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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA
 

 

 

JOSÉ FERREIRA DA SILVA

(1940 -     )

 

Nasceu em Aruanã, Goiás, no dia 3 de outubro de 1940. Bacharelou-se em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás e também em Letras Vernáculas pela Universidade Católica de Goiânia.
Mudou-se para o Rio de Janeiro onde frequentou o curso de Educação Ambiental e Microbiologia.

 

“Aqui me vejo
estrangeiro em minha terra
estrangeiro em meus dias
quantas xenofobias”

 

Poema extraído de Mensagem de sal (1967):

 

 

         MORCEGO

 

       Pedaço de noite
que a carne
e o sangue geram

        negra borboleta
de frio império

        cópula de amor e ódio
na infernal espera

 

        O  SAPO

 

       No fundo deste brejo
há um sapo
bem maior que o mundo
pois quando ele canta
o sol se põe
O sol e o sapo
não se amam
mas o sapo e o brejo
são verdadeiros irmãos

 

       O BOI

 

       Bicorne da mansidão
passa o boi imenso
nos esteios quatro
da existência
Farinha de ossos
Filé — queijo — bife
da mãe
e do filho

        Nos homens simples
a vontade
da carne
de sol.

A POESIA GOIANA NO SÉCULO XX (Antologia) – Organização, introdução e notas  de Assis Brasil.  Rio de Janeiro: FBN / Imago / IMC, Fundação Biblioteca Nacional, 1998.   324 p. (Coleção Poesia brasileira) ISBN 85-312-0627- 3                  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Re vi vendo

Hoje de partidas
partos e idas
idas e vindas
me fiz ausente
neste contínuo presentas
porto de idas
partidas

Entre rios e lágrimas
me fiz faço e desfaço
em risos e tinos
destinos

       Flor em tino
eu e meu pai
ele o outro
eu o outro caminho
desatinos

Tantos rios negros
Corixos, corixões e saudades
tantas águas
Araguaias, Coxipós
Araguaianas, Aruanãs
Leopoldinas
Cuiabás, curimatãs

Seminários
tantas árias e areias
cactos e girassóis
ladainhas véspera
e laudes

Amazonas, Rios-Negros
encontro de águas
pontes desfeitas
ilhas e águas

Igapós, igarapés, ubás
montarias, canoas
e travessias
tantas travessias

Águas, águas e mais águas
Atlânticos
Rio

Rio, pontes e prantos
sal e salsugem
sargaços
Por quanto sal eu posso

Universidades, humanidades
Repúblicas e monarquias
Onde estou?
Por onde eu ia?

Lagos, lagoas, igapós
agapanto e nenúfares
sapos, quelônios e ofídios
vilarejos, cidades e metrópoles
megalópoles

Aqui me vejo
estrangeiro em minha terra
estrangeiros em meus dias
quantas xenofobias

Hoje parto deste porto
com maresia no peito
e sargaços n´alma

Meu bem — meus bens
meu amor — meus amores
meu dia — meus dias
minha alma — minha palma
quantas melodias

                   (In Poemas do GEN/30 anos/ 1994)

            
*

 

 

 

VEJA e LEIA outros poetas de GOIÁS em nosso Portal:

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html

 

 

Página ampliada e republicada em maio de 2022.

 

Página publicada em dezembro de 2019


 

 

 
 
 
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