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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTÔNIO CELSO BORGES ARAÚJO

 

Nasceu em São Luís, a 18 de maio de 1959. Publicou em 1981 o seu primeiro livro de poemas, Cantanto. Cursa (em 1981, quando da edição do livro Novos Poetas do Maranhão...) o 6º. período de Jornalismo, na Universidade Federal do Maranhão, trabalha na Rádio Mirante FM, onde faz parte do setor de Jornalismo e Produção, e é integrante do grupo Arte/Vivência. Participou do II Festival Universitário de Poesia Falada, obtendo a 2ª. colocação, com o poema "Eu e a vida dentro do tempo".

 

NOVOS POETAS DO MARANHÃO.  São Luís: Edições UFMA, 1981.  79 p    ilus   15 x 22 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

EU E A VIDA DENTRO DO TEMPO

 

 

0 mundo e leve e morno

move os segundos segundo um nobre e simples ato

                                                                            de estar

tudo está sem velocidade porque o tempo é uma

                                                         velocidade perdida
e a vontade de brotar e explodir um espaço
está reduzida a uma imensa praia solitária
resultado de poucas preces

parcos repentes
um poeta de limite
Mas eu descubro o silêncio de tudo
dos cupins que devoram a carne das pedras
e acompanham a leveza com que o tempo explode na vida
Já não valem tantos corações soltos desvalidos
porque tudo cansa
os próprios pés por onde passeio

         por onde dispo vontades insuficientes
envoltas em tão poucos instantes
porque não se pode viver o que se quer de vida de fruto
de satisfação

a causa de tantos sopros irrequietos
de estar morto e vivo

porque a vida e ser e não ser no mesmo espaço
é não ter noção que desapareço                                                                                             
que tenho dois caminhos e não tenho nenhum
e os dois

Mas eu venho desgarrando a leveza na vontade de
espocar dimensões

                   cratera crua cruel
bolha rasgante de aço petrificado rachado farto

                            gasto

                            vasto amor incontido

num poço fundo imundo

         morte imerecida covarde injusta
sentinela de cada ideia de cada espada que fere a

                                                                  minha verdade

E venho

         ponto de referência de muitos pontos
e não ser necessário
e não poder estar suficiente

de ver tudo preto escuro pretado navalha esfolando

                                               o corpo e nada adiantar
porco tempo imutável dono das trevas
Os homens são feitos em processo em fartura

         tremem a cada desespero e tremo
Passa a vida e me passo também

  nem noto que o asfalto tem o compromisso de resistir

                                                                            ao sol

e namorar os ratos que de noitinha facilitam o
silêncio 

 e despertar de madrugada na rua da paz
E venho...
... eu venho sempre
tentando vazar o limite de tudo.

 

Página publicada em agosto de 2019


 

 

 
 
 
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