ANTONIO COSTA GOMES
Nasceu em São Luis, em 9-5-1880 e faleceu aos 26-12-1916. Pâmpanos, 1903, Alabastros, 1909, Gonçalves Dias, Poemas do Campo, este último inédito. Elogiado por Antonio Lôbo em Os Novos Atenienses. A exemplo de Trajano Galvão, retirou-se para o campo, a cuidar da terra, daí muitas poesias suas inspiradas na vida simples do sertão.
RAMOS, Clovis. Minha terra tem palmeiras... (Trovadores maranhenses) Estudo e antologia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1970. 71 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Teus olhos negros, na face
De jaspe, causam delírio;
É como se a gente olhasse
Dois melros dentro de um lírio!
A boca pequena e fina
Não sei pintar, nem de leve!
— Talvez, por graça divina,
Surgisse um coral de neve...
A cabeleira dourada,
Em caracóis pelos flancos,
Comparo-a à fulva latada
Coberta de cravos brancos.
Na voz, que sonhos diversos
Empresta às almas saudosas,
Tem a harmonia dos versos,
Tendo as fragrância das rosas.
Se em nívea flor um besouro
Faiscante avisto, áurea abelha,
Cuido ver um brinco de ouro
Na concha de tua orelha!
Os pés — algoz das verbenas —
Sempre em floreios, girando,
São duas ágeis, pequenas
Pombas de arminho, arrulhando...
Na memória fiel, a cada
Momento te ouço os arpejos
Dos guisos da gargalhada,
Das castanholas dos beijos!
A língua, que nunca exangue
Se mostra, e sibila, e estala,
É um pássaro cor de sangue
Numa glória de opala!
Página publicada em outubro de 2019
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