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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA

 

YGINO RODRIGUES

 

 

Poeta goiano quase desconhecido, nascido na antiga Vila Boa e que morreu há mais de 100 anos, em Franca, São Paulo, tem parte de sua obra resgatada em livro. O professor e juiz de direito Carlos Alberto Bastos de Matos, que morreu em 2004, vasculhou arquivos de cidades paulistas e mineiras e reconstituiu a atribulada biografia do poeta.
(...)

Um século mais tarde, traçando a biografia de quem já então era o patrono da cadeira nº 24 da Academia Goiana de Letras, Humberto Crispim Borges conta que Ygino, sob a proteção de seu padrinho Thomas Rodrigues da Fonseca, iniciou o estudo das primeiras letras em 1879. Em 1884, revelando inteligência incomum, ingressou no “Lyceu de Goiaz”, que concluiu em 1888. No ano seguinte assentou praça no 20º Batalhão da Infantaria, mas dois anos depois, em 1891, deixou as fileiras do Exército, passando a colaborar ativamente, em 1892 e 1893, na Gazeta de Goiás, do monsenhor Inácio Xavier da Silva. Também publicou poemas em O Goiás e no Jornal de Goiás.
(...)

Ei-lo então em Uberaba, acolhido por Quintiliano Jardim, diretor do” Lavoura e Comércio” e proprietário da Tipografia Jardim, onde é impresso o primeiro livro de Ygino, "Dinamites"( publicado em três volumes , era dedicado à memória de Floriano Peixoto, por quem ele tinha uma admiração fanática).

Irrequieto, Ygino segue para o Rio de Janeiro, onde trabalha como redator de O Nacional e onde, no ano de 1895, imprime "Pampeiros", em edição da Tipografia da Papelaria Ribeiro. Pouco depois, todavia, já está em São Paulo, tentando levar adiante um pequeno jornal, A Mogyana, de curta e intermitente vida.

 

Afinal, em meados de 1901, surge em Franca.

Afinal, na fria e chuvosa tarde de 4 de julho de 1907, uma enorme multidão leva, da Santa Casa para o cemitério da Saudade, os restos mortais do desditoso poeta de 35 anos. 

Biografia extraída de : http://acervo.revistabula.com/

 

 

ÚLTIMA SÚPLICA

 

Quando, cansado da mundana lida,

Meus frios ossos entregar à terra,

Na sepultura que meu corpo encerra

Não quero pompas, ouropéis da vida!

 

Nem mesmo uma elegia dolorida,

Triste como um luar prateando a serra,

Não vá dos vermes perturbar a guerra

Sobre meu corpo na final jazida!

 

Escuta, ó Tu que foste meu querido

Amor, escuta o último pedido

Que venho te fazer, banhado em pranto:

 

Por mim ergue uma prece à Divindade,

Planta no meu sepulcro uma saudade,

Não te esqueças de mim que te amei tanto!

 

        (De O Francano, 5.7.1902). 

 

 

HOJE

 

Aos doze anos amei e fui traído,

Aos quinze comecei de poeta o fado;

Chego aos dezoito... e fiz-me então soldado...

Aos vinte e três já era um foragido.

 

E do destino sempre perseguido,

Vivendo sempre a amar sem ser amado,

Agora aos trinta e dois eis-me chegado

E inda não sei p’ra que fui eu nascido!

 

E se do amor jamais banhou-me a espuma,

Fortuna nunca achei em parte alguma...

Não tenho amigos, nem do 'arame' a luz!...

 

E contudo o meu nome faz estrondo!

Serei muito feliz inda transpondo

Os trinta e três, a idade de Jesus!

 

 

 

              L E M B R A N Ç A

 

(Ao velho amigo e conterrâneo Hermenegildo de Bessa)

 

Saudade, gosto amargo de infelizes
Delicioso pungir de acerbo espinho
!

                                          Garret

 

Neste leito, onde a dor me prende, eu vejo
Do meu passado os dias amargurosos,
Bem como alguns minutos venturosos,
Desfilarem-se em túrbido cortejo.

 

Ora, um furtivo abraço, um casto beijo,
Ora, instantes cruéis e tenebrosos
De martírios ocultos! Hoje os gozos
Frívolos, vis da terra não almejo!

 

Vejo o passado assim: misto de flores
E de espinhos, de trevas e fulgores,
Da nostalgia à luz crespuscular...

 

E, às vezes, minha mente esvai-se e cansa Correndo, perseguindo uma lembrança
Que brilha e torna logo a se apagar!

 

 

(De Antologia goiana, 1944)

 

 

A POESIA GOIANA NO SÉCULO XX (Antologia) Organização, introdução e notas  de Assis Brasil.  Rio de Janeiro: FBN / Imago / IMC, Fundação Biblioteca Nacional, 1998.   324 p. (Coleção Poesia brasileira) ISBN 85-312-0627- 3                                   Ex. bibl. Antonio Miranda

Trinitas invicta

É uma trindade invicta, majestosa e augusta
Sulcando o céu da história em marcha triunfal;
Oriente dos séculos, a fronte adusta
Beijam-lhe as ovações do preito universal.

São três anjos que vão guiando a humanidade,
São três mães do progresso acalentando o mundo;
É uma árvore ideal que afronta a imensidade
E cuja sombra vela o espírito fecundo.

A primeira é a IDÉIA —  colossal torrente
que do seio divino arroja áureas folhetas,
Que avança pelo mundo, impetuosa, ardente
De luz superior ao brilho dos cometas.

Foi ela que criou o ferro sanguinário,
A pólvora, o canhão, o — Págaso-Vapor;
Mostrou-se a Gutemberg, Colombo o visionário
Arquimedes e Newton, cheia de esplendor.

Animou Tiradentes, Viriato e Wallace,
Surgindo majestosa e cheia de altivez —
Sempre o mundo lhe vê o cintilante vivace,
Mensageira de Deus — criou Noventa e três!

A IMPRENSA audaz, nasceu da ideia soberana,
É o porta-voz do mundo, o estrídulo clarim
Que à peleja convida a multidão insana
E que grava o terror nos olhos de Caim!

A imprensa denuncia o crime oculto à sombra
E fulmina o impostor, o fariseu das praças;
Seu penetrante olhar de falcão nos assombra,
É uma trombeta bélica, inflamando as massas.

A augusta irmã da Imprensa é a LIBERDADE santa,
Que não conhece freios e rompe os diques
Que o despotismo opõe. De algemas não se espanta
Não beija as mãos dos reis, tiranos e caciques.
..................................................................

Salve, pois, ó Trindade, farol do Universo,
O homem acorda à luta quando ouve teu grito!
E a ti mesmo nos sons de meu humilde vero!
És a pedra angular de um templo de granito.

(In Antologia goiana, 1944)

Página ampliada em maio de 2022

 

 

Página publicada em dezembro de 2019

 

 


 

 

 
 
 
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