FRANCISCO TRIBUZI
Francisco José Santos Pinheiro Gomes usa o apodo Francisco Tribuzo, a exemplo de seu pai Bandeira Tribuzi. Nasceu em São Luis do Maranhão, em 24 de janeikro de 1953. Autor do livro Verbo Verde (1978), além de participar de antologias, como Hora de Guarnicê.
Sina
A gente grita, corre, sufoca e morre.
A gente canta, encanta, explode e pára:
A gente avança, recua, esbarra na rua.
A gente ama, trai, reclama e caí.
A gente come, some, chora a fome.
A gente ganha, sonha, acorda, esvaí.
A gente cala, fala, escala e crê.
A gente reza, preza, é preso. E a fé?
A gente é medo doente da própria gente.
Momento-interno
No ar o sentido do mistério
Em mim essa dor sem remédio
No vago um momento sério
Na vida esse inconfundível tédio.
Qual de mim já foi quem em outras era(s)
Um navegar de azul me influiu quimera(s)
Que em ser outra vida talvez dessa invertida
Hoje a sinto perdida.
Se sinto a impressão que já vi outro céu que não esse:
Manchado, escurecido
Que andei por ruas-rosas distâncias formosas me hei
Esquecido? .. .
Onde estão meus antigos pensares?
Noutros céus? Noutros mares?
Que hoje só guardo pesares
A que distância de mim me encontro?
... (?) Sinto as canções do meu caminho
Por que esa tristeza de eu ser outro
Perdido no vácuo, sozinho
Que madrugada guardou o meu perfume?
Que a manhã sempre me esconde
Existência gastando o que o ser assume
No aí sem resposta, onde?
(Verbo Verde,1978)
o museu e a ponte
Lá dentro guardam-se histórias...
Aqui fora a ponte guarda em segredo
os vultos que adentraram as glórias
e as memórias dos gestos sem medo.
De cada ângulo vista
como que a jorrar passado
a ponte em si despista
o conteúdo sonhado.
E o que ela inspira:
estética e formusura
traduz o belo que delira
em gesto e arquitetura.
Poetando
Eu faço versos como quem
conserta sapatos
não como quem comanda uma empresa.
São tão simples os meus atos
como simples é a natureza.
Eu faço versos com pureza
não vou além da surpresa
que me inspiram os relatos
mas vou além do que sinto
eu faço versos não minto
e fazer versos é amar.
(Tempoema/inédito.)
UMDEGRAU –uma revista na margen d´arte. No. 0 – setembro 1989. São Luis, MA.:
Marinálida Oficina da Imaginação, 1989. Edição e produção: Hentique Bois,
Joãozinho Ribeiro, Sérgio Castellani, Solange Bayma, Zeca. Ex. bibl. Antonio
Miranda.
Página elaborada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda, publicada em novembro de 2008. Página publicada em junho de 2019.
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