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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação de Salomão Sousa

 

 

 

LÍDIA ARANTES BORGES

 

A escritora goiana Lídia Arantes Borges nasceu em 16 de novembro de 1923, em Piracanjuba.

Fez carreira como professora, tendo sido nomeada por concurso público para lecionar História no Ensino Fundamental (antigo curso ginasial) e no Ensino Médio.

Publicou os livros Raiz goiana (poemas), em 1997, As cores do outono (poemas), em 2005, e Navegando nas ondas do tempo (poemas e crônicas), em 2010.

Além da escrita, dedica-se também às artes plásticas, na modalidade de pintura a óleo sobre tela. É membro da Academia Piracanjubense de Letras e Artes, a qual já presidiu por dois mandatos.

 

Página preparada por Herondes Cézar

 

 

AS ROSAS E AS GRAÇAS

 

Santa Teresinha das Rosas,

Santa Teresinha das Graças,

minha linda santinha

das rosas e das graças!

 

Primeiro virão as rosas,

depois as graças virão,

cai uma chuva de pétalas

que se espalham pelo chão!

 

Vou recolher as pétalas,

vou alcançar as graças,

as pétalas guardarei com amor

no meu cofre de latão.

 

Sempre que me achar sozinha

triste, triste a chorar,

vou lembrar-me da santinha,

terei as graças na mão!

 

 

A BANDEIRA DA PAZ

 

Lá vai o barquinho

com a bandeira branca,

símbolo da paz,

ao sabor dos ventos,

no mar de ondas revoltas,

singrando, singrando...

 

Ondas sobem,

ondas se quebram

e o barquinho continua

seja dia, seja noite,

rumo ao porto longínquo,

singrando, singrando...

 

Barquinho sobe,

barquinho desce,

vencendo procelas,

desafiando intempéries

e a bandeira permanece

tremulando, tremulando...

 

 

PALAVRAS QUE O VENTO TROUXE

 

Eu preciso de uma folha

em branco,

eu preciso de um lápis

ou caneta, agora.

É que o vento que passa

assobia

poesia,

palavras soltas

envoltas

em mistérios e

encantamento.

 

Pego uma folha invisível

e com os dedos da imaginação

tento gravar as letras

antes que se percam

na vastidão.

 

Ora, se eu tivesse um carvão

fosse aquele que restou

das fogueiras de Santo Antônio

ou São João

que versos tão lindos

eu iria transcrever.

 

Pena que o carvão

já virou cinzas

que o vento

e o tempo

espalharam pelos confins.

 

O ouvido bem atento

aos assobios do vento

consegui desvendar

na alma das coisas

o clamor da poesia,

suscitando sentimentos

que permeiam o nosso dia:

sonhos e realidade

na doçura das lembranças

no gosto amaro da saudade.

 

 

A VELHA PONTE

 

Velha ponte de tantos anos

quantas histórias tens para contar?

Muita água rolou sob ti,

cantarolando notícias

de outras paragens.

 

Com seu apito merencório

o trem passava,

estremecendo tuas bases,

soprando chispas de fogo,

soltando fumaças.

 

Hoje, és apenas o espectro

de um tempo que foi feliz.

E o trem de ferro?

Encolhido, enferrujado,

aposentado em algum canto,

tristonho por não ter mais

a chama de fogo

que o fazia viver,

por não mais apitar

acelerando corações.

O entra-e-sai dos passageiros,

o burburinho das estações,

o sorriso nos encontros,

as lágrimas nas despedidas.

 

Só o rio continua o seu percurso

suspirando ainda histórias

de novos amores.

E o ipê amarelo

às margens do rio

todos os anos floresce

em agosto e setembro

jogando flores douradas

sobre a velha ponte

enferrujada.

 

Página publicada em dezembro de 2010

 

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