BERNARDO ALMEIDA
Bernardo Almeida foi o nome literário e jornalístico de Bernardo Coelho de Almeida, que nasceu em São Bernardo, MA., em 13 de junho de 1927. Em 1938, já estava em São Luís, como seminarista, no Seminário de Santo Antônio, de onde passou ao Colégio Maranhense dos Irmãos Maristas. Transferiu-se de São Luís para Parnaíba-PI e depois para Fortaleza-CE, onde continuou os estudos, tendo concluído o curso secundário, no Liceu Maranhense, em São Luís. Escritor, poeta, romancista e cronista. Jornalista, iniciou-se na imprensa, escrevendo no Jornal do Povo, tendo escrito em outros jornais como em O Imparcial, onde semanalmente assinava uma crônica na seção “Ponto de Prosa”. Atuou, também, nos jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno.
Suas crônicas, lia-as, em um programa da Rádio Difusora, ao meio-dia, “Difusora Opina”, em algumas delas escritas, para esse programa, pelo saudoso jornalista Válber Pinheiro. No Rio de Janeiro e em Volta Redonda, trabalhou na Companhia Siderúrgica Nacional. Em 1950, de volta a São Luís, participa da campanha política das Oposições Coligadas. Foi deputado estadual por três legislaturas, uma voz eloqüente na tribuna. Gerencia a Tipografia São José, em 1955, quando trouxe de volta ao público o jornal O Maranhão. Fundador da revista Legenda. Durante muitos anos trabalhou na Rádio Difusora e, posteriormente, na TV Difusora. Foi adido cultural na Embaixada do Brasil, no Peru, professor do Centro de Estudos Brasileiros de Lima. Presidente da Fundação Cultural do Maranhão, sub-chefe do Gabinete Civil do Governo João Castelo, membro do Conselho de Contas dos Municípios e da Academia Maranhense de Letras. Autor de livros como Luz! Mais Luz!, poesia; A gênese do Azul, poesia; Galeria, crônicas; A última promessa e Bequimão, romances; Éramos felizes e não sabíamos, crônicas.
Fonte da biografia e da ilustração: www.guesaerrante.com.br
Soneto do reencontro
A ausência que há em mim se transfigura
e mãos e em olhos súbitos no poço,
onde venho saciar, mais com ternura,
a sede do cismar outrora moço.
No fundo espelho a virgem prematura
desnuda-se e reveste-se em colosso;
e ao eco milenar que me tortura,
responde cada voz que já não ouço.
Oculta face pousa em minha face.
Não sei de onde ela vem, de que distância:
- se das raízes líquidas da pedra
ou se de mim, se do silêncio medra,
como a canção com que ressuscitasse
os sepultados ídolos da infância.
Elegias de maio
II
E é maio quando a tua indiferença,
num canto fácil, lento, vem do fundo
das sombras do silêncio do teu mundo
de uma piedade e uma amargura imensa.
E inquieta as tuas mãos, move os teus passos,
a gestos e a caminhos imprecisos,
os lábios esboçando estranhos risos,
corpo a reclamar ocultos braços.
E longo, lento, o canto transfigura
a tua imagem triste em escultura
talhada em pedra, ausência, sombra, sono.
E maio é quando um instante nos esqueces,
para reflorescê-lo em tuas preces
— rosa de primavera não, de outono.
(A Gênese do Azul/1955)
Página montada com a cooperação de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda, em agosto de 2008.
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