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JOÃO DE DEUS DO RÊGO
Nasceu em Caxias, Maranhão, a 22 de novembro de 1867 e faleceu a 30-6-1902, em Belém do Pará – Primeiras Rimas, 1888, Últimas Rimas, 1905 e Numa Pétala de Rosa publicados postumamente. Deixou esparsos, em revistas e jornais dezenas de poemas, contos e fantasias.
RAMOS, Clovis, org. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. Ex. bibl. Antonio Miranda
Voltou... E tal como outrora
nos meus sonhos ainda vejo:
Nos olhos — a mesma aurora!
Nos lábios — o mesmo beijo!
Traz na trança o odor da murta,
do trevo e do resedá...
Já não usa a saia curta.
Oh! como crescida está!
Sob a leve musselina
ouço-lhe o seio a bater...
Como eu quis bem à menina!
Oh! como adoro a mulher!
Não sei o que sinto ao vê-la
dentro em minh'alma ansiosa,
com seus lampejos de estrêla,
com seus perfumes de rosa!
E fala: a fala me encanta!
Olha: que imenso fulgor!
Aquele vulto de santa
tem graças de beija-flor.
E vem, ó formosa louca,
mãe da minha inspiração,
tercetos de ouro na boca
e rimas em turbilhão
Dos seios tem espelhando
essa ventura sem par
da noiva bela ajoelhando
no sopedâneo do altar.
Aquela que tanto amavas,
dona dos olhos risonhos,
é quem à noite enviavas
a loira tribo dos sonhos.
Já voltou... Voltou agora,
ei-la aqui... eu bem a vejo!
Nos olhos — a mesma aurora!
Nos lábios — o mesmo beijo!
Página publicada em outubro de 2019
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