LAURA AMÉLIA DAMOUS
Nasceu em Turiaçú, no Maranhão, em 1945 mas seu primeiro livro só é publicado em 1985 – Brevíssima canção do amor constante.
“Obra pequena, mas significativa como ser poético, ela não se parece com nenhum de seus contemporâneos maranhenses, linguagem sintética de um cancioneiro peculiar, ao gosto dos ideogramas japoneses. No Brasil, a sua referência maior seria a Cecília Meireles das Canções, a mesma espontaneidade e rigor ao construir os poemas.” ASSIS BRASIL
Leia mais sobre a escritora em:
http://www.guesaerrante.com.br/2005/11/30/Pagina284.htm
QUIROMÂNCIA
A mão do poema
é a que me cabe
inteira
A outra,
eu a carrego,
pesada e alheia.
CIRCO
Avan;co e recuo
ao estalido da dor
Me curvo
para os aplausos da platéia
Alguém pede bis
Sangro até morrer
PAPAGAIO
Trituro esta dor
socada em pilão
como tia Ana do grão
gerava o café
Trituro esta dor
e faço cerol
para untar a linha
que nos partirá.
OFERENDA
Venho te oferecer meu coração
como o cansaço se oferece aos amantes
o suor aos corpos exaustos
depois de definitivo abraço
Venho te oferecer meu coração
como a lua se oferece à noite
e o vento à tempestade
Venho te oferecer meu coração
como o peixe se oferece à captura
no engano do anzol
TORRES DA SÉ
Garças altivas beliscam
o céu
sangram estrelas
que se desfazem em luz
noites azuis
de maré alta
orquestram hinos e preces
minha cidade faz
o sinal da cruz
adormece
Extraído de A POESIA MARANHENSE NO SÉCXULO XX (antologia). Organização, introdução e notas de Assis Brasil. Rio de Janeiro:Imago ed.; São Luis: SIOGE, 1994. p. 267-272
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