RAPHAEL LEME FRANCO
(El Franco)
O médico paulista Dr. Raphael Leme Franco, que tem a grafia de seu nome insistentemente escrita de forma equivocada por cidadãos e pelo poder público municipal, teve uma vida toda de militância em Campo Formoso/ Orizona. Nascido em 07 de setembro de 1895 em Leme - SP, veio para cá e não retornou. Aqui faleceu em 28 de setembro de 1977. Foram mais de 50 anos de exercício da medicina de família e praticando algumas das suas paixões, como a música, a poesia, a filosofia e o estudo da língua portuguesa (era considerado um excelente filólogo).
Também é atribuído a Dr. Raphael a sugestão em concurso do nome “Orizona” para o município de Campo Formoso. A mudança veio em 1943, na gestão do prefeito José da Costa Pereira (Zequinha). A mudança suscitou muitos debates e críticas. Enquanto Dr. Raphael usava o jornal O Popular e Zequinha a revista Oeste para responder aos opositores à indicação, Benedicto Silva e Cônego Trindade eram muito críticos à mudança.
Como poeta, Raphael assinava seus escritos como “El Franco”. Escreveu para diversos veículos da região, como Lavoura e Commercio (Uberaba), Araguary, O Ipamery e O Anápolis. Também é patrono da cadeira n. 03 da Academia de Letras, Ciências e Artes de Campo Formoso.
A seguir, disponibilizaremos texto de sua autoria intitulado “A verdadeira política”, publicado na edição de 23 de janeiro de 1934 no Lavoura e Commercio. O texto é por sinal muito oportuno para o momento atual.
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
TARDE DE AGOSTO
Ao sol ardente, em mágoa concentrada,
verde capão de mato empalidece...
Por sobre o campo, ondula uma queimada,
como fantástica, viçosa messe!
Sobe a fumaça que o céu escurece.
Sutil poeira polvilha toda a estrada...
E levanta-se, em nuvem, quando desce
um grupo de animais em disparada.
Passarinhos, numa árvore deserta,
suspiram pela chuva que desperta
ares mais puros, terra mais ridente!
Sussurra uma ribeira limpa e rasa...
e o sol — hóstia vermelha como brasa —
mergulha no cibório do ocidente.
Página publicada em dezembro de 2019
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