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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação: Salomão Sousa

 

 

 

MARIA LUISA RIBEIRO

 

Maria Luísa Ribeiro nasceu em Goiânia, Goias, no dia 18 de junho. É  advogada e licenciada em Letras – Português. Presidiu a União Brasileira de Escritores - UBE-GO no período de 2000 a 2008 e atualmente (2013) é presidente da Academia Goianiense de Letras e conselhaeira editorial da PUC-GO. Comendadara da Ordem do Mérito Anhanguera, detentora do Troféu Pelicano 2002, Jaburu-literatura 2001 e Trofeu Tiokô 2011. Autora de vários livros de poesia, contos, romance e literatura infantil.

 

RIBEIRO, Maria LuísaMergulho nos poros.  Goiânia, GO: Movimento Editora, 2013.  104 p.  ilus.  16x22,5 cm .  Projeto gráfico: Carlos Sena.   Patrocínio Prefeitura de Goiânia, apoio União Brasileira de Escritores – GO, impressão da Kelps.  “Vencedor do concurso Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Categoria Poesia 2010.”   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Restos de jardim

 

Não tenho mais canteiros

para encantar sementes

nem ensaios de orquídeas.

 

Meu coração é uma cava só

um resto de jardim e

uma morada de cactus.

 

Metade de mim é solidez

a outra é solidão

a linha do meio

é um filete de sangue.

 

As vezes é tanta a saudade de mim

que ignoro a marca da divisa

e às escondidas abraço-me.

 

E quando encharco-me de espinhos

e vejo meu sangue correr

na calçada da solidez

e no porquê da solidão.

 

Para não morrer de dor

estou de mim

cada dia mais longe.

 

 

Verdes Aparências

 

Eram de barro os cântaros

que acolheram os licores da carne.

Era de algodão cru o tecido do lençol

que acobertava

um falso rei e uma rainha falsa.

 

Sob as rosas mornas

onde os cacos se devoravam

e a pressa dos suicidas

apregoava encantamento,

os cântaros vertiam

beijos de proveta

sobre a fenda pretendida.

 

Avolumavam-se outras fomes

e o ritmo da porfia

consagrava-se.

 

E ao som do tilintar dos dentes

nas bordas da taça de cristal,

voavam estilhaços de vinho

e uma nódoa de veneno

sobre a mesa esparramava-se.

 

Era um tempo de carnes secas

e verdes aparências.

 

 

 

Sob a Pele das Aguas

 

Por baixo do casco do meu peito

existe um rasgo do tamanho

de uma dúvida.

 

Quando andava

com um pedaço do coração

pregado em cada parte,

eu era um oceano de certezas.

 

Nadava sobre a pele das águas

onde tudo o que se enxerga

se parece com verdade.

 

Mas a ousadia do mergulho

tem o preço dos tropeços.

 

Quando o voo não é mais rasante,

o riso de alma já é uma saudade,

é possível ver-se

          pelo avesso.

 

Página publicada em junho de 2014


 

 

 
 
 
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