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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

CARVALHO JÚNIOR

 

 

Maranhense da cidade de Caxias, conterrâneo de Gonçalves Dias e Salgado Maranhão, o professor e poeta Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, vencedor do Troféu Nauro Machado no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (FESTMACPO) promovido pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), publicou os livros de poemas "Mulheres de Carvalho" (Café & Lápis, São Luís, 2011), "A Rua do Sol e da Lua" (Scortecci, São Paulo, 2013), "Dança dos dísticos" (Editora Patuá, São Paulo, 2014) e "No alto da ladeira de pedra" (Editora Patuá, São Paulo, 2014). Membro da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA), é um dos organizadores do "Encontro de Poesia Na Pele da Palavra" e faz parte do coletivo de autores alternativos "Academia Fantaxma". Tem poemas publicados em antologias e revistas literárias nacionais.

 

 

 

JUNIOR, CarvalhoNo alto da ladeira de pedra.   São Paulo: Patuá, 2017.   84 p.  14x21 cm.  Ilustração, capa: Leonardo Mathias. Editor: Eduardo Lacerda.  Edição de 100 exs.  ISBN 978-85-8297-382-0  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

A dança mística das sementes vermelhas no meio-fio da vida

 

para tomar no cuspe da índia o segredo dos assobios dos pássaros das cercas de enganos da infância. para me juntar ao abandono dos umbigos dos riachos mortos. para correr nu pelos paralelepípedos da rua Santa Cruz em finais de semana de solidão chuvosa.

 

para ouvir tua bolsa pele de serpente bárbara declamando Shakespeare e destelhando a abóbada celeste na explosão de orgasmos. para me esticar na grama que acolhe os alfabetos sentimentais das minhas origens.

 

para rasgar nas unhas do arame os calos de sangue dos pés dos meus fantasmas. para me desconhecer e me matar quanto possa da companhia dos punhetas incrédulos sem fome de travessia.

 

escrevo para ver meus abismos se equilibrando na dança mística das sementes vermelhas no meio-fio da vida na volta para o ninho invisível.

 

 

 

Na cabeça do mundo

 

quero desabar sobre a cabeça do mundo,

explodir meus fracassos no cotovelo do abandono.

 

quero desabar sobre a cabeça do mundo,

ficar ao lado daquele cavalo morto na entrada da cidade.

 

quero desabar sobre a cabeça do mundo,

fundar doze novos tristes jardins no seio da silenciosfera.

 

quero desabar sobre a cabeça do mundo,

gozar no íntimo de uma folha de palmeira da língua vermelha.

 

quero desabar sobre a cabeça do mundo,

festejar a pedra, a queda, a ferida e a utopia.

 

 

 

Na língua do luar

 

na arapuca do teu sexo,

cavalgo entre unhas-de-gato.

 

a pele rasga, explode e grita!

 

os espinhos me adentram o corpo,

batizam com sangue, suor e uivos

— na língua do luar —

esse desejo inflamado e intamanhável.

 

na travessia dos maranhões de silêncios,

com os pés assentados

sobre a grama invisível do abismo,

 

meu cavalo bebe em teu umbigo

o mergulho ígneo-musical-dançante

no rio do delírio e do gozo.

 

 

 

No relevo indigno da minha lápide

 

se eu tenho um chão

desses para os quais se inventam

hinos e outras pompas de maldizer,

fica abaixo da cintura de uma flor de cemitério

dos entrenós feridos

em que as borboletas acrobatas se distraem

nas manhãs de visita aos mortos desconhecidos.

 

quando a caçula da família destroça a cabeça

do último bailarino sem sombra

e rasga com vidro sujo de sangue

o corpo sem tinta da flor,

 

lê no relevo indigno da minha lápide:

nunca nasceu tal como a sua pátria.

 

 

 

O rio e eu

 

uma folha duma árvore qualquer

dançava na corrente de águas,

flutuávamos o rio e eu

um no silêncio do outro,

até o instante em que mergulhamos

num voo de segredos dos silvos

dum pássaro de nome não revelado.

 

 

No alto da ladeira de pedra

 

cadeira, óculos, agulha...

no alto da ladeira de pedra,

vô Quirola remenda

as redes de pesca.

 

enganchos e tarrafas

do tempo, saudade é linha

que me abrange.

 

não me desprendo do pé

de amêndoa, campo-santo

dos meus ascendentes.

 

dormem aqui os peixes

nas cabaças, os pés

de puerícia, o balé

das petecas...

todos os meus cavalos

de palha.

 

 

 

  cadeira, óculos, agulha...

no alto da ladeira da pedra,
vô Quirola remenda
as redes de pesca.

enganchos e tarrafas
do tempo, saudade é linha
que me abrange.

não me desprendo do pé
de amêndoa, campo-santo
dos meus ascendentes.

dormem aqui os peixes
nas cabeças, nos pés
de puerícia, o balé
das petecas...
todos os meus cavalos
de palha.


 

 

 

Página publicada em junho de 2017; ampliada em julho de 2017


 
 
 
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