DA COSTA SANTOS
José Maria da Costa Santos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, em 7-2-1916. Melancolia, 1935. Oceano perdido, 1933. Poemas da terra e do mar. Organizou, também, algumas coletâneas – A mulher na Poesia do Brasil, Jóias da Poesia Mineira e Nosso Senhor e Nossa Senhora na Poesia Brasileira.
Vem, poesia
Vem para mim, de leve, na surpresa,
das veredas do amor indefinido,
que te cinge a cabeça, com leveza,
através do caminho percorrido.
Vem para mim, do azul da natureza,
ou desse mar chorando arrependido;
põe o teu manto feito de tristeza,
veste de luz o tempo já perdido.
Vem para mim, velada de mistérios,
flor dos Jardins lunares de Verona,
lua de amor vestindo os hemisférios.
Eu te darei a glória do renôvo:
- vem para mim, nos braços da Madona,
"Estrela da Manhã", "Rosa do povo!"
Pelo alto mar
Longe, pelo alto mar, onde a ave não se aninha,
rasgando os escarcéus da noite de áureos brilhos,
singra silenciosa a doida nau que é minha,
pesada de saudade e bambos amantilhos.
Um marinheiro canta e no convés caminha,
na loucura do mar olhando os tombadilhos,
para não sossobrar, sob a onda marinha,
essa nau que deixou para traz longos trilhos.
Velas brancas de luz no oceano, altaneiras
enfunadas de vento, ao clarão das estrelas,
tendo no mastaréu o pano das bandeiras...
Toda a glória de amar, em sonhos rosicleres,
revive no pavor dos homens das procelas
e se afoga em canções no beijo das mulheres.
Soneto do retirante
(À D. Sara Lemos Kubitschek)
Existe em mim um mal que me consome:
é ver o retirante, no abandono
da terra de que foi senhor e dono,
deixá-la castigado pela fome.
Existe em mim a dor, que não tem nome,
- fogo rubro do sol no triste outono -
dor de quem já perdeu a paz do sono,
cavando a terra seca, sem renome.
Eu vejo assim o bravo nordestino
partir chorando, na aventura louca,
cumprindo as ordens do Senhor Destino!
Deixando tudo na aridez do norte,
Maldiz os homens, pela fala rouca,
e caminha sofrendo para a Morte!
(Oceano Perdido/1952)
RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhensess) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Quando te ouvi ao piano,
numa música em surdina,
eu me senti mais humano,
por te sentir mais divina.
Veleiros da minha terra,
do velho espelho do mar,
vós sois os donos do mundo
nas ondas a velejar!...
Uma noite sem estrelas,
pelos meus ternos caminhos ...
Minha vida é das roseiras
bem circundada de espinhos...
A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos. Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948. 291 p. 14x18 cm. Capa de Delfino Filho.
Ex. bibl. Antonio Miranda
BALZAQUEANAS
Vós que viveis, mulheres de trinta anos,
Sob a chama do amor, em labaredas,
Tendo convosco a glória e os desenganos,
Na doçura ideal das tardes tredas...
Ó vós que sois as belas dos arcanos,
Como um sonho de luz nas alamedas,
Tendo na alma a beleza dos oceanos
Onde quilhas abriram mil veredas.
Levando aos céus a glória de Balzac,
Na exaltação da dor e da paixão
Na volúpia amorosa de Bilac.
Balzaqueanas do meu encantamento,
Como vos quero, pelo coração,
Como vos amo, pelo sofrimento.
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/maranhao.html
Página publicada em setembro de 2021
Página preparada por Zenilton de Jesus Gayoso Miranda, publicada em setembro de 2008. Metadados: metapoesia.
Página ampliada em outubro de 2019
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