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POESIA GOIANA
LÍDIA ARANTES BORGES
A escritora goiana Lídia Arantes Borges nasceu em 16 de novembro de 1923, em Piracanjuba. Fez carreira como professora, tendo sido nomeada por concurso público para lecionar História no Ensino Fundamental (antigo curso ginasial) e no Ensino Médio. Publicou os livros Raiz goiana (poemas), em 1997, As cores do outono (poemas), em 2005, e Navegando nas ondas do tempo (poemas e crônicas), em 2010. Além da escrita, dedica-se também às artes plásticas, na modalidade de pintura a óleo sobre tela. É membro da Academia Piracanjubense de Letras e Artes, a qual já presidiu por dois mandatos.
Página preparada por Herondes Cézar
AS ROSAS E AS GRAÇAS
Santa Teresinha das Rosas, Santa Teresinha das Graças, minha linda santinha das rosas e das graças!
Primeiro virão as rosas, depois as graças virão, cai uma chuva de pétalas que se espalham pelo chão!
Vou recolher as pétalas, vou alcançar as graças, as pétalas guardarei com amor no meu cofre de latão.
Sempre que me achar sozinha triste, triste a chorar, vou lembrar-me da santinha, terei as graças na mão!
A BANDEIRA DA PAZ
Lá vai o barquinho com a bandeira branca, símbolo da paz, ao sabor dos ventos, no mar de ondas revoltas, singrando, singrando...
Ondas sobem, ondas se quebram e o barquinho continua seja dia, seja noite, rumo ao porto longínquo, singrando, singrando...
Barquinho sobe, barquinho desce, vencendo procelas, desafiando intempéries e a bandeira permanece tremulando, tremulando...
PALAVRAS QUE O VENTO TROUXE
Eu preciso de uma folha em branco, eu preciso de um lápis ou caneta, agora. É que o vento que passa assobia poesia, palavras soltas envoltas em mistérios e encantamento.
Pego uma folha invisível e com os dedos da imaginação tento gravar as letras antes que se percam na vastidão.
Ora, se eu tivesse um carvão fosse aquele que restou das fogueiras de Santo Antônio ou São João que versos tão lindos eu iria transcrever.
Pena que o carvão já virou cinzas que o vento e o tempo espalharam pelos confins.
O ouvido bem atento aos assobios do vento consegui desvendar na alma das coisas o clamor da poesia, suscitando sentimentos que permeiam o nosso dia: sonhos e realidade na doçura das lembranças no gosto amaro da saudade.
A VELHA PONTE
Velha ponte de tantos anos quantas histórias tens para contar? Muita água rolou sob ti, cantarolando notícias de outras paragens.
Com seu apito merencório o trem passava, estremecendo tuas bases, soprando chispas de fogo, soltando fumaças.
Hoje, és apenas o espectro de um tempo que foi feliz. E o trem de ferro? Encolhido, enferrujado, aposentado em algum canto, tristonho por não ter mais a chama de fogo que o fazia viver, por não mais apitar acelerando corações. O entra-e-sai dos passageiros, o burburinho das estações, o sorriso nos encontros, as lágrimas nas despedidas.
Só o rio continua o seu percurso suspirando ainda histórias de novos amores. E o ipê amarelo às margens do rio todos os anos floresce em agosto e setembro jogando flores douradas sobre a velha ponte enferrujada.
Página publicada em dezembro de 2010
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