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                   Foto: https://www.google.com/ 
                    
                    
                    
                    
                  MELCHISEDEC BORRÉ 
                    
                    
                  Possui graduação em Curso de Ciências  Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas de Colatina (1991).  
                   (Faculdades ESTBR    Programa de Teologia, 2014-08-25). 
                    
                    
                    
                  
                  POETAS BRASILEIROS DE HOJE, 83.  Coordenação  Editorial: Chantal Lesbaupin. Editor: Christina Oiticica.   Rio de Janeiro: Shogum Ed. e Arte,  1983.  157 p.  18x21 cm   Ex. bibl. Antonio Miranda 
                    
                    
                  
                    
                             R E F L E X Ã O 
                        
                         
                        Não  quero que perturbes meu silêncio, 
                          Meu  sóbrio meditar no fim do dia. 
                          Se  a livre solidão é quem me guia, 
                          Não  venhas despertar meu sono inculto. 
                         
                          E  as aves da manhã me rendem culto, 
                          Na  justa impaciência de quem vive, 
                          E  sobrevive à dor, eu nunca tive, 
                          A  placidez de límpidos olhares; 
                         
                          Do  beija-flor os últimos cantares; 
                          De  primavera os últimos botões. 
                          Não  venhas silenciar minhas canções, 
                          A  minha dor, meu pão de cada dia. 
                         
                          Não  quero tão somente que sorrias, 
                          Enquanto  ouvir meus versos da janela. 
                          Me  dê do teu jardim, a flor mais bela, 
                          E,  de Florbela os últimos sonetos. 
                         
                          Procuro  me esquecer se sou discreto, 
                          No  meu jeito singelo de compor. 
                     
                      Tal qual a rosa anseia o beija-flor, 
                      Conforme  o tempo passa, mais te quero. 
   
                      Ainda  que faleça, hoje te espero, 
                      Oculto  nos castelos incolores, 
                      Que  construí no ar de mil condores, 
                      Aberto  para o céu de mil estrelas. 
   
                      Somente  de manhã, consigo tê-las, 
                      Que  à noite são de todos, são de tolos, 
                      Que  olham-nas sem ver, buscam consolo, 
                      Sem  ter toda a grandeza do infinito. 
   
                      Guardar  no meu saber, tudo o que fito, 
                      Fazer  maior em mim, tudo o que sinto. 
                      O  meu vulcão há muito tempo extinto, 
                      Num  coração que dorme em negra teia. 
   
                      Com  a alma a transbordar em minhas veias, 
                      Nas  ondas deste mar, o corpo imerso, 
                      Enquanto  paro e olho a lua cheia, 
                      Não  quero que perturbes o meu verso. 
                     
                   
                    
                    
                    
                  Página  publicada em setembro de 2020 
  
                    
                  Página  publicada em setembro de 2020 
                
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