POESIA GOIANA
Coordenação de Salomão Sousa
GERALDO MAGELA DA CUNHA
Nasceu no dia 18 de junho de 1949, na Fazenda Passa Quatro do Brandões, no município goiano de Silvânia.
CUNHA, Geraldo Magela da. Lágrimas do Ipê. Goiânia: Asa, 2003. 118 p. 15x21 cm.
O PLEITO
Em época de eleição
todo candidato é bom
para tudo tem solução.
O povo só tem direito
todo eleitor tem razão
os candidatos só dizem sim
nunca dizem não.
Depois que passa a eleição
tudo vira contradição
se dizemos sim
eles dizem não
até o beija— flor
se transforma em gavião.
Os da direita atropelam
os que estavam na contra mão.
Jogados para escanteios
ficam os que pegam
o boi bravio do sertão.
Ai, meu Deus.
Quanta decepção!
IMPORTÂNCIA
Do filho do patrão
nossa ! quanta ! ? !?
Do filho do empregado
nenhuma.
Todos são iguais
por conveniência
imputam lhes diferenças.
Idolatram condutas
antes subestimadas.
São caminhos
que nunca bifurcam.
MUNDO DOS SEM FUNDOS
Senhor Clarimundo,
pergunta pró senhor Reimundo
para onde vai este mundo
infestado de vagabundos?
Para o mundo dos sem fundos.
Responde o senhor Reimundo.
POETA
Poeta sem fama
Não tem cama.
Na grama
Ao relento
Suavizado pelo vento.
Dorme e chama
Por alguém que
Não o ama.
Dele se conhece bem pouco
Seu poema e
Seus versos
São verdades
Sem credibilidade
Num mundo oco.
Página publicada em agosto de 2013
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