POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUZA
EDIR MEIRELLES
Nasceu em 19 de maio de 1939, em Goiás, Brasil. Após concluir o Curso de Contabilidade, iniciou o curso de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG). Entretanto, face à repressão política de então, especialmente no meio estudantil, abandonou os estudos e seguiu para o Rio de Janeiro, onde viveu semiclandestino. Com a redemocratização do país e graças à Lei da Anistía de 1979, foi reintegrado nas fileiras do Exército. É membro das Academias: Carioca de Letras; Guanabarina de Letras; Luso- Brasileira de Letras; Piresina de Letras e Artes (APLA). Outras entidades: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Sindicato dos Escritores do Estado do RJ (*); União Brasileira de Escritores (UBE- RJ) (*); União Brasileira de Escritores (UBE- GO) e PEN Clube do Brasil.
Obras publicadas: Poemas Contaminados; O Velho Januário (contos). Madeira de dar em doido (romance); Poemas Telúricos; O feiticeiro da Vila - (romance); Gigantes da Literatura e novos valores - (ensaios); Paixão na Lapa e outras histórias - (contos) e 50 Poemas selecionados. Participou de diversas antologias.
TEXTOS EM PORTUGUÊS – TEXTOS EN ESPAÑOL -
TEXTES EN FRANÇAIS
FERREIRA, Sônia, org. O coração do Brasil em sinfonia poética. Goiânia, GO: Kelps, 2014. 134 p. 20,5x20,5 cm. ilus. col. Fotrografias: Nelson Santos, Vagner Rosafá, Valdemy Teixeira. Projeto gráfico e editoração: Adriana Almeida. Promoção CECULCO. Apoio cultural: Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. Edição trilíngue: português, espanhol, francê. ISBN 978-85-8104-605-9. Inclui 3 poemas, nas três línguas da edição, dos poetas: Aidenor Aires, Antonio Miranda, Brasigóis Felício, Coelho Vaz, Edir Meirelles, Elizabeth Caldeira Filho, Ivanor Florêncio, Isabel Dias Neves, José Guilherme Vargas (peruano, presidente da Casa del Poeta Peruano), José Fernandes, Júlia Franco, Marco Antônio Veiga de Almeida, Rosy Cardoso, Sônia Ferreira. Edição para lançamento durante o Encontro Mundial de Poetas no Peru, de 15 a 19 de outubro de 2014, tendo o Brasil como o país homenageado.
POR QUE HÁ MAR?
Por que amar?
se imenso é o mar
que se contém
mesmo quando em cólera
não consegue se derramar
somente as conchas agitar
de encontro aos rochedos
na fúria de suas vagas
maré cheia maré vazante
sereias só me encantam
se tostadas na areia - tsunami...
Irrompendo vulcões
na praia de Copacabana.
Por que amar
se imenso é o mar
que se contém
mar de tormentas e encantos
das velas que se agitam
onde se esconde o celacanto
as amarguras do desamor.
Amar, amar, desarmar...
por que você se contém
se imenso é o mar?
Por que há mar? Porque amor...
AFRODIVINO
quero-te bem bronzeada
ao ponto
no tempero
apimentada
sabes do meu paladar apurado
sendo que meus sentimentos
na mesa e na cama
são requintados
quanto aos condimentos
são fundamentais
pimenta do reino
afrodivino
o sal
deve estar à flor-da-pele
a fêmea sensual
cheirando a canela
temperatura
fogo em brasa
exalando perfume tropical
mania de brasilidade
POEMA TELÚRICO
Meus sonhos são infinitos
trabalho
e brinco com as formigas
brinquei com o mangue, com granitos
e lamabrinquei
cavalguei corcéis de argila
e o boi alado
formei e comandei exércitos
poderosos
mergulhei fundo nas raízes da cultura
fui ao encontro de meus antepassados
convivi com Zumbi dos Palmares
aprofundei discussões com o Conselheiro
lutei ao lado de Poti
descobri a incrível força telúrica
dos heróis populares
peregrinei nas caatingas do sertão
travei combates sérios e desiguais
amei guerrilheiras fogosas
disparei a metralha contra espantalhos
ombreei-me com os lendários Lampião
e Maria Bonita
tomei do padre Cícero a bênção
discutimos os caminhos do homem
a moderna igreja libertadora
a questão agrária
sonhei com a redenção humana
suas diretrizes e sementes
no eito da cana-de-açúcar
comi restos dos boias-frias
acampei ao lado dos sem-terra
e senti a chibata da repressão.
Ainda encontrei tempo para amar
e perpetuar-me.
MEIRELLES, Edir. Palavra que lavra. Cuvântul care lucraza. Editie/ edicion: portugheza-românã. Traducer/traduccion:”Carmen Bulzan. Goiânia, GO: Kelps. 2016. 52 p. 15x21 cm. Ilus. col. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília.
TEXTOS EN ESPAÑOL
Nació el 19 de mayo de 1939, en Goiás, Brasil. Después de concluir el curso de Contabilidad, inició el curso de Derecho de la Universidad Federal de Goiás (UFG). Sin embargo, vista la represión política de entonces, especialmente el medio estudiantil, abandonó los estúdios y se fué a Rio de Janeiro, donde vivió semiclandestino. Con el retorno de la democracia del país y gracias a la Ley de Amnistia de 1979, fue reintegrado en las filas del Ejército. Es miembro de las Academias Carioca de Letras, Guanabarina de Letras, Luso- Brasileña de Letras y Piresina de Letras y Artes (APLA). Otras entidades: Asociación Brasileña de Imprenta (ABI); Sindicato de los Escritores del Estado de RJ (*), Unión Brasileña de Escritores (UBE- RJ) (*); Unión Brasileña de Escritores (UBE- GO) y PEN Club de Brasil.
¿POR QUÉ HAY MAR?
¿Por qué amar?
si inmenso es el mar
que se contiene
aun cuando en cólera
no consigue derramarse
solamente las conchas agitar
de encuentro a los roquedos
en la furia de sus vagas
marea llena marea inundante
sirenas solo me encantan
si tostadas en la arena - sunami...
Irrumpiendo volcanes
En la playa de Copacabana.
Por qué amar
si inmenso es el mar
que se contiene
mar de tormentas y encantos
de las velas que se agitan
donde se esconde el celacanto
las amarguras del desamor.
Amar, amar, desarmar...
¿Por qué te contienes
si inmenso es el mar?
¿Por qué hay mar? Porque amor...
AFRODIVINO
Te quiero bien bronceada
al punto
condimentada
picante
sabes de mi paladar exigente
siendo que mis sentimientos
en la mesa y en la cama
son finos
En cuanto a los condimentos
son fundamentales
pimienta en polvo
afrodivino
la sal
debe estar a flor de piel
la hembra sensual
oliendo a canela
temperatura
fuego en brasa
exhalando perfume tropical
manía de brasilidade
POEMA TELÚRICO
Mis sueños son infinitos
trabajo
y juego con las hormigas
jugué con el mangle, con granitos
y me embarré
cabalgué corceles de arcilla
y el buey alado
formé y comandé ejércitos
poderosos
me hundí fondo en las raíces de la cultura
fui al encuentro de mis antepasados
conviví con Zumbí dos Palmares
profundicé discusiones con el Consejero
luché al lado de Poti
descubrí la increíble fuerza telúrica
de los héroes populares
peregriné en las caatingas del árido sertão
luché combates serios y desiguales
amé guerrilleras fogosas
disparé la metralleta contra espantajos
me codeé con los legendarios Lampino
y María Bonita
tomé del padre Cicero la bendición
discutimos los caminos del hombre
la moderna iglesia libertadora
la cuestión agraria
soñé con la redención humana
sus directrices y semillas
En el sembradío de la caña de azúcar
comí restos de los plantadores
acampé al lado de los sin tierra
y sentí el chicote de la represión.
Aun encontré tiempo para amar
y perpetuarme.
TEXTES EN FRANÇAIS
Né le 19 mai 1939, à l'État de Goias, Brésil. Après avoir conclu le cours de Comptabilité, a débuté le cours de Droit de l'Université Fédérale de Goias (UFG). Cependant, face à la répression politique de l'époque, spécialement dans le milieu universitaire, a abandonné les études et est allé à Rio de Janeiro, où il a vécu dans la semiclandestinité. Avec la redémocratisation du pays et grâce à la Loi de l'Amnistie de 1979, il a été réintégré dans les filières de l'Armée. Il est membre des Académies: Carioca de Lettres; Guanabarina de Lettres; Luso- Brésilienne de Lettres; Piresina de Lettres et d'Arts (APLA). Autres entités: Association Brésilienne de Presse (ABI); Syndicat des Écrivains de l'État de RJ (*); Union Brésilienne d'Écrivains (UBE- RJ) (*); Union Brésilienne d'Écrivains (UBE- GO) et PEN Clube du Brésil.
POURQUOI Y A-T-IL LA MER?
Pourquoi aimer?
si immense est la mer
qui se contient
même quand en colère
n'arrive pas à se répandre
seulement les coquillages s'agitent
de la rencontre aux rochers
dans la fureur de ses vagues
marée montante marée descendante
les sirènes ne m'enchantent
que si grillées sur le sable - tsunami...
Éclatant des volcans
Sur la plage de Copacabana.
Pourquoi aimer
si immense est la mer
qui se contient
mer de tourments et de charmes
des voiles qui s'agitent
où se cache le cœlacanthe
les amertumes du désamour.
Aimer, aimer, désarmer...
pourquoi te contiens - tu
si immense est la mer?
Pourquoi y a-t-il la mer? Parce que amour...
AFRODIVIN
je te veux bien bronzée
à point
dans l'arôme
pimenté
tu connais mon palais raffiné
vu que mes sentiments
à table et au lit
sont exquis
quant aux condiments
ils sont fondamentaux
poivre
afrodivin
le sel
doit être à fleur de peau
la femelle sensuelle
sentant la cannelle
température
feu en braise
exhalant un parfum tropical
manie de brasilianité
POÈME TELLURIQUE
Mes rêves sont infinis
je travaille
et m'amuse avec les fourmis
je joue avec le manguier, avec des granités
et j'ai joué dans la boue
chevauché des chevaux d'argile
et le bœuf ailé
j'ai formé et commandé des armées
puissantes
j'ai plongé au fond des racines de la culture
je suis allé à la rencontre de mes ancêtres
j'ai vécu avec Zumbi dos Palmarès
j'ai approfondi des discussions avec le Conseiller
j'ai lutté aux côtés de Poti ,
j'ai découvert l'incroyable force tellurique
des héros populaires
j'ai séjourné dans les caatingas du sertâo
j'ai mené des combats sérieux et inégaux
j'ai aimé des guerrières fougueuses
j'ai déclenché la mitraillette contre les épouvantails
j'ai côtoyé les légendaires Lampiâo
et Maria Bonita
j'ai été béni par le prêtre Cicero
nous avons discuté les chemins de l'homme
la moderne église libératrice
la question agraire
j'ai rêvé à la rédemption humaine
ses directives et graines
dans le cas de la canne-à-sucre
j'ai mangé les restes des boias-frias
j'ai campé à côté des sans-terre
et j'ai senti le fouet de la répression.
J'ai encore eu le temps d'aimer
Et me perpétuer.
Página publicada em fevereiro de 2015
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