SÉRGIO LUIZ BLANK
Nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1964.
BLANK, Sérgio Luiz. Estilo de ser assim, tampouco. Poesia. Vitória, ES: Fundação Ceciiano Abel de Almeida, 1984. s.p. 16x21,5 cm. Capa e diagramação: Sandra Medeiros. Fotos: Marta Baião. Col. A.M.
(fragmentos)
Experiência
um dois três testando
eu não posso viver sem você
um dois três testando
não posso viver sem você
um dois três testando
posso viver sem você
um dois três testando
viver sem você
um dois três testando
sem você
um dois três testando
você
atenção, contagem regressiva:
três dois um testando:
você sem viver posso não eu eu eu eu eu eu...
corta, vamos recomeçar
hipótese alguma
cães e outros domésticos
animais de estimação
odeio-os
esqueço de alimentá-los
são tão fáceis
palitos de fósforo
você sabe
ou viu
o fogo pequeno e imediato
minhas afirmações
mas isso é sério
a bem da verdade
mal do século
tédio cibernético
leva a isso
seríssimo
quem tem medo de Clarice Lispector?
, essas suas palavras
mútuas porém opacas.
fazem o instante
................................
introspectivo por excelência.
profunda voz sussurra...
“Baratas velhas
se arrastam
na penumbra.”
esse seu calar
implode nosso ser.
senhora tende piedade de nós.
insensata satisfação
estou satisfeito
em ser uma
pessoa
feito
ou se fazendo
sem ideias
lógicas
sem ter tido
sentido político
vou sobre
viver acima
disso tudo
apenas um
sobrevivente
apenas uma
pessoa triste
ANTOLOGIA DA NOVA POESIA BRASILEIRA . Org. Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed. Hipocampo, Fundação Rioarte, 1992. 334 p. ilus Ex. bibl. Antonio Miranda
RESPONDEZ S´IL VOUS PLAIT
com os olhos retidos e em brasa
estou pronto por fás ou por nefás
para te esquecer em qualquer dobra da vida — vinco de leque
dobradura em canto de página que marca a ferro e fogo
o sentimento estopim: a artilharia da dor
catrevage que é este estado (o da paixão)
a farda e a guarnição a postos e o fartum na voz da razão —
desarte
com um dobrado para não rever seus passos
catrapus que ecoa nas minhas pregas
à guisa de renúncia: riscar-te do meu dia
dias-efemérides versifica em croquis lamentáveis
que nada: meu amor quase que parvenu troca colher por garfo
e com a nova espécie de lorgnom nas mãos dá um jeito de
encontrar-te
caça e caçoa de minha razão de cabo-de-esquadra
olhos você que me é tão caro
e recolho as benesses de um amor com catracâmbias e silêncio
Página publicada em setembro de 2012; Página republicada em setembro de 2020
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