CELSO BORGES
De
Celso Borges
BELLE EPOQUE
s.l.: Pitomba G, 2011?
s.p. ilus. Inclui CD Quase
ISBN 978-85-905917-2-6
Belle Époque é o terceiro livro-CD poeta lançado pelo artista. A trilogia começa com XXI (2000) e prossegue com Música (2006). Nesses trabalhos, Celso Borges faz referências que vão da música popular brasileira às experiências sonoras de vanguarda e dialoga com mais de 50 compositores e poetas brasileiros, entre eles Chico César, Vitor Ramil, Zeca Baleiro, Assis Medeiros, Ademir Assunção, Rita Ribeiro, Sérgio Natureza, Ceumar, Micheliny Verunschk e o DJ Otávio Rodrigues.
Poeta, jornalista e letrista, Celso Borges viveu 20 anos em São Paulo e voltou a morar em São Luís em 2009. Parceiro de Chico César e Zeca Baleiro, entre outros, além dos livros-CDs, possui cinco livros de poesia publicados: Cantanto (1981), No Instante da Cidade (1983), Pelo Avesso (1985), Persona Non Grata (1990) e Nenhuma das Respostas Anteriores (1996).
Nos últimos seis anos, Celso Borges tem levado a poesia para o palco com os projetos Poesia Dub, que desenvolve com o DJ e pesquisador Otávio Rodrigues, e A Posição da Poesia é Oposição, com o guitarrista Christian Portela. Eles já se apresentaram no Tim Festival (SP-2004); Baile do Baleiro, do compositor Zeca Baleiro (SP-2004); Festival Londrix (Londrina-2006); Catarse (Sesc Pompéia-2009) e Projeto Outros Bárbaros (Itaú Cultural, SP- 2005 e 2007). Celso Borges tem poemas publicados nas revistas de arte e cultura Coyote e Oroboro e já ministrou oficinas de poesia em São Luís, Imperatriz (MA) e Palmas (TO). Atualmente, apresenta na Rádio Uol o programa Biotônico ao lado de Zeca Baleiro e do DJ Otávio Rodrigues, além de editar a revista Pitomba, ao lado dos escritores Reuben da Cunha Rocha e Bruno Azevedo.
O livro traz como encarte o CD Quase, em que o autor apresenta o silêncio como “resposta” ao barulho e à fúria do mundo moderno. O projeto gráfico é de Andréa Pedro, responsável pela identidade gráfica dos discos lançados pela Saravá Discos, selo de Zeca Baleiro.
urbano
a tv ligada dá bom dia
o site cedo me sitia
e o vento vadio ventania
no nu dilatado
da vida vazia
tudo
todo tempo parece em harmonia
o carro, o cão, o mar, o morro, o rato, a rodovia
só a vida, quase morta
viva !
passa secundária
se revelando à revelia
FRANKESTEIN PELO AVESSO
mea culpa
falo blasfemo grito
como se tudo já tivesse sido dito
em vão
palavras loucas ouvidos moucos
eu sei
do céu ao chão
do sol ao léu
o réu sou eu
Livro e CD enviados pela autor com o autógrafo: “p/Antonio Miranda, a fúria e o silêncio deste Belle Époque abraço Celso Borges BSB 2011” Fica aqui o registro e o agradecimento!!!
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Antonio Celso Borges Araujo, poeta maranhense, nascido em 1959. No Instante da Cidade (1983), Pelo Avesso (1985), Persona Non Grata (1990) e Nenhuma das Respostas Anteriores (1996) e Cantanto (1981) são, na opinião do próprio autor, suas obras mais representativas. XXI é uma antologia com um CD gravada com amigos – Chico César, Rita Ribeiro, Zeca Baleiro, entre outros, de onde extraímos os seguintes poemas. Recomendados por amigos e inimigos... Admirável.
De
vinte e um: poemas de celso Borges
São Paulo: A.C.B. Araujo, 2000
benção
tua benção, poesia
em nome do pai
do filho
e do espírito
canto
pária
somos poucos
cada vez menos
somos loucos
cada vez mais
somos além
dessa matéria óbvia
que nos faz dizer
— tá tudo bem.
natureza viva
a fruta cai do galho
não tem prato embaixo
não tem mesa
não tem chão
invento a fruta amassada
em
pleno
vôo
declaração inteira
tenho dez almas:
uma de carne
onde me exponho aos instintos.
a segunda entrego ao zelador
par que o espanador a inflame.
a terceira
quarta
quinta
sexta
sétima
oitava
entrego-as à mulher amada
para seu domínio completo
a nona carrego comigo
para sustentar o que de solidão exala
a décima
o que sobra dessa solidão
haroldiana
de fato uma fada faz parte de uma história malcontada
deum conto do vigário fadado a ter seu fim otário
de fato uma fada é uma falácia
uma flor a mais do lácio despetalada
um sino no exílio um idílio
por quem os signos dobram em delírio
de fato tudo é tudo
quase nada
noves fora fada
mishina urgente
sol
— o caroço da vida —
nem arte nem desarte:
desastre.
só assim nasço: aço
um corte pra morte
primeira garantia:
verexistir paralém da palavra.
punk
a pomba da paz não quer mais migalhas
todos os atos são a partir de agora
instrumentos de força e vício
there is no future
declaro findo os elementos de cortesia
nenhuma concessão de praça ou perdão
na palma da mão napalm
eis a urgência da estética de guerra
now
o sucesso do amanhã é um comércio
que desconheço como poeta
não me cabe exercitar a beleza do futuro
ou colorir utopias quase sempre alheias.
eis o preço que pago por trazer comigo
o presente em estado de emergência.
a posição da poesia é oposição
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De
Celso Borges
MÚSICA
Curitiba: Editora Medusa, 2005
Com um CD musical
ISBN 859059171-9
Faixa 5
DIALÉTICA
são Luis:
segundo movimento
blasfemam as fanfarras de súbito mudas
nos ouvidos marcando a pancada da terra.
esta é tróia!, o vigésimo século em tróia
(nauro machado)
cidade dos azulejos
ilha cercada de inveja por todos os lados
na cabeça da serpente: inveja
no chifre do touro encantado
nos lençóis do rei dom sebastião
na carruagem de ana jansen: inveja
nos bobos da corte de luiz XIII
no moustache de la touche, sr. de la ravardière: inveja
nos restos mortais do coronel de milícias Joaquim silvério dos reis
enterrado na igreja de s. joão, em 1819: inveja
nos leões do palácio dos leões
nos domadores: inveja
no riso amarelo dos bajuladores
nas pedras de cantaria roubadas: inveja
nos azulejos portugueses de decalque
nos falsos batuques de butique dos boizinhos de enfeite: inveja
cidade dos azulejos
ilha cercada de recalques por todos os lados
na torre do desterro
no beco da bosta
na boca do boqueirão
na forca do bequimão: inveja
no sino da sé às seis
no hino de bandeira tribuzi
na classe média de merda: inveja
nos fulanos de tal, donos dos danos
nos poetastros, beletristas de chás e ceias
nas praças de alimentação dos shoppings
nos desfiles de moda do sofitel
nos cartões postais do aeroporto do tirirical
nas duzentas colunas sociais de cada jornal: inveja
nos 30 dinheiros dos iscariotes ilhéus
ó cidade minha, paria da alma
esse corredor de ecos de buzinas pútridas,
esse vai-e-vem de carros sem orfeus por dentro
(nauro machado)
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Faixa 16
[São Luis]
CIDADE DOS AZULEJOS
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cidade dos azulejos
ilha minada de lodo por todos os lados
nos mirantes rachados
nos casarões desabados da praça joão lisboa
nos condomínios fechados da cidade nova
nos outdoors da avenida dos holandeses
nas cadeiras, poltronas do teatro artur de azevedo
na litorânea que ri do mar à sua frente
nos olhos d´água da praia de olhos d´água
na correnteza do anil, o tejo d´aldeia
nas carreiras de cocaína que entopem as ventas do renascença
nas carrancas do ribeirão que vomitam eternamente
nos corredores das galerias por baixo da cidade
na foz de fezes do bacanga palalém do barro e da barragem: invej
na rua da inveja
cidade dos azulejos
tu, Jocasta linda; tu, putana,
não vou furar meus olhos, ilha
filha dos aflitos
não vou matar o pai numa encruzilhada
tu, fada falha
tu, ilha palha
olho de cego na ponta da agulha
athenas brasileira pulha
apenas
tu, doce maldita, miséria equatorial
carne de minha alma
alma de minha carne
tu, princesa, bibelô sobre o atlântico
tu, dama, daminha, damá-la haverei por toa a vida
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BORGES, Celso. Nenhuma das respostas anteriores. São Paulo: A.C.B., 1996. Projeto gráfico: Hiro Okita. Ilustrações de Fernando Mendonça. Col. A.M.
D I V E R S O
nasce vário e lírico o poema que faço sem farsa futura
poema sífilis de difícil traço em catarse minha iluminura
poema vil pois solitário pus exato flor-de-lis impura
nasce útil e farto o veneno que caço em noite escura
poema vício dando voz à vida minha dor açoite e cura
poema foz fel fogo desde o início até sua embocadura
BORGES, Celso. Persona non grata. São Paulo: Edições Guarnicê, s.d. 14x21 cm. Ilustração: Fernando Mendonça. Programação visual: Paulo Coelho. Autografado em 1991. Col. A.M. (EA)
difícil separar o corpo do corpo
levar teus seios para casa
desparafusar o ventre
fazê-lo objeto de minha mesa de cabeceira
difícil teus dentes como colar
esse o limito do desejo
e seu fracasso
DELÍRIO
BORGES, Celso. O Futuro tem o coração antigo. São Luis, MA: Pitomba, 2013. s.p. 21x14,5 cm. . ISBN 978-85-905917-3-3 Projeto gráfico: Luiza De Carl. Fotos de São Luis tomadas pelos alunos do Curso Técnico do Instituto Federal de Educação, Patrocínio: CEMAR, Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Ciência e Tecnologia (MA). Governo do Maranhão SECMA/SEFAZ. Capa de cartolina dura.
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ARAUJO, Antonio Celso Borges, 1959 - Vinte e um : poemas de Celso Borges. Ensaio fotográfico Eduardo Julio. Projeto gráfico Fábio Bosque Ruy. Produção gráfica: Ailton de Oliveira. São Paulo: A.C.B. Araujo, 2000. CDD 869-915 98 p. ilus. p& b. 19,5 x 20 cm.
Inclui um CD, com Trilha sonora. Celso Borges / Décio Rocha / etc.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
O autor (Celso Borges) escolheu poemas de seus livros anteriores e escolheu 21 poetas do Maranhão, entre eles José Chagas, JZeca Baleiro, Nosly, Rita Ribeiro, Chico César, etc para as gravações...
Escolhemos 4 poemas para esta apresentação do livro, limitando-nos à versão impressa, sem ousar ir mais longe, às vozes gravadas.
Somente com o livro e o disco na mão é possível compartilhar dessa
gravação tão espetacular. / Não conheço pessoalmente o autor, meu conterrâneo maranhense... Antonio Miranda
Página publicada em abril de 2008; ampliada e republicada em janeiro de 2010, ampliada em setembro 2014 |