ARLINDO COSTA
(1880-1928)
Nasceu em Pouso Alto, agora denominada Piracanjuba, Goiás e depois viveu em Anápolis.
Autor do livro de poesia Lírios (1907), reeditado depois de sua morte, com o título Lírios do Vale.
Reminiscência
Tu não te lembras quem sabe?
Da vez primeira, querida,
Em que nós ambos na vida
Sozinhos nos encontramos
E à sombra de um arvoredo
Falando quase segredo
Um ao outro amor juramos?
Foi numa tarde risonha
Das belas tardes de abril
Por entre folhas, sutil
A brisa triste, queixosa
Que, à luz dum olhar primeiro,
À sombra dum jasmineiro,
Sorria casta e formosa.
E foi nessa tarde amena
Que, à luz dum olhar primeiro,
À sombra dum jasmineiro,
Eu e tu, ó minha flor,
Fizemos num só momento
Um sagrado juramento,
Um juramento de amor!
Noiva morta
Fui vê-la de costume à hora certa!
Cheguei, bati, ninguém me respondeu!
Entrei. Da sala a porta estava aberta,
Estava sobre a mesa o álbum seu!
Segui a procurá-la, era deserta
A casa e nem sequer ao menos eu
Pude saber notícia certa ou incerta
Daquela que era a vida - o sonho meu!
Então, alucinado, tendo logo
As mãos geladas, a cabeça em fogo,
E trémulo — quebrei da alcova a porta.
Mas, ai! Que instante de aflição, que dores
— No branco leito entre grinalda e flores,
Eu encontrei a minha noiva morta! —
Foto: https://pt-br.facebook.com/
A POESIA GOIANA NO SÉCULO XX (Antologia) – Organização, introdução e notas de Assis Brasil. Rio de Janeiro: FBN / Imago / IMC, Fundação Biblioteca Nacional, 1998. 324 p. (Coleção Poesia brasileira) ISBN 85-312-0627- 3 Ex. bibl. Antonio Miranda
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Página ampliada [com foto] e republicada em maio de 2022
Página publicada em dezembro de 2019
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