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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



DILERCY ADLER

 

Dilercy Adler nasceu em São Vicente Férrer em 1950. Psicóloga, é Mestre em Educação e Doutora em Ciências Pedagógicas pelo ICCP / Cuba. Atualmente, é professora da Graduação e Pós-Graduação da Faculdade Cândido Mendes do Maranhão – FACAM.

 

Como escritora, Dilercy Adler tem publicado os livros Crônicas & Poemas Róseos Gris (1991), Poematizando o Cotidiano ou Pegadas do Imaginário (1997), Arte Despida (1999), dentre outros trabalhos de igual importância. Foi organizadora da Exposição e editora do livro Circuito de Poesia Maranhense, sendo a atual presidente da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão – SCL/MA. Confira abaixo um dos textos da autora, contidosno seu novo livro de poemas.

Fonte da biografia: www.jornalpequeno.com.br

 

 

Mulher

 

Corpo desnudo

sob os lençóis

de cetim

pele sedosa

e incandescente

contornos perfeitos

sob medida

para a gratificação

de olhos ávidos

braços vigorosos

e boca sedenta

de paixão!

 

 

Homem

 

Massa de músculos

e força

quanta potência

emana do teu corpo

teu corpo

que me entontece

estremece

enlouquece

mas também

enternece

com teu doce jeito de ser

menino

 

Negação de si

 

Ela sonhou

sendo beijada

por um estranho

beijo ardente

impregnado de desejos

tamanhos...

desconcertantes[

 

ela se flagra

olhando um homem

elegante que passa

e que perpassa

nas entrelinhas do seu porte

desejos irreverentes!

 

ela se compara

com a mulher "séria" que é

sem desejos

sem anseias

sem defeitos

"perfeita" até demais

moldada para ser

propriedade apenas

e nada mais

e aí se envergonha

se apavora

nega a si mesma

e tenta esquecer!

 

(Crônicas & Poemas Róseos-Gris, 1991)

 

 

COBRANÇA

 

Cobro-te

cobras-me

cobra venenosa

com veneno fatal

cobro-te

quando me cobres

com teu corpo

enroscado

tipo cobra

no meu corpo

intumescido rígido sensual

 

 

Poema

 

... Fala, poeta, por ti e por nós

a palavra de amor

por sob os lençóis

a palavra benigna

que não fere jamais,

a palavra da vida

que lava a ferida

tantas chagas de dor.

Fala, poeta,

palavras, palavras

em rimas de amor!

 

 

SEDUÇÃO

 

Sapato alto

vermelho

preto

azul turquesa

quanta beleza!

 

sapato alto

pés pequenos

pernas torneadas

quadris a balançar

languidamente

no ritmo do seu caminhar!

 

bela cena

de Eva a Maria Madalena

que não merece censura

ou outra pena qualquer

é de fato uma bênção feminina

feminíssima

bênção à mulher...

 

Sapato alto

vermelho

preto

azul turquesa

quanta beleza!

sucessão de sutilezas

sutilezas de sedução

só para chegar

avassaladoramente

ao coração masculino

ao coração de todo e qualquer Adão!

 

 

 

LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO  ESTADO DO MARANHÃO.   Dilercy Adler, org. São Luis: Estação  Produções Ltda, 1998.  108 p.  Capa: Carranca – Fonte d

o Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil        Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

ATROPELAMENTO

 

As palavras fogem
escorraçadas
escorregam
pelo canto frio da boca
amordaçada
trânsito engarrafado
calor quarenta graus
transpiro sangue
vermelho forte
engasgo
rasgo o risco
que me foge
palavra atropelada
morre no asfalto!

 

 

MULHER DE PEDRA DE CHICHEH – ITZA

 

                   A CELIA MANCILLAS PILERCY APLER

 

 

A mulher de pedra
deitada nua
exposta ao pôr-do-sol
posa inadvertidamente!

 

a mulher nua na pedra
pede esmolas

migalhas de carinho
incansável
inutilmente!

 

a mulher de pedra nua
gélida dura
deitada sob o infinito
espera infinitamente!

 

a mulher de carne e a de pedra

         se confundem
no eterno desejo se quedam

         paralisadas de desespero
simplesmente esperam!

 

 

 

MISTURA DE PELE

 


a pele
escura
a pele
branca
a pele
a brancura

 

a loucura se mistura

        na pele
por séculos e séculos

 

pela fresta da janela
vejo a pele
que reflete
a luz do teu sol
luz amarela
na pele escura
dourado sem igual
sobre a minha brancura


 

         nua!

 

 

 

CONTRASTES

 

 

Pássaro branco

        na noite escura

                da cidade em transe
voa

 

trânsito neurótico
narcótico ilógico
da ponte absurda
navega nesse vôo

 

paz entalhada
em cada detalhe
desse vôo noturno
encobre o entulho da ponte
e revela o aveludado vôo
que se inicia!

 

 

 

RELICÁRIO

 

Lembranças
enleadas
de linho verde


 

       momentos     
fortuitos
de felicidade

Tesão tecido
em seda
amalgamado
pelo tempo tão lento
loucuras
lacradas
                  relicário!
 

 

 

POETAS E ESCRITORES BRASILEIROS. Antologia. Clério José Borges (Org.)   Vitória, Espírito Santo.  Editora Canela Verde, ACLAPTCTC, 2020.  290 p. ilus.
ISBN 978-65-991059-9-0-6     No. 10 898
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda

 

              ESCRIBA
 
      
Leio nas linhas do tempo
       tudo que escrevi
       nas noites de solidão
       nos domingos de praia e sol
       na festa embalada por uma canção
       na voz de uma criança que eu vi
       acompanhada de um único violão...

       escrevo ainda hoje
       continuo a escrever
       ininterruptamente
       não posso parar
       e intempestivamente
       escrevo nas linhas
       tortas
       retas
       e curvas à minha frente...
       escrevo algo novo
       — inédito —
       às vezes repito o velho
       do espelho
       que me mostra
       as rugas do dia
       que se despediu inerte!

        às vezes escrevo sobre restos
        do que me sobrou
        do dia esquálido
        do ano que se foi em vão
        daquela noite especial
        de natal
        ou dos dias e dias
        de um folião
        bailando sozinho no salão
        daquele triste carnaval!...

        aí paro numa quarta-feira de cinzas qualquer
        e olho ao redor de lado a lado
        procuro na esquina
        perscruto o prescrito
        e não encontro nada
        não encontro mais também...

        continuo procurando
        continuo querendo ver
        não importa muito o quê
        só para  continuar a sina
        a sina solitária
                    — mas cortês -
                              de escrever!...


          
ANTES QUE SEJA TARDE

           Acorda e vê!
           não apenas o que desejas
           mas
           — de fato o que existe —
           mesmo que seja triste!
           acorda e vê
           abre os olhos e vê!
           a perfídia
           o egoísmo
           a inveja e a ambição
           mesmo quando o que desejas
           seja a igualdade
           a felicidade
           e a união...
           acorda e vê!
           quem diz amar seu país
           quando de fato — não ama —
           quer só poder — o infeliz —
           e o povo fica a sofrer
           acredita no que ele diz
           obedece
           aplaude
             defende
           e esquece

           o que não devia esquecer
           a panela vazia
           a fome corrosiva  
           a doença sem remédio
           a morte antecipada
           sem assistência...
           sofrida
           a casa que desaba dia a dia
           e soterra corpos
           sonhos
           enterra a alma na lama
           que o dinheiro venceu.
           acorda e vê!
           abre os olhos e vê!
           quem a guerra incentiva
           para usar foguetes
           ogivas
           e grandes lucros obter...
           abre!
           — abre mesmo logo os olhos —
           vê quem só ama a sua vida
           e para vida dos outros não liga
           pode ser aniquilada
           pode acabar na rua
           e morrer!
           morrer de fome
           morrer de tédio
           morrer de ódio
           que vitimiza!
           acorda e vê!
           abre os olhos e vê!
           a bala direcionada
           ao coração de quem se ama
           e quer muito
           muito viver
           mas
           termina morrendo envenenado
           por agrotóxicos vorazes
           morre à mingua
           afogado em mentiras
           sem conhecimento algum...
           a vida morre
           acaba na rua
           sem paz
           sem lua
           sem poesia alguma!

        

EPITÁFIO

Joguem as minhas cinzas do alto
para que eu possa dar o meu último voo...
— como o da Águia!

joguem as minhas cinzas do alto
para que eu possa dar o meu último voo...
 — voo de Águia!...

joguem as minhas cinzas do alto
para que eu possa ­— como a Águia —
contemplar
do infinito azul
o verde azulado
do planeta que tanto amo!

joguem as minhas cinzas do alto
para que se espalhem no infinito
e marquem a minha finitude
inaceitável!

Joguem as minhas cinzas do alto
para que eu possa continuar
contemplando
sonhando
      perdoando
                esperançando
                   abençoando
                    —amando!...

joguem as minhas cinzas do alto
para que eu possa continuar voando!...


 

Página preparada por Zenilton de Jezus Gayoso Miranda e publicada em outubro de 2008. P; página ampliada em outubro de 2019



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