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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Fonte:http://www.mallarmargens.com/

 

LUÍS AUGUSTO CASSAS

 

Nasceu e mora em São Luis do Maranhão desde 2 de março de 1953. Publicou muitos livros de poesia, sempre bem recebidos pela crítica.

Cheguei a ter um contato com o Luis Augusto por correio, mas aí ele sumiu de vez... Só o encontro nas livrarias, para matar a saudade de seus versos... Já tenho quase uma dúxia de livros dele na estante! Estou agaurdando os outros... A.M.

 

CASSAS, Luis Augusto.  A poesia sou eu.  Poesia reunida.  Vol. 1.  Rio de Janeiro: Imago, 2012.  16x23 cm.   Capa: Luciana Mello e Monika Mayer.  “ Luis Augusto Cassas”  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

COSTELAS DE ADÃO
(Mastigação Macrobiótica das Ruínas)

Em Alcântara às vezes
bufê dos revezes
mastiga-se insone
a própria fome

Cardápio dos deuses:
digerir a nuvem?
devora o homem
nome e sobrenome

 

CANTO EMPALHADO

 

Canário cantando

gaiola de lata

teu bico é de ouro

trinado de prata?

 

Canário cantando

cantando pra quem?

 

garganta rebenta

saudades de alguém

 

Seu canto ecoa

taças de cristais

alcança os mirantes

explode os vitrais

 

Canário cantando

para a Inês já morta

 

Sepultas as lendas

vive a Moura Torta!

 

          (De A Paixão segundo Alcântara e novos poemas)

 

APOCALIPSE (4)

 

Quem são estes herdeiros dos dois caminhos

que trocaram o fulgor da coroa de louros

pela coroa de espinhos?

Quem são estes que lavaram

as mãos sujas do espanto

no lírio de todos os prantos?

Quem são estes filhos da noite

vestidos da branca roupa da aurora

e iluminados pelo calor do açoite?

Quem são estes negros de consciência

que se tornaram puros na essência

como velas derretendo-se penitentes?

Quem são estes exaltados

trancados na masmorra do além

que agora salmodiam o Rei de Jerusalém? ,

 

São os degredados filhos de Eva —

São os banqueiros das trevas —

São os herdeiros da legião —

São os despossuídos de coração —

São os escolhidos do pecado —

São os prisioneiros do passado —

que limparam a suja consciência

no sangue cristalino do cordeiro

e receberam a veste da inocência

brilhando pura como um luzeiro!

 

(De Liturgia da Paixão)

 

COSTELAS DE ADÃO
(Mastigação Macrobiótica das Ruínas)

Em Alcântara às vezes
bufê dos revezes
mastiga-se insone
a própria fome

Cardápio dos deuses:
digerir a nuvem?
devora o homem
nome e sobrenome

 

CANTO EMPALHADO

 

Canário cantando

gaiola de lata

teu bico é de ouro

trinado de prata?

 

Canário cantando

cantando pra quem?

 

garganta rebenta

saudades de alguém

 

Seu canto ecoa

taças de cristais

alcança os mirantes

explode os vitrais

 

Canário cantando

para a Inês já morta

 

Sepultas as lendas

vive a Moura Torta!

 

          (De A Paixão segundo Alcântara e novos poemas)

 

APOCALIPSE (4)

 

Quem são estes herdeiros dos dois caminhos

que trocaram o fulgor da coroa de louros

pela coroa de espinhos?

Quem são estes que lavaram

as mãos sujas do espanto

no lírio de todos os prantos?

Quem são estes filhos da noite

vestidos da branca roupa da aurora

e iluminados pelo calor do açoite?

Quem são estes negros de consciência

que se tornaram puros na essência

como velas derretendo-se penitentes?

Quem são estes exaltados

trancados na masmorra do além

que agora salmodiam o Rei de Jerusalém? ,

 

São os degredados filhos de Eva —

São os banqueiros das trevas —

São os herdeiros da legião —

São os despossuídos de coração —

São os escolhidos do pecado —

São os prisioneiros do passado —

que limparam a suja consciência

no sangue cristalino do cordeiro

e receberam a veste da inocência

brilhando pura como um luzeiro!

 

(De Liturgia da Paixão) 


CASSAS, Luis Augusto.  A poesia sou eu.  Poesia reunida.  Vol. 2. Rio de Janeiro: Imago, 2012.  16x23 cm.   Capa: Luciana Mello e Monika Mayer.     “ Luis Augusto Cassas”  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

O TAO DO PEDICURO CELESTIAL

 

quem segue

o caminho dos opostos

tem os pés tortos
enviesados pra dentro
cruzados pro centro

quem segue

o caminho do lado

tem os pés de pato

estilo dez pras duas

no meio-fio das ruas

 

quem segue

o caminho do meio

usa sapatos sem meias

pisa macio a folha

pra não espocar a bolha

 

quem segue

o caminho de baixo

os pés ficam um escracho

o chão parece um tacho

mesmo caminhando no capacho

 

quem segue

o caminho de cima

os pés logo afinam

o vento sopra onde quer

esquece logo mulher

 

em todos

os caminhos da estrada

há sempre uma unha encravada

mas sigamos ouvindo os galos

ainda que nos cantem os calos

 

 

A REABERTURA DO CÍRCULO

 

os opostos

sobretudo

os irreconciliáveis

 

os totens

sobretudo

os enterrados

 

os horizontes

sobretudo

os não descortinados

 

os paradoxos

sobretudo

os inimagináveis

 

os mitos

sobretudo

os indecifráveis

 

os caminhos

sobretudo

os não trilhados

 

os círculos

 

sobretudo

os fechados

 

 

O TREM

 

são tantas

falhas básicas

defeitos

de fabricação

tantos interditos

e

proibidos

dias lindos

que não

voltarão

que é melhor

correr o risco

não retornar

à estação

acelerar

o vivido

buscar

sentido

nas coisas

que virão

e seguir

os fantásticos trilhos

da invenção

 

 

(De Tao à milanesa (inédito))


De
Luís Augusto Cassas
A CEIA SAGRADA DE MÍRIAM
- Oferenda lírica

Rio de Janeiro: Imago, 2010.
48 p.  ISBN  978-85-312-1066-2

 

Edição em homenagem a d. Míriam, mãe do poeta.

 

 

BOLO DE LARANJA

 

cresce cresce minha cidade

cresce como a aurora e o poente

cresce as oportunidades

cresce a teu povo carente

alimenta os sonhadores

cresce as flores e as sementes

cresce a sopa a cada boca

cresce o sorriso a todos os dentes

cresce o tema a cada bardo

cresce o amor a cada lábio

arco-íris a todas as mentes

cresce cresce minha cidade

com fermento e sentimento

com o calor de tuas mãos

cresce sol de liberdade

reparte a todos o alimento

como o bolo de minha mãe

 

 

 

De
Luís Augusto Cassas
O FILHO PRÓDIGO:
Um Poema de Luz e Sombra

Rio de Janeiro:  Imago, 2008.
76 p.  ISBN 978-85-312-1032-7

 

 

"Na poesia brasileira — especialmente no território tão pouco visitado da poesia de natureza meditativa e reflexiva, voltada para a transcendência —, o maranhense Luís Augusto Cassas ocupa um lugar de inconfundível relevo.  A sombra e a luz regem, simultâneas, a sua partida e o seu regresso: o seu estar no mundo e a busca já tornada resposta, com a descoberta e o encontro de si mesmo."  LÊDO IVO

 

 

A

 

Do velho pai podem as pernas

retornar de além-túmulo

pra reconduzir às hermas

deitado filho em Procusto?

 

Do velho pai podem as pernas

ressurgidas como plumas

devolver ao sol da terra

afogado filho em bruma?

 

Do velho pai — tíbias e ossos —

de uma ausência devastada

ao filho reconstituir-se-iam os passos

pra alavancar-lhe a jornada?

 

 

De
Luís Augusto Cassas
A MULHER QUE MATOU
ANA PAULA USHER

poema-romance
Rio de Janeiro: Imago, 2008.
100 p  ISBN 978-85-312-1033-4

 

"LI com alegria o seu A Mulher que Matou Ana Paula Usher. Algo de Poe. E de Modigliani. E pensei em Jeanne Hébuterne — que é parte de um sentido plural. As muitas vozes que habitam seu coração e o modo de conjugar-lhe as infinitas demandas, que não cessam." MARCO LUCCHESI 

O AMOR

somos um livro

está tudo escrito
no dna do espírito
nas cartas astrológicas
nos meridianos dos corpos
na íris dos olhos
no alfabeto do infinito

nosso contrato de risco
é escapar ao inaudito
(as garras do hipogrifo)
e escrever c/fogo e luz
no espaço em branco dos capítulos
o nosso mito

 

UM

quando estou em ti
e tu estás em mim
inverte-se o princípio
do início e fim
no primeiro momento
há movimento:
eu sou tu és
no segundo momento
há desfalecimento:
não sei quem sou
acaso és?
no terceiro momento
viramos fragmentos:
o nós e o vós
habitam em nós
depois não há nada
e o espírito do só
recolhe-se ao pó

******

De
Luís Augusto Cassas
EVANGELHO DOS PEIXES
PARA A CEIA DE AQUÁRIO

Rio de Janeiro: Imago, 2008.
116 p  ISBN 978-85-312-1022-8


O
GRANDE-PEIXE DA EXISTÊNCIA

todo dia eu te como

super diferente

salada crua
 ou sopa quente

todo dia eu te como

maionese e mostarda

natural /defumado

pão e salada

fast-food do todo
hambúrguer da vida
 self-service do novo

peixe de água-viva

às vezes receio

engolir a espinha

e viver como Jonas

no ventre da tainha

 

todo dia eu como

as letras do teu nome

as palavras fritas

saciam-me a fome

NOVA EUCARISTIA

já foi dito
se um homem te pedir um peixe
ensina-o a pescar

e eu digo:
serve-lhe um peixe ao escabeche
depois leva-o a passear

 

 

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OUTROS POEMAS


CRÔNICA DE NOMEAÇÃO DA DEFENSORIA LÍRICA DA CIDADE

por graça e gosto de el-rei

e espada de bom capitão

por instrução do prior-frei

segredos do coração

e por tudo que oro e sei

moinhos de ventos e brasão

consagro em pública praça

do herói a rebelião

e nomeio fiel protetor

das pedras do nosso chão

a luís Augusto cassas

defensor perpétuo e lírico

de São luís do Maranhão

em nome do sol e mar

dou a ele força e poder

de lapidar e guardar

a vida que há de florescer

expeça-se alvará

salvas de mudo canhão

província de muito amar

firmo: “cais da sagração”

 

 

Extraído de Em Nome do Filho (Advento de Aquário). Rio de Janeiro: Imago, 2003.



 

MAR DEPRIMIDO

 

mar de São Luis, constrangido,

que banhas as costas do Atlântico

e as costas e seios das pacíficas,

quem te roubou o azul do paraíso:

os vendedores de cloro das piscinas

ou o céu desbotado do olhar das meninas?

 

mar de São Luis, humilhado,

saqueado por metralhas e conquistadores

em navios que vazam óleo desde o início,

quem roubou o azul do teu sorriso:

os poetas que te deixaram abandonado

ou os petroleiros que te sujaram o vestido?

 

mar de São Luís, sucateado,

sobra de outros mares, poluído.

o cinzento de tuas águas

é tua bandeira de mágoas?

é o teu vestido e anágua?

 

choras por Antonio: o de Cleópatra?

choras por outro: o de Ana Amélia.

mar de São Luís, enrubescido,

derramas lágrimas de crocodilo,

deságuas sujas águas em praias e portos.

enches os tonéis, os lenços, os esgotos.

 

mar de São Luis, emaranhado

em maranhas de mar amargurados,

quem seqüestrou o teu azul-coral

deixou-te em troca o excesso de sal.

entanto, o verde que antevejo nessa manhã,

só o vislumbro detrás de óculos rayban.

 

a não ser que eu ponha cloro,

nas lágrimas que, em ti, choro.

 

 

 

Os Arautos do Dia

edital de tombamento

(escrito em papel embrulho)

 

Ficam declarados tombados

pra todos os efeitos e dados

os herói anônimos e martirizados:

 

os paralelepípedos sob o asfalto

& a cobertura de cobalto

 

o sorvete de ameixa do hotel central

& as sessões coloridas no cine-rival

 

as sabiás de cócoras

& os bem-te-vis de galochas

 

a coroa de rei dos homens

& a galinhagem de ana jansen

 

a caldeirada do germano

& os endereços dos pés-de-pano

 

os vendedores de pirulito

& os jogadores de palito

 

os anjinhos despirocados

& os poetas emprenhados pelos ouvidos

 

os quebra-queixos à mingua

& o teu beijo de língua

 

o doce de bacuri com cravinho

& o pôr-do-sol do portinho

 

as meninas da rua 28

& as virgens mortas sem coito

 

(a esses 20 tiros de canhão

e 30 missas em intenção)

 

e mais ainda: a saudade etérea

do amor de g. dias & ana amélia

 

O pintor de cartazes do cine-éden

faça repintar e imprimir e correr

a nova aurora que vai nascer

 

 

FEIRA DO JOÃO PAULO

 

Grécia jamaicana:

tua bandeira republicana

é um cacho de banana

 

 

Extraídos da obra Ópera barroca (guia erótico-poético & serpentário-lírico da cidade de São Luís do Maranhão). Rio de Janeiro: Imago, 1998.
 

De
Luis Augusto Cassas
A PAIXÃO segundo ALCÂNTARA
São Paulo> Roswitha Kemppf Editores, 1985

 

MANIFESTO DOS CUPINS

..................................................................

Já roemos vossa esperança
livros  tradições  museus
memória  lembranças  retratos
pés de-cama  caibros  ratos

amanhã  roeremos
vossos ossos


AUTO DO RETRATO

Este corpo não é meu.
Visto-o como emprestado,
a algum nobre antepassado,
que dentro em mim se escondeu.

Esta alma não é minha.
Habita apenas o eterno
inútil espaço de um terno,
que com o corpo caminha.

Não é minha a cicatriz
que desenharam nos ombros.
Nem esses olhos de escombros.
Tampouco o queixo e o nariz.

De mim, apenas, o gesto,
o olhar, o passo, a ironia,
a fútil genealogia
de tudo que sobra e é resto.

 

De
Luis Augusto Cassas
A PAIXÃO SEGUNDO ALCÂNTARA
e novos poemas

Rio de Janeiro: Imago, 2006.  104 p.
ISBN  85-312-0991-9

 

BANDA DE ASA

pomba do divino
asas do eterno
confessai aos sinos
barreira do inferno

dai coração novo
a todas as criaturas
livrai-as do fogo
noite mais escura

pousai sobre os mísseis
absolvei-lhe os destroços
tornai-os úteis fósseis
museu paleonlógico

 

 

 

CASSAS, Luis Augusto.  Rosebud. Poemas.  São Paulo: Massao Ohno Editor, 1990;103 p. Ilus. da capa Edgar Rocha.  Diagramação e produção: Shirley Stefanowski.  formato 21x21 cm.  autografado.  Col. A.M. (EA)
 

TRATAMENTO DE CHOQUE

 

Os verdadeiros loucos vestem uniformes brancos

e dirigem os hospitais psiquiátricos

amarrados em camisas-de-força.

À noite, uivam como coiotes desterrados

e tentam o suicídio com seringas hipodérmicas

conversando com Stalin, Hitler e Mata Hari.

Mas eu advogo que estão lúcidos

pelo olhar furioso que destilam.

Segundo um relatório assinado

pêlos poetas Artaud, Ginsberg e Salomon,

nunca terão alta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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