MANOEL BENICIO FONTENELLE
(advogado, ex-deputado pela Província do Maranhão)
Manuel Benício Fontenelle, nascido em 25.12.1823, na cidade do Brejo, província do Maranhão, e falecido em 06.07.1895, em São José de Além Paraíba, Estado de Minas Gerais. Filho de Felipe Benício Fontenele e de Ana Alves.
Advogado e poeta. Começou seus estudos no seminário de São Luiz do Maranhão e daí, com a intenção de estudar também Direito, passou para o seminário de Olinda, em Pernambuco. Inconformado a doutrina Católica da infalibilidade do papa, que julgava um exagero, deixou o seminário, dedicando-se somente à faculdade de Direito, onde recebeu o grau de bacharel em 1849.
Pouco depois de formado esteve no Rio de Janeiro, onde se casou. Foi Deputado à Assembléia Geral pela Província do Maranhão, de 22.05.1867 a 22.07.1868.
De
Manoel Benicio Fontenelle
SATANÓPOLIS – POEMA
Rio de Janeiro: Imprensa Industrial, 1878
318 p
Extraído de um exemplar da Biblioteca Nacional,
doação de Aricy Curvello.
Longo poema com 15 cantos. Precedido por uma dedicatória à cidade de São Luis do Maranhão.
DEDICATORIA
Rio de Janeiro – Abril de 1878
A ti, berço dos sonhos, o meu sonho.
Mãe de Odorico, de Gonçalves Dias,
Terra onde saudosos olhos ponho,
Minha terra, mãe minha, as harmonias
Acolhe do meo debil alaude
E entre os gloriosos sons delle o som rude.
O´gigante que estás do mar á borda,
Sentinella deitado, alto mysterio,
Pelas horas da noite, a um sopro acorda
Que passa te abalando em roda o imperio,
Sopro do Mal, e d´harpa que ao horror freme
Acolhe o frêmito, o cantar que treme.
Terra brasilia, pátria destes cantos,
Terra brasilia, minha doce patria,
Como o filho que á mãe beija-lhe os prantos
Porque o entranhado maior que faz que idolatre-a,
Eu beijo as tuas lagrimas e canto
De amor e de justiça o hymno santo.
Berço dos sonhos, rede de poesia
Doce embalada, ninho de poetas,
Chão, ar, céo, donde jorra a melodia,
Poetico paiz, regiões dilectas,
Terra do Maranhão, acceita o verso
De orvalhos de saudade e amor asperso.
Terras de santa cruz com o nome e emblema,
Fulgido em vossos céos vosso Cruzeiro,
Vosso santo d´estrellas diadema,
Patria santa, almo império brasileiro,
Acceita, neste poema o palpitar-me,
O coração a te fallar no carme.
CANTO V
(fragmento)
Fiquei olhando e emquanto o echo reboa
Do gêmeo grito a sahir da treva ardente
Onde cahio com o par a gêmea c´roôa;
Os olhos na catastrophe e na mente
Voando o caso que recordo ab ovo,
E o chão lembrando-me onde son vivente:
“ Repelle, ó Novo Mundo, ó mundo novo
Da Liberdade, a mergulhar na Europa
E a vir ser alma em ti de cada povo:
Oh! repelle, que o sangue te galopa,
Repelle a inquinação, ó verde America,
Do gigante o pygmeo vestido em roupa,
Repelle a sombra anan da alma homerica,
Negro d´alma o Soluque e seo imperio.
Nem tua aureola, ó Mãe, seja chimerica.
(...)
Página publicada em dezembro de 2010
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