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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA



ALCIONE GUIMARÃES


Alcione Guimarães nasceu e vive em Goiânia, Goiás. Formou-se em Direito pela UCG- GO. E artista plástica com diversas premiações. Tem dois livros publicados: Zuarte, livro de poemas e pinturas (GO: Editora Kelps, 2000) Prêmio de Poesia Centenário de Henriqueta Lisboa, pela Academia Mineira de Letras. Fuso de Prata, livro de contos (SP: Nankin: Editorial, 2006) Prêmio de contos-2007 - Trofeu Goyazes -conto Bernardo Elis, pela Academia Goiana de Letras

 

 

Alcione Guimarães é uma poetisa admirável. “Zuarte” é um grande e belo livro digno de regozijo e dos aplausos que ele merece. JOSUÉ MONTELO

 

Alcione Guimarães, que já se destacara com a publicação 'de seu livro de poemas Zuarte, vem revelar uma sensibilidade é um talento marcante, na arte de narrar em Fuso de Prata. Domínio de linguagem e confecção de atmosfera enigmática e poética.       BRASIGÓIS FELÍCIO    

 

         

GUIMARÃES, Alcione.   Zuarte: poemas e quadrospoemas.  Goiânia: Kelps, 2000.  184 p. 18x26 cm.  ISBN 85-901562-1-4.   Projeto gráfico: Andes Froes.  Capa e ilustrações de Alcione Guimarães. Orelha do livro: Darcy França Denófrio. Tiragem: 2000 exs.  N. 06 229

 

IX

O olhar —

fixo no escuro.

 

O silêncio —

evocando ausências.

 

Ao longe —

sons de grilos

labirinto de sonhos

 

tontos

 

tantos.

 

E essa lua enorme

como pesa nos meus ombros.

 

XXX

 

...e me consumo
diante desse teu olhar

que te delata e me deixa lassa,

que me devassa e me assombra

entre o desejo e o recato.

...enquanto o meu,

se de um lado se mostra

e não encontra teu disfarce,

do outro, se entrega e se prostra

ao corte dessa adaga.

 

 

 

GUIMARÃES, AlcioneTrama da Luz.  Goiânia: Editora Kelps, 2010.  154 p.  13,5x21 cm.  ISBN 978-85-7766-828-1  “Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos 2009” UBE   Col. A.M.

 

 

EXIT - a seta indica.

 

Depois da porta, o abismo sidera-me

                                       através do vidro.

 

Olho. As turbinas engolem o céu

onde os arcanjos desarmam presságios.

 

Sobre asas de prata

a palavra aprisionada

na vertigem do desequilíbrio

se procura imprecisa

na rota exata do círculo.

 

 

 

TEMO TARDES ASSIM

sob este sol que se exaure

adensado de sangue.

 

Tudo é impreciso

e eterniza cismas

que o céu não responde.

 

— Meu Deus, que angústia

me traz essa púrpura!

 

Cala

o que fica exposto

nessa penumbra impiedosa

                         que sufoca

e não descobre

a chave da infância

escondida

no precipício da tarde.

 

 

 

 

NADA DIREI a teu respeito

nem desse meu destino

que se entrelaça ao teu.

 

Não te culpo

nem me inocento.

 

Apenas sinto

que os fios que nos ligam

                              vida afora

mais se embaraçam

                              se prendem.

 

Nem mesmo

teu olhar incerto que me cega

é visgo seco - não liberta.

 

 

GUIMARÃES, AlcioneA casa e outos lugares.   Goiânia: Editora Kelps, 2017.  180 p    13,5x21 cm.  Capa Alcione Guimarães.     ISBN 978-85-401903-4   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                COMO FUGIR DAS LÁGRIMAS

                               esse jogo de
                   espelhos
         que multiplica o frêmito de tuas asas
         nesse voo que sempre tentas
?

         Como alcançar tuas alturas
         se meu naufrágio já começa
         e diminui o ar que me cerca ?

         O que me exaure
         é essa ausência elementar de palavras
                                               meus dilemas
                                               teus enleios
         e a neutralidade do teu canto.

 

        ALGUMA COISA RESSOA FORA DA MEMÓRIA
                            de tudo que vivi —
         a casa
               as paredes
                    os móveis
                        alguns retratos
                              os livros e todas as histórias
         para compreender
                   o que esmaece
                            o indizível que ronda
                                                   e se esconde
                                      atrás da porta
         onde uma menina
                                  chora.

 

         HÁ UMA FUMAÇA DOCE
                   
que sobe tênue
         com cheiro de bagaço.

         Os tachos luzem
                         sobre o fogo.
         Conchas de cobre
                    agitam espumas
         e o caramelo
                          se incendeia

               num fervilhas
         de promessas.

 

        AH! ESSAS PALAVRAS PROCURADAS
       
essas frases tantas vezes reescritas
                            no embate e
         no silêncio
         à procura do som da luz
         que completa o poema
                          o espanto
         o frio no estômago
         o soco na cara.

         Na vida — rota imprevisível
                                fantasia absurda
                          que o vento leva —
         ele é tudo que nos salva.

         Não da morte
                        pois essa
         com sua bandeira de vitória
         impiedosa nos sobreolha
         e aos escombros nos joga fora.

 

ANTONIO ALMEIDA

BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6

 

 

 

IX

O olhar

fixo no escuro.

O silêncio —
evocando ausências.

Ao longe —
sons de grilos
labirinto de sonhos
tontos
tantos...
E a lua enorme
como pesa nos meus ombros.



VI

A casa repousa
seu sono à sombra
dos ipês amarelos.

O vento de agosto
ainda não trouxe a chuva
pra pintar o chão.

A estrada...
a estrada me deteve

Será que a festa começou
ou se soltou da moldura do tempo?

 

 

 

XVI

Perdi-me entre os meus andrajos
— mala colorida —
perseguindo sendas e sonhos
— patético espantalho.

Voei como a noiva camponesa
de Marc Chagall
espalhando flores
fiapos
palhas.

E agora, que estou
muito mais além,
tornei-me bruxa.
Desvelei meu avesso,
encantei-me

 

 

 

XIX

 

No embalo do teu colo
— balanço de barco —
transbordando-me

 

Meus olhos, que ao longe lanceio,
alcançam mais distâncias.

A tarde cai.
Leve, o barco volta do cais.
E eu, pássaro sofrê
sôfrego
me calo

 

 

 

XXVI

É dentro o silêncio
que ensurdece os deuses.

Silêncio de roça
repleto de presságios.

Cigarras, sapos e grilos
entonam uma mini-ópera
dramática e contida.

Os segredos
esses — ficam guardados a sete chaves
no urdimento do palco.



XXXI

Ontem te vi
forma — pulsar — presença.
Bem te vi.

E o pensamento pinça
todas as penas e pendências
de querer não podendo
e não entorna
com todo o esforço
esse estorvo que vem de dentro.

Ontem te vi.
Forma — pulsar — presença.
Hoje, mal te vi.

 

 

*

 

VEJA e LEIA outros poetas de GOIÁS em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html


Página publicada em junho de 2021

 

 

 

Página publicada em novembro de 2013; ampliada em agosto de 2018.


 

 

 
 
 
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