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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOÃO NASCIMENTO SOUZA

 

J0Ã0 NASCIMENTO SOUZA (Enes de Souza) nasceu em São Luís, no dia 2 de abril de 1960. E filho de Raimundo Laudelino Souza e Maria Eurenice da Conceição Souza. Em 1978 e 1979, participou de concursos de poesia no Festival de Artes da Escola Técnica Federal do Maranhão, obtendo o primeiro lugar. Tem a publicar dois livros de poemas: "Faceta" e "Poemas atrás da porta". E aluno do 29 período do Curso de Filosofia, na Universidade Federal do Maranhão.

Seu poema "Estio-tudo" foi premiado em 19 lugar no II Festival Universitário de Poesia Falada.

 

 

NOVOS POETAS DO MARANHÃO.  São Luis: Edições UFMA, 1981.  79 p    ilus   15 x 22 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

ESTIO-TUDO

... parai, romeiros   ... parai... vede o céu
—"silhuetas d'anjos negros" - negra flama
liquefeita?   não...    ê lama...   e lodo
é vau profunda...
cavemos, i cova doce... vida estação fecunda...
ave cristalina, vidros   luzes   lua nua lua
não. Bom dia - barriga cheia alegria
é agua   e chuva...
pulsante o peito em fúria tange pornografias
que todo verbo chore - grite em eco
olho em torno e um outro eco de um sangrar vazio
olho triste
sinto o sonho ainda quente em minhas mãos
e me lambendo a face em suor   como se em viva vida
fora feito
-onho... o chão é o mesmo chão estômago salitre - sal
o céu é a mesma luz... a noite... a noite logo ordena
ao dia tarde - apascenta o teu rebanho de mortos...
o sol... cáustico objeto da loucura   rasteja ao encontro
em sem fim
há pouco gladiava   e vencia e matava   e sorria...
luzia imune em espectros...
toe... toe... toe...      o coração
paciente
mesmo em chama ardente - lento manso...
ponderado - enfrenta o cansaço   na ordenha
de preces...
sarnentos menino e cão - filha gestante aos treze
e morte nas entranhas...
tudo estio...   tudo estio...   tudo estio... ...
mas e preciso   que alguém cante
e esse alguém é cigarra
que vai n'alma de cada formiga -   homem - formiga...
de viver e lutar em formiga   e cantar e morrer
em cigarra...
formulam-se teses - defende-se ao fio da espada o erro
e ainda havia mercenários   moedas   preços de vidas
explodindo em nada    e a cigarra    que tudo via
e sofria   no outro lado do mundo    num esperar
possível e viável   numa dimensão do cosmo estranhamente
chamada   ND - um no que deste      neste espaço rude
neste espaço caos eterno   tosco - nó
no que deste - nordeste... vertiginosamente mudo
untura da verdade corte em vias do
inclinar   delírio       labuta luta
em vão se debate...       e a formiga    é uma
cigarra impertinente
trabalhando -      também faz chiste -
escondida - oculta em qualquer canto além cantos
cactos desfigurados
explode faz-se grito     mais que a morte invencível
indomável - vida      bate... bate... bate a mesma tecla
mito de algum riso - o mesmo grito cigarra vindo
do estômago faminto - minto
da boca   sem qualquer ventura   ou dentadura
que a ventura destas tanto é pouca
nem sei o quanto têm de nada
um pouco e dissecado pão - verde tédio      antes tudo
fosse um aplainar de artérias   nestas gretas muitas...
e no varal...   finos tecidos - feitos finos pelo uso
e de abusar preciso   alguns pálidos - poidos?
todos    um sequer excluso...
e tu... tu moleque brincando de homem grande...
acaso esperas a morte numa faca? que te liberte a garganta
da gravata?
ou es imuneãplangência destes pes descalços?...
... já não basta esse sangue que
te encharca o rosto
e esta mísera geografia   convertida
em chagas pelo corpo
esses trapos humanos que espreitam ao longe
a metrópole carnívora
e os abutres que lentamente nela entram e saem de barriga
cheia   bocejando etéreas promessas...
longe... longe... muito além algum lembrar...
nasceu esta sede consumada em peixes esporádicos
o vento encabrestava nuvens - éguas sem mães e sem
nomes - sem normas para se formarem - apenas formas
deformadas...}
arvores na praça sacudiam o sujo do corpo   que após
muito vagar   caía no mar   ou numa   fabrica de papéis
- meu difícil papel mesmo sujo servia pra conter um verso
rude de protesto
e à noite... eu perdia horas e horas contando estrelas
contando... cantando... apontando...   pois cedo
descobri a inverdade dita acerca das verrugas
"berrugas" - como queiram -
outras tantas inverdades mais adultas
descobri      inda em criança!
mas não era o tempo e a vez de definir-me em buscas
e anseios
o futuro era uma distância sob cortinas de fumaça
pra não dizer sob luto...
luto...   luta...   eram tempos de lutas aqueles
não importava minha consciência a respeito...
eram tempos
de lutas... e eu peso   morto fui lançado de volta ao
estio        meus padroeiros dizimados
por não compartilharem da grande farsa
que se delineava como um "golpe de misericórdia"
ao sofrido pendão   auri-verde
... eu e a caótica vivência imposta na linha do descaso caminhando... tombando... com a vida enfiada
num bolso furado
Pela vida tombado... tombado e feliz
(?) – havia
uma esperança
a esperança na espera –
"A ESPERANÇA É A OLTIMA QUE MORRE" - mas morre... e
morreu

"QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA" - e se cansa... cansei
... cansei   embora não o permitisse esse oficio
canto eterno em cigarra...
porém foi mais que preciso essa revivência

                                                       malignificente
e essa cor indecisa perfurando a carne a cada tarde
agonizante

- essas tardes confusas - profusas - tardes de ausência-
quem sabe profanas - tardes de inclemência - um só
beneficio

trazendo incluso no escopo em sombra - a flama de uma ira
reacesa   revi - vida    saltando currais sem gado
sem barulho de mijada ou mugido   em plena ausência
de vida

ou estrume...

e as aves que partiram numa migração forçada - migração
tal vez sem pouso  mui
to menos com repouso se este não lhes
é eterno pela mão qualquer de um caçador
vassalo de seu próprio veneno

essas aves heroinas na verdade anônimas por imposição
da selva em que se perderam
sofrem a epidemia de gaiolas
que lhes fazem prisioneiras
em si mesmas

ao mundo onde pairam imersas e sem qualquer luzido...
neste porto horto

anfitriões de cromo e espelhos falsos

em reflexo de uma angústia imorredoura...

parai, romeiros... parai.,  vede o céu

a que vos serve este sonhar esquivo que o pensamento forja

nesta indústria   desmontada e lixo?

a que me serve o frio destas noites que apenas impele a
di ssol ver-me   nas entranhas
de minha porção oposta    que em dia coça o corpo
à noite deita e dorme   e se não ronca com certeza lhe
povoa a morte?...

Já que tendes vossa latência vinda em vermes

antes sejam os vermes de vosso chão - que mais famintos

um osso sequer deixarão   que sirva   a construção
de uma pseudo-
história   alicerçada em heróica trajetoria hermética
cicatriz que não tem cura   ante o engodo das palavras

que se abatem sobre o pão dormido   lhe enfeitam
o corpo   e calçam-lhe de mofo eadstringência... não...
não sobrara o vosso pó para essa história purulenta e             
flácida

alvo futurológico de um desdenhar em imodicos espasmos doutras bocas abastadas... não...
o pó de vossas vidas
terá sua morada eterna

sobre o vento numa brisa leve   apenas nuvem
pra diluir-se em tempestade amena

- vosso sangue

este sim –

infiltrar-se-á pela terra impotente

        numa tentativa materna de leite
trazer em presente a vida
por mais ínfima que seja -
mas real e viva

manifesta   em flor   - que não de cactos -
aprendiz de uma alvorada em espaço irrestrito...
e alguma cigarra recordando o cantar vencido

                                               verterá um pranto

qual rio nascente
nunca com retorno ao leito
num escorrer perene
arquitetando a espera sob queda
d'água

pra juntar-se aos lagos num anseio sólido e frio -
intemporal

pois   não conceberá qualquer medida para o tempo
como aquele velho trem nostálgico alineado às paralelas
trágicas

que só o trazem de volta totalmente vazio - onde o
condutor

é apenas mais um sonho místico   - objeto já quase
em desuso

futura peça de antiquário pobre - de braços
ave-abertos
em cruz   rumo ao sono opaco   que e gratuito e cala...
enquanto este silêncio é mudo    mas tem viço
a formiga continua o seu oficio

                        sob a terra - assim germina
punho em riste vertical   como se erguesse sua luta

                                                               aos céus

ameaçando esta mitologia sem razão suprema mas

                                                    moldada em luxo

- como um deus - talvez - que não se abate

        Mas terá que se curvar como em doença...
e quanto mais seja esta rosa erguida,
mais pró - vida   em vida

        nossa vida   será raiz augusta   de mãos dadas
- isso e luta! -

-       E AGORA E TUDO OU NADA! -

 

 

 

 

Página publicada em agosto de 2019       


 

 

 
 
 
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