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Foto> http://www.producaocultural.org.br/

JOÃOZINHO RIBEIRO


“Joãozinho é o poeta da vida, dos becos e das bandeiras. Amigo da arte, filho da cultura, irmão do tempo. Tem perfil de Desterro e me mostrou que a diferença entre história e causo está na importância da bandeira que se carrega”.  CLÁUDIA LOBO

João Batista Ribeiro Filho nasceu em 19 de abril de 1955, no bairro da Coréia, na inconfidente rua 21 de abril, em São Luís, predestinado a lutar pelo decoro da arte maranhense. Com os pais, o feirante João e a operária têxtil Amália, seguiu as trilhas arrasadas pela guerra da sobrevivência: Diamante, 18 de Novembro, Cavaco e Desterro. (www.guesaerrante.com.br) 

 

De
RIBEIRO, Joãozinho.
Paisagem feita de tempo. São Luis do Maranhão: 2006.  102 p.
ilus.  Composto pela Dupla Criação em fonte Garamond, corpo 11.  Diagramação: Beto Nicácio, acompanhamento gráfico de Wilson Martins. Capa de Beto Nicácio. Ilustrações de  Érico Junqueira. Foto da 4ª capa apresenta reprodução do diploma do Jardim de Infância de João Batista Ribeiro Filho. Formato  20x20 cm.  Col. A.M. (EE)

 

Sangrando

Lá no fundo insatisfeita
A voz
Da poesia assim desfeita
Rimando
Infeliz da própria sorte

(ah! Quantas pás de terra
Ainda cobrirão este corpo
Onde há cinquenta abris
Eu me escondo e me descubro ?)

Presença da morte ha sala
Flores cheirando a saudade
                   E um luto de quatro semanas
                   Mantendo as janelas fechadas
                   E os meninos proibidos de brincarem na rua.

 

De geração em geração,
Naquela casa
A vida se reproduzia.
Com seus rituais 
E a morte era um deles:
                            O luto traduzido
                            Nas janelas fechadas ou semi-abertas;
Denunciavam a hierarquia
Doméstica do atual defunto                                                               

         Beijávamos os pés dos mortos
         Para evitar as visitas assombrosas,
Nas noites, de escuridão,
Sob a forma de visagem            

Os anos verdes apodreceram
Dentro dos invernos que se sucederam
         Como bagaços decana nos alambiques da vida

         Povoando o existir
Escrito hoje
         Com letras feitas de tempo      

 

 

Página publicada em outubro de 2011


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