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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



WESLEY PERES

 

Nasceu em Goiânia (GO), em 1975. Atualmente mora em Catalão (GO). É mestre em estudos literários pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutorando em psicologia clínica e cultura pela Universidade de Brasília (UnB).
 

Autor do romance CASA ENTRE VÉRTEBRAS, Editora Record (2007), vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2006. Seus livros de poesia: PALIMPSESTOS, vencedor da Coleção Vertentes, da Editora da UFG, 2007; RIO REVOANDO, USP/COM-ARTE, 2003; ÁGUA ANÔNIMA, prêmio Bolsa Cora Coralina 2001, publicado em 2002 pela AGEPEL.

 

***

 

 

Ela, a que não escreverei,

a que me rascunha os ventos e me arranha a língua,

caos entremeando-me os dedos,

ela, a que me escreve em suas cartas.

            

De Palimpsestos, p. 59

 

***

 

E se ela sente saudades da noite,

envio-lhe, em palavras,

uma concha, por exemplo,

ou simplesmente pronuncio seu corpo em aramaico:

 caos, cuja chave é do lado de dentro.

 

De Palimpsestos, p. 97

 

***

 

Tão humana quanto um demônio sonhando, ela

me sopra o húmus da-alguma-mulher-que-se-abraça-e-diz:

A lua sabe a minha chuva,

anjos são mulheres que escolheram a noite;

       sem lua, é outra a beleza da noite.

 

De Palimpsestos, p. 99)

 

***

 


Percorre como um caule ou a morte,
percorre como a mão percorre o tempo

ou como a superfície do vento se percorre,

percorre, mortalmente, uma rua numa tarde sem estrelas

e em que a neve brilha o brilho de um corpo

ou das frases nuas enrolando um demônio morto

um vidro quebrado no asfalto: intermeando o vidro e o passante,

por sobre o reflexo torto, uma formiga, espremida pela imagem

que transita entre o vidro e o passante, numa linguagem nua

movida a raios de lua ou de sol ou pela coisa nenhuma

pensada agora pelo passante que percorre.

       

 

De Rio Revoando, p. 40

 

 

***

 

Então,

em meio à eternidade,

ardia-lhe o gume

de não ser humano,

de não mais ser aquela fratura imposta,

e, sobretudo, doía-lhe aquela noite,

a única possível no depois da morte.

        

De Rio Revoando, p. 77

 

***

Caderno existencial

E depois do entre lâmina e água, o nada
cala esse algum observador de ventos;

deserta-o para nem dizê-lo, para

alá-lo, nem entredizê-lo nunca.

E o quem observa só se fala em frinchas:

do nada, são palavras, as aquelas,

ou, sim, o mesmo, a plena ausência delas.

        

De Rio Revoando, p. 78

 

 

De
PERES, Wesley.
 
Paiimpsestos
Goiânia: Editora UFG, 2007.  117 p. 
(Col. Vertentes)       ISBN 85-7274-274-0

 

Esvaziado ("Há um imenso ninguém em minha pessoa"), ou multiplicado nos microfragmentos que compõem estes belos Palimpsestos, o discurso de Wesley Peres demonstra que poeta é o ser capaz de "sonhar em terceira pessoa". A dicção

delicada e lapidar do autor, nessa nova incursão após o bem-sucedido Rio revoando, atinge um patamar de alta reflexão lírica, em que o sujeito, em busca de sentido, recolhe a "oniausência" de sua voz frente aum real sempre esquivo.
ANTONIO CARLOS SECCHIN

 

 

Segredos para dormir:

ouvi um cão orando para as águas;

meditei chamas para entender o rio;

respirei águas e me parti em dois;

de fora desses dois em que me parti, flutua a coisa que sou.

Também foi ela quem me aconselhou a sonhar em terceira

pessoa.

 

 

*

 

 

Um grito ou um cisco metafísico:

nítidos lábios se pronunciam.

Úmido o olhar de quem venta,

e a carne de quem olha para dentro,

imensa de almas perdidas.

Se tenho boca, é para vesti-la,

se tenho águas, é para falar-me.

 

 

 

DE
PERES, Wesley Godoi
Rio revoando
Ilustrações de Márcia Witchmann. 
São Paulo:  Com-Arte, 2003.  170 p.  ilus.

ISBN 85-7166-064-6


“Você tem a mesma namoração com a natureza que eu tenho: “Se eu era crfiança / até vivía na beira dos sapos / escutando nuvens e árvores”. Acho isso poesía da boa.  Outro: “Há um azul cheiro de mar…” Todo o poema é ótimo. “Acordes molhados de sol” é lindo. “Compulsão de dar mundo ao inexistente” é ótimo (…) Por fim “Amar a Deus / como ama uma formiga / a um trecho de folha”.  Esse amor amplia o mundo. O amor da formiga amplia o mundo. (…) Vocéd é um ser caído no mundo das imagens — e é poeta por isso também.(…)  Você vai fixar, como Rimbaud, as vertigens nas palabras.  E tem o olho divinitório.”  MANOEL DE BARROS

 

Quase espuma

 

Breve, poderosa matéria,

metáfora inconsútil de toda

e qualquer coisa

até o não.

 

Sua carne é o nada, sabe-se,

assim òomo de ossos d'água é

a musculatura invisível de suas cores.

 

O vento não a destrói não a sustenta

nem a habita, apesar de que habita

o dentro e o fora dela, pulsando

o imóvel de suas circunferências.

 

Limítrofe, essa mais efémera coisa eterna,

pois o que é, é da exata nervura

do tempo que a sua esfera encerra.

 

 

 

Imagem extraída da exposição "VARAL POESIA GOIANA 1917-2016" exposta durante do I COLÓQUIO DO POESIA GOIANA, na Universidade Federal de Goiás, de 13-14 de junho de 2017.

 

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2008. amplaida e republicada em outubro de 2011; página ampliada em junho de 2017

 

 




 

 

 
 
 
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