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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação de SALOMÃO SOUSA

 

HUGO DE CARVALHO RAMOS

 

(Vila Boa de Goiás atual Cidade de Goiás, 21 de maio de 1895 — Rio de Janeiro, 12 de maio de 1921) foi um contista e poeta brasileiro.

Era filho do juiz e poeta Manoel Lopes de Carvalho Ramos e de Mariana Fenelon Ramos. Iniciou seus estudos na cidade natal onde, desde cedo, impressionou seus mestres pelo fascínio demonstrado pela literatura, que o levou a ler os clássicos universais ainda na adolescência. Dentre seus mestres, não deve passar em branco o fato de ter sido aluno da mestre escola Silvina Ermelinda Xavier de Brito. Fase em que conviveu com ilustres colegas tais como: Benjamin Vieira, Breno Guimarães, Cora Coralina, Leão Caiado e Vítor de Carvalho Ramos (seu irmão) e outros não menos ilustres.

Ultrapassada a primeira etapa dos estudos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se, em 1916, na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais.

Iniciou-se cedo na carreira literária escrevendo em prosa e em verso. Sabe-se que alguns de seus contos mais conhecidos foram escritos aos quinze ou dezesseis anos. Em 1917 publicou Tropas e Boiadas, uma coletânea de contos de inspiração sertaneja, que mereceu referências elogiosas da crítica nacional.

Em 1920, estando prestes a concluir o curso jurídico e estando já abatido por crise de depressão, viajou ao interior de Minas Gerais e São Paulo. No ano seguinte, novamente de volta ao Rio de Janeiro, vítima da angústia e da depressão, cometeu suicídio. A 31 de janeiro de 1999, um seleto júri selecionado pelo jornal mais importante do Estado de Goiás, "O Popular", de Goiânia, incluiu a sua obra imortal, "Tropas e Boiadas" (1917), dentre as vinte obras literárias mais importantes do século XX, em Goiás, tendo obtido o primeiro lugar com "10 menções" por parte do júri.

Obras publicadas: Tropas e Boiadas (contos). Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 1917.
Obras completas de Hugo de Carvalho Ramos. São Paulo: Panorama, 1950, 2 v.

 

 

 

Goyania
Canto primeiro

 

Eu canto, pátria minha, o herói fecundo
Que imortal sublimara aquela idade
Em que o Brasil, sonhando a liberdade,
Cingia as vestes do nascente mundo;
Em que da História, irmã da humanidade,
Tinha o gigante audaz o ser profundo,
E aqueles que, nos bosques brasileiros,
Foram os grandes caiapós guerreiros.

Ó tempos idos! Ó remotas eras!
Em que, à sombra das árvores copadas,
E das montanhas para os céus voltadas,
Eram outras as nossas primaveras!
Em que das selvas brutas e agitadas
Eram selvagens os irmãos das feras,
Em que a voz do cacique, ardente e bela,
Soía um brado ser da eterna tela.

Eras tu, pátria forte, o grande povo
Embalado no bosque americano,
Não de escravos nascido ao eito insano,
Mas de algum ventre poderoso e novo;
Que então não tinhas outro soberano
Senão esse fortíssimo renovo,
Mas que o perdeste à marcha triunfal
Dos bravos, que ilustraram Portugal.

Eras tão livre como a voz dos ventos,
Que as tuas alvas praias despertavam,
Como a orquestra das aves, que esperavam
Da aurora os raios fortes e opulentos.
Ousado Prometeu, que em ti buscavam
Nações da Europa, espíritos sedentos,
E estranhos, feros, cegos desertores,
E escravos negros de cruéis senhores?

Em tudo a voz da terra esperançosa
Mil fantásticas sombras atraía;
Em seus prados ubérrimos nascia
Forte imburana ao pé de branca rosa;
Em seus vales risonhos, quando o dia
Na luz dalva acordava a tribo irosa,
Eram lágrimas doces, purpurinas,
As linfas das ribeiras cristalinas.

Mas em ti, só em ti, goiana terra,
Correia pertinaz ouvira o brado
Firme, soberbo de um país talhado
Para os frutos da paz, e não da guerra;
Porque em ti se firmava o luso errado,
Vingando as regiões de serra em serra;
Porque em ti, se não fosse a idade forte,
Teria a própria liberdade a morte.

Mas, por isso, bem vês, goiano povo,
A quem meus versos neste canto envio,
Que imagens vagas de paixão não crio,
Mas a glória da pátria em que eu me louvo.
Em teu regaço, em que melhor me fio,
Deponho a lira e o canto audaz e novo;
Dá que a musa, animando a luz da história,
Da pátria cante a primitiva glória.

       
(De  Goyania, 1986)  

 

 

Petrarca

 

Amar, saber amar, crer só no amor brilhante,
No amor que torna amor mais cândido, constante,
No amor que a natureza em lágrimas copia,
No amor que é da alma grande a mais doce harmonia,
Tal teu destino... A história é legenda saudosa
Consagra Laura, e ri dessa alma cor de rosa,
Mas ri de inveja, sim, de inveja; - que o poeta,
Quando ama, é que essa luz não deve arder secreta,
Mas derramar-se pura, em leda fantasia,
Através de algum verso, em rútila poesia,
Roubando à estrela dalva o brilho purpurino,
Com que há de aclarar seu último destino.

Vê, pois, doce cantor, porque da obscuridade
Teu nome surge e brilha e corre a imensidade
Da história, e no presente o que já foi desperta,
— Passado que se faz a lágrima deserta
Dum infeliz amor, mas compensado e puro — :
Como Laura é presente e o passado é futuro!
A grandeza do amor está num impossível:
Amar, sem ser amado, é prova bem terrível;
Amar, mas dar a vida a quem no-la não deve
Ditosa receber, é sublime; - e se escreve
Teu génio docemente: -
"Amor la spinge e tira
Non per elezion, ma per destino."

. ,.................................. Ouvira

Assim minha alma a tua, em cântico inditoso:
Como conduz teu génio um pesar venturoso!
Triste sonho de amor, que Deus apenas sabe,
Porque dure através de um pranto que se acabe!
O meigo sonhador tem um destino acerbo;
O amor, que é sua vida, é de seu génio o verbo;
Ele o conduz ao bem através do perigo;
Anima-o para o céu; perlustra-lhe o jazigo;
Companheiro fiel de um pensamento nobre
Consola-o no pesar, torna-o faustoso pobre;
E, em tornando-o senhor de um castelo dourado,
Dá-lhe inda a fantasia o pão de um condenado!

 

 

(De Os gênios,  1895)

 

 

Página publicada em dezembro de 2019


 

 

 
 
 
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