INÁCIO XAVIER DE CARVALHO
XAVIER DE CARVALHO, nascido em São Luis a 28/8/1871 e falecido no Rio de Janeiro a 17/5/1944. Bacharel em direito pela Faculdade de Recife, foi Juiz Substituto Federal no Maranhão. Magistrado, professor, jornalista e poeta — um notavel sonetista. Fundou, na Academia Maranhense de Letras, a poltrona n. 9, de Gonçalves Dias, e com o aumento das cadeiras do sodalício foi escolhido para patrono da de n. 37, fundada pelo poeta Ribamar Pereira.
Bibl. “Frutos selvagens”— São Luis, 1894; “Missas Negras”— Manaus, 1902.
MEIRELES, Mário M. Panorama da literatura maranhense. São Luis, MA: Imprensa Oficial, 1955. 255 p. 15,5x22,5 cm. “Mario M. Meireles” Ex. bibl. Antonio Miranda
[conservando a ortografia original]
Para traz
Quando um dia eu parti de alegre Ermida
Das minha puras ilusões da Infancia,
Esta alma toda a transpirar fragancia,
Nem presentio os transes da partida...
Andei... Um dia, a estremecer com ancia,
Pondo os olhos na estrada percorrida,
Vi meus Sonhos cahindo de vencida,
Apagados nas brumas da distancia...
E eu quiz ir para traz, num doudo assomo...
Ah! mas toda a extensão da estrada encalma
Via-a entulhada por montões de escombros...
— Queres voltar, meu coração, mas como?
Se tens tantos Vesuvios dentro d’alma
Em um milhão de Termópilas nnos hombros?
(“Missas negras”) – X. de Carvalho
MELLO, Anisio. Lira amazônica - Antologia. Vol. I São Paulo: Edição Correio do Norte, 1970. 286 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
PARA TRÁS
Quando um dia eu parti da alegre Ermida
Das minhas puras ilusões da Infância,
Essa alma toda a transpirar fragrância
Nem pressentiu os transes da partida...
Andei... Um dia, a estremecer com ânsia,
Pondo os olhos na estrada percorrida,
Vi meus Sonhos caindo de vencida
Apagados nas brumas da distância...
E eu quis ir para trás, num doudo assomo...
Oh! mas toda a extensão da estrada incalma
Vi-a entulhadas por montões de escombros...
— Queres voltar, meu coração, mas como?
Se tens tantos Vesúvios, dentro d´alma
E um milhão de Termópilas nos ombros?
(“Missas Negras”, Liv. Universal, Manaus, 1902)
NOIVAS MORTAS
Essas que assim se vão, fugindo prestes,
De ao pé dos noivos, carregando-os n´alma,
Amortalhadas de capela e palma
Em demanda dos paramos celestes
Essas que, sob o horror que a morte espalma,
Vão dormitar à sombra dos ciprestes
Em demanda dos paramos celestes
Amortalhadas de capela e palma;
Essas irão aos céus, de olhos risonhos,
Por entre os Anjos, pelas mãos dos Sonhos,
De asas faflando em trêmulos arrancos,
De Alvas Grinaldas pelas tranças frouxas,
De olhos pisados e de olheiras roxas,
Todas cobertas de Pecados Brancos.
(Op. Cit.)
Página publicada em abril de 2016; Página ampliada em novembro de 2020
|