POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA
Foto: http://thiagofragata.blogspot.com/
SALMA SADDI
Poetisa/GO –
Salma Saddi Waress de Paiva nasceu na Cidade de Goiás, filha de um casal de libaneses. Aos 14 anos, trabalhou como guia turística da cidade, apresentando a Igreja de Nossa Senhora da Abadia. Passou depois a trabalhar na Fundação Nacional Pró-Memória, na Cidade de Goiás, e dela só saiu em 2000 para assumir a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Goiânia. Nestes 27 anos em que trabalha com o patrimônio histórico, Salma esteve â frente das principais causas do setor, no reconhecimento de Goiás como patrimônio hitórico; na reconstrução da Cidade de Goiás, depois da enchente e da Matriz de Nossa Senhora do Rosá¬rio; em Pirenópolis, depois do incêndio; e no projeto de res-tauração do conjunto arquitetónico de artdéco, no centro de Goiânia. Hoje, além de preservar, Salma quer educar as pes¬soas sobre a importância da história e para isso conta com o apoio incondicional de sua equipe. A poetisa tem poesias avulsas e ensaios publicados em revistas e jornais.
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A historiadora Salma Saddi chegou a ser Superintendente do IPHAN em Goiás, exonerada no início do governo Bolsonaro.
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
ONDE O TEMPO QUER PARAR
A geometria se fez por acaso,
Nas pilhas de adobes do casario
E dos muros mal acabados.
Os caminhos são curvos e inesperados,
Por onde as pedras se estendem
E permitem entre elas a vida da gramínea insistenre.
Geometria de braços da escravaria
De ângulos quase retos,
Como os traços da arte primitivista.
Sinfonia de sinos e foguetes
De incutir pavor aos cães desentendidos.
Homens circunspectos, transportando o andor,
Mulheres descalças, de véus negros,
Centenas de Nossas-Senhoras.
A alegria mora nos meninos da Rua Direita,
Onde sombras se projetam até o meio das paredes.
Cores risonhas, claras, cortantes.
Pirenópolis, onde o tempo se encolhe, desejando parar,
E sentar-se na calçada para descançar.
BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6
Ex. bibl. Antonio Miranda
GOIÂNIA
Os bandeirantes passaram distraídos
aproveitaram as campinas
para acelerar a marcha.
Queriam os grotões
queriam os vales escuros
onde achariam ouro.
As campinas ficaram desapercebidas
até surgir Campinas
que, engravida de um sonho de Ludovico,
gerou Goiânia.
Com seu destino teia de aranha,
hoje a metrópole se esparrama
e abocanha, abocanha, abocanha
engole cerrados, pastarias, capões de mato
para fazer as pessoas correrem feito
formigas nas horas tardias
vindas das Minas longínquas entranhas
de Goiás, das Minas, das Bahias
e até onde não há geografia.
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Página publicada em junho de 2021
Página publicada em dezembro de 2019
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