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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VIRGINIA TAMANINI

 

VIRGINIA TAMANINI
 (1897-1990)

 

 

Virgínia Gasparini Tamanini nasceu em 04/02/1897, na fazenda Boa Vista, no vale de Canaã, município de Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo, filha de Epifânio Gasparini e Catarina Tamanini Gasparini, ambos nascidos na Itália e vindos, como imigrantes, pra o Brasil no século passado. Criada em fazenda, aprendeu as primeiras letras e adquiriu alguns conhecimentos equivalentes ao ensino elementar da época com professores particulares. Mais tarde, prosseguiu os estudos no Rio de Janeiro, sob a orientação de seu irmão Américo, que cursava a Faculdade Nacional de Direito, sendo que, ao final do segundo ano, interrompeu seus estudos por motivo de força maior, regressando à casa paterna.


Autodidata persistente, continuou nos seus esforços por instruir-se, "dedicando todos os momentos de lazer ao estudo e à leitura." Desde cedo revelou inclinação para as letras, tanto que, ainda muito jovem, escreveu um romance folhetim "Amor sem Mácula" (1922/1923), publicado em capítulos semanais no jornal "O Comércio", de Santa Leopoldina, usando o pseudônimo de Walkyria. Produziu em 1929, 1930 e 1931 peças teatrais ( Em pleno século vinte, Amor de mãe, Filhos do Brasil, O primeiro amor e Onde está Jacinto?) levadas à cena com sucesso.
Membro da Arcádia Espírito-santense, tomando parte ativa na organização da Primeira Quinzena de Arte Capixaba, realizada em Vitória, em 1947.
Adaptou ,encenou e dirigiu, no Teatro Carlos Gomes, a peça francesa Cristina da Suécia., em 1947.


Em 1948, montou e dirigiu outra peça francesa, Atala, a última druidesa das Gálias.
Pertenceu às seguintes entidades culturais: Academia Feminina Espírito-santense de Letras, como patrona da cadeira n. 3, Associação Espírito-santense de Imprensa, sócia correspondente da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul. Recebeu o título de cidadã honorária de várias cidades capixabas, e é nome de rua em Ibiraçu-ES. Agraciada com a Ordem do Mérito Marechal José Pessoa, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, no grau de comendador.
Aos 89 anos, ocupou a cadeira n. 15 da Academia Espírito-santense de Letras., cujo patrono é José Colatino do Couto Barroso.

 

Fonte da biografia: www.poetas.capixabas.nom.br/

 

 

TAMANINI, Virginia.  Marcas do tempo.  Poesia.  Brasília, DF: Litograf – Gráfica e Editora, s.d.   128 p.  11x18,3 cm.  " Virginia Tamanini " Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

DÍA QUE VIRA

 

Meu fílho:

 

Quando um dia procurares

e não me vires mais;

quando a certeza de minha morte

entrar em tua alma

e fizer teu coração doer

— dá-me teu pranto

que através dele estarei contigo.

Nas lágrimas que chorares

chorarei;

porque a minha dor,

a dor de minha voz não ser ouvida,

a dor de não poder te consolar

será tão grande,

tão esmagadora,

tão penetrante e forte,

que ao sentir-me afastada

do caminho de tua vida,

hei de morrer de novo

após a morte!

 

 

EU VIM ME DESPEDIR

 

Daqui olhando o espaço e a costa em fora,

É tão maravilhoso o que diviso,

Que creio ser assim o Paraíso,

Nem posso de outra forma o imaginar!

 

Por isso penso que Nossa Senhora,

Fugindo ao sopé, quis de improviso

Aparecer aqui, deixando o aviso

Da sua escolha para vir morar.

 

Sobre esta penha, sinto o pensamento

Arrebatado pela voz do vento,

E meus sentidos já não são mais meus.

Ao pé da rocha, se distende o mar...

Meus olhos descem para contemplar,

Minha alma sobe, para estar com Deus. 

 

 

ELA É DIFERENTE

 

Você conhece Vitória?

venha ver

que vai gostar.

É uma ilha bonita

com seu penedo gigante

se alevantando do mar.

 

Também cidade-progresso

de arranha céus dominantes

e que tem um tubarão

que aqui não come gente,

mastigando eternamente

o oligisto desfeito

cujo pó deve Ter asas

pois vem pousar, sem direito,

nos umbrais de nossas casas.

 

Uma coisa me aborrece:

nosso tempo é repartido,

relógio manda na gente,

não há mais tempo pra nada,

a vida agora é correr.

ninguém pode descansar.

 

E o povo se empurra

dizendo ter pressa

querendo chegar.

E às vezes não chega

nem mais vai voltar.

Os ônibus trançam

nas ruas estreitas

e os carros afoitos

se juntam se amassam

tentando avançar.

E às vezes nem chegam

a ultrapassar.

Eu fico pensando...

Vitória de ontem

Vitória de hoje

qual delas se ajusta

ao meu coração?

 

Ai que saudades

Do bondinho "Circular"!

Na Praça Oito a rodinha

de intelectuais sorrindo

e tirando o chapéu

ao cumprimentar.

 

Bons dias aqueles,

tranqüilos, de paz.

E a gente passando

e a gente sorrindo

e a gente vivendo...

 

Menino gritando

vendendo jornal

 

- Diáario! Gazeeeta! Olha a Gazeeeta!

 

(E fazia careta)

Moleque safado

mas era engraçado

e a gente parava

comprava o jornal.

Os olhos buscavam

notícias do dia.

Por isso uma vez

fiquei espantada

ao ler o que lia:

- Foi morto o Cauê

na Zona da Mata

de Minas Gerais.

Venderam seu todo

de pura hematita,

navios estrangeiros

virão carregar.

Vitória cresceu pequena

num estranho paradoxo...

E sendo grande e pequena

é fácil de entender.

Uma terra diferente,

bonita, rica, atraente,

só um tanto original.

E nesse barulho todo

de trabalho e confusão,

nos manjando pouco a pouco

tremenda poluição...

Mas isto não será nada,

vamos ganhar esta guerra

pois o mal também se acaba.

Como nos tempos de outrora

há de novo ressurgir

o céu limpo, a claridade,

a beleza, a paz, o amor,

neste chão que é minha terra

- minha terra capixaba! 

 

 

FOGO NA MATA

 

O fogo se alastra rugindo qual fera

sedenta de sangue ao baque da presa.

E nessa volúpia de gozo e braveza

o ventre escaldante revolve e descerra!

 

E abrange a amplitude, e rasga e se aferra,

lambendo raivoso, voraz na destreza!

E a mata se dobra, na rude grandeza,

tombando entre as chamas à face da terra.

 

Por entre o negrume crepita o braseiro,

e o pobre colono, de braços cruzados,

lamenta impotente a falta do aceiro...

 

Agora já é tarde. Pois nada mais resta

senão que trabalhos por força dobrados

e a triste saudade da verde floresta... 

 

 

 

Foto e textos extraídos da obra VIRGINIA TAMANINI – MARCAS DO TEMPO- POESIA.  Brasília: Litograf, s. d.  ilus.

 

Página publicada em junho de 2009


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