NEWTON BRAGA
Newton Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 11 de agosto de 1911 – Rio de Janeiro, 1 de junho de 1962) foi um jornalista, advogado e poeta brasileiro.
Newton nasce em 1911 na fazenda do Frade, que era administrada por seu pai, no município de Cachoeiro de Itapemirim, cidade sul – capixaba. Seus pais foram Francisco de Carvalho Braga (primeiro prefeito de Cachoeiro de Itapemirim) e d. Rachel Coelho Braga. Fez seus primeiros estudos na cidade natal e completou-os no colégio Pio Americano, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como colega Carlos Lacerda.
Em 1929 transfere-se para Belo Horizonte para tratamento de saúde e lá inicia o curso de Direito, formando-se no final do ano de 1931, tendo como colega de curso, Ciro dos Anjos e Tancredo Neves. Paralelamente aos estudos começa a trabalhar nos jornais mineiros dos Diários Associados e escreve seus primeiros poemas com fortes tendências ao modernismo. Assim como o irmão Rubem Braga, Newton faz pequenas contribuições ao jornal da família, fundado em 1928, o Correio do Sul.
Em 1932, em virtude da ausência do pai (falecido em dezembro de 1930) e já formado como bacharel em Direito, retorna para Cachoeiro para cuidar do cartório da família e também advogar. Como advogado exerce a profissão por pouquíssimo tempo, pois neste mesmo ano assumiu como redator chefe do Correio do Sul. Sob seu comando o jornal ganhou identidade local sendo ele o responsável por movimentos cívicos como a criação do ”Dia da Cachoeiro” em 1939.
Aficionado futebolista, Newton participou ativamente de um dos clubes da cidade; o Estrela do Norte, como jogador e também foi presidente da Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim.
Paralelamente a todas as atividades em sua cidade natal, também contribuía para a imprensa carioca, com uma coluna de crítica literária e outra de casos e epigramas.
Em 1958, por insistência dos filhos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Na cidade carioca trabalhou no Mundo Ilustrado, fazendo revisões para Ibrahim Sued, e trabalhou como redator de publicidade e de jornalismo na TV Tupi. Também foi chefe do Serviço de Relações Públicas da Secretaria de Saúde do Estado e trabalhou na Rádio Ministério da Educação. Nas revistas “Chuviscos”, “Publicidade e Negócios” e “Senhor”, contribuiu com pequenos artigos.
Newton Braga faleceu na madrugada de sexta-feira, dia 1° de junho de 1962, aos 51 anos e 9 meses na cidade do Rio de Janeiro. Ao poeta, jornalista e eterno cachoeirense, são inúmeras as homenagens póstumas, e entre elas encontramos o Instituto Newton Braga que cuida da sua obra, assim como no acervo da Casa dos Braga. Na cidade que festeja o “Dia de Cachoeiro” também encontramos a Avenida Newton Braga, uma das principais vias da sua cidade natal, e o grupo escoteiro Newton Braga.
Newton Braga é irmão do cronista Rubem Braga.
Obras publicadas:
"Lirismo perdido", Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (coletânea de poemas publicados na imprensa capixaba, mineira e carioca, durante mais de 10 anos);
"Histórias de Cachoeiro", Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (visão panorâmica dos principais aspectos históricos, geográficos, sociais e literários ligados a sua cidade natal);
"Cidade do interior", Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2011. (contém uma seleção dos casos e epigramas, publicados no "Diário de Notícias", do Rio de Janeiro);
"Poesias e Prosa" (volume póstumo, organizado por seu irmão Rubem Braga, incluindo textos e poemas das obras anteriores, além de novos casos e epigramas). Fonte: wikipedia
GOZO MÍSTICO
Nas minhas horas de recolhimento,
minha alma, como um pássaro liberto,
espasma-se por todo o firmamento
e vai ficar no céu, das nuvens perto.
Então eu sonho... o pensamento aberto
ao mundo das quimeras que alimento.
E sonho, pelo céu azul deserto
nessa embriaguez sublime de um momento.
Aos paramos, às nuvens, mais além,
mais acima da abóboda azulada,
onde o que é humano lhe manchar não vem,
Sonhando, atinjo a meta desejada,
deixando o mundo farto de desdém,
buscando a luz na perfeição do nada.
CONSELHO
Não digas nunca
a quem quer que seja
o amor que te vai na alma.
Guarda-o bem contigo.
Em amor o silêncio, o egoísmo,
é o supremo heroísmo;
— hino de glória que o coração canta
— hino de dor que os lábios calam.
Guarda bem contigo o teu amor.
As mulheres, se te confessares,
de ti zomborão;
os homens
de ti sorrirão.
Que seja teu, só teu o teu amor.
Assim como é tua, só tua, a tua dor.
Guarda bem contigo o teu amor.
É por ele que se morre
mas é dele que se vive.
Cachoeira, 15.12-1928.
Página publicada em janeiro de 2016
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