POESIA GOIANA
Coordenação de Salomão Sousa
Foto: extraída de http://curtamais.com.br/
NELLY ALVES DE ALMEIDA
(1916–1999)
Nasceu em Jaraguá, Goiás. Estudou na Universidade Católica de Goiás.
Lecionou filologia na Escola Complementar de Itaberaí. Em Goiânia, no Colégio Santo Agostinho e no Instituto de Educação de Goiás.
Publicou, dentre outros livros, “A diferença entre o português do Brasil e o de Portugal”, 1974; e “Aspecto da literatura goiana”, 1980.
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
CANÇÃO A PEDRO LUDOVICO *
Salve, Pedro Ludovico, menino ousado,
na infância e adolescência; percorria,
nas asas do anseio e da esperança,
as ruas da cidade secular. E via
e sonhava, em imagem projetada no futuro,
que o tempo da colheita chegaria
em messe de vitórias, de conquistas,
despertando seu Goiás adormecido.
Ligeiro o tempo caminhou, o dia chegou,
fez-se homem o menino ousado.
E, entre o trabalho e o ideal, mediador,
irmanou-se ao povo e conflitos dominou.
As lutas nacionais,
às realidades do Estado Novo,
que Vargas comandou com força e fé,
pensando em progresso e amor,
destemido, integrou nosso Goiás.
E, de onde, no princípio era o vazio,
impreciso, indefinido,
trouxe Goiânia com a chave da cidade-veneranda,
na majestade do Batismo Cultural.
Nascida de sonhos antigos, fenómeno urbano,
fato nacional, lance épico, imortalidade,
capital do amor, das flores, da alegria,
Goiânia é vitória conquistada.
"Terceiro Anhanguera, o do Século do Aço",
palma imortal de heroísmo,
Goiânia é Pedro
Pedro é Goiânia, é glória
— relíquias — fragrância de História!
*Esta poema foi musicado pela compositora e cantora Maria Ludovico de Almeida e Ludovico Teixeira, coordenado pela escritora Sônia Ferreira.
A POESIA GOIANA NO SÉCULO XX (Antologia) – Organização, introdução e notas de Assis Brasil. Rio de Janeiro: FBN / Imago / IMC, Fundação Biblioteca Nacional, 1998. 324 p. (Coleção Poesia brasileira) ISBN 85-312-0627- 3 Ex. bibl. Antonio Miranda
Anseio
Estou sentindo um anseio incontido
de voar pelo espaço
qual ave travessa...
Sentir a volúpia das alturas
na sensação quente de um afago
esplêndido do azul...
Sentir a alma livre e bêbeda de luz,
sedenta de gozo e de prazer,
engolfar-se no vai-vem das nuvens
de plumas que enfeitam o céu...
Pedir ao sol potente e glorioso
um punhado de lantejoulas doiradas
que lhe enfeitam os olhos felizes
e colorir com elas o caminho
de minha vida
e de meu destino...
e vagar até que a noite chegue
p´ra pedir à lua e às estrelas
a prata de seu manto
e o ouro de seus olhos
e semeá-los nos campos do mundo
para que os destinos dos povos
sejam de luz
e cordialidade...
Haicais imperfeitos
Vigília
Estrela de brilho raro
Na amplidão do infinito
—Deus vigiando o mundo
Espumas
Rastros de aves tristes
Rasgando o azul dos céus
— Sonhos que se desfazem
Definição
Ternura embalando tristeza
Na esperança de um retorno
— Definição de saudade
*
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Página ampliada e republicada em maio de 2022
Página publicada em dezembro de 2019
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