p.  10,5x15 cm.                Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

O LOBO NA ESTEPE

 

Por terra, sinto-me deslizando
crepitamente por mim mesmo.

Divago como o crepúsculo e o ósculo boreal
Sinto-me um lobo na estepe.

Anseio a morte não quero ais me sentir
um estrangeiro em minha terra.

Procuro, como que relutando
como o fino brio da lâmina,
ao barbear-me, ser e ter esperanças.

Custa-me pequenas feridas
no rosto amargo, redondo e empapado.

Divago, entre a navalha e o esperar
de um fim de tarde chamuscado de chumbo,
e friorento na Praça dos Três Poderes.

Custa-me muito caro aceitar
ser um estrangeiro em minha própria terra.

 

 

NAS ESTÁTUAS

 

A lembrança é vaga e vem quando estou só.
São revividos sonhos, projetos, que
como o Fênix, surgem do pó
e o peito em falsete é como estanque.

À noite é mais forte a sensação,
vem sozinha, silenciosa como ladrão,
pisando lentamente, remorsando, crescendo,
um acorde no dia que vai amanhecendo

sem me deixar alternativas.
Levanto. Vou à sala: duas estátuas
decoram o ambiente:

dos anjos tocam uma música
em meio ao silêncio e tem os olhos tristes.
Volto a mim: tua lembrança, ainda existe.

 

 

Página publicada em maio de 2014.

página ampliada em janeiro de 2022

 


 

 

 
 
 
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