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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto:  https://letrastaquarenses.blogspot.com/

 

 

 

HUMBERTO DEL MAESTRO

 

 

 Humberto Del Maestro  nasceu em Vitória, Estado do Espírito Santo, em 27/03/1938.  Poeta, teatrólogo, ator, crítico literário. Considerado o "Poeta das Flores".  Destacamos o livro "Trovas, Haicais e outros poemas"-1966.

 

A tarde triste adormece.
Estrelas piscam em cruz...
Ao longe, a lua parece
delgada foice de luz.

 

 

ANTOLOGIA DEL´SECCHI.  Vol. V. Org. Org. Roberto de Castro Del´Secchi.  Rio de Janeiro:     Editora del Secchi, 2000.  216 p.  
Ex. bibl. Antonio Miranda
             

Por que o desperdício de palavras
se os olhos possuem a magia das flores
e o linguajar dos anjos?!
O infinito é breve, nos momentos de desejos,
e as frases são mais carinhosas
na intenção do silêncio...
Amemo-nos tão somente!

** 

Um dilúvio de luzes
escreve pelas vertentes da montanha,
inundando os vales de riqueza
e encantamento.
Pássaros e insetos, em miríades,
buscam o espaço infinito, louvando o céu,
nos braços da brisa fresca e perfumada.
A manhã afaga meus passos
refertos de orvalho e silêncio.


PRISMA – A revista de literatura   n. 006 – abril 2015.   Porto Velho, Rondônia: Editora Costelas Felinas, 2015.  Organização: Selmo Vasconcellos.  24 p.                                    Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

              Se longe estamos, ainda
algo nos une, porque
a lua que vejo linda
é a mesma que você vê.

 

              ***

 

             Apesar da chuva,
a tarde ainda passeia
vestida de cores.


***

 

                      SILÊNCIO

Pesa em silêncio de Deus
sobre a madrugada divina.
No céu, o gotejara de estrelas se sublima
numa cintilação frágil, tênue.
É a hora em que os sonhos correm afoitos
em leitos cansados
e o bocejar de anjos anuncia
a chegada de uma nova manhã.


Do livro QUADRAS E TERCETOS ESQUECIDOS
POEMAS DOLOROSOS (e outros mais amenos)
E SONETOS, poesia. Grafitusa SD, A.  Vitórik ES, 2014

 

  • MAESTRO, Humberto del.  BREVES (poemas).  Vitória (ES):  Edição do Autor, 1994.   s.p.  No. 10 020
    Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito.


    Há sonhos brincando
    o parque da tarde.

    lembranças são rosas
    que o tempo não murcha.

    Se um dia voltares
    não sei o que diga.

    Encantos são muitos
    no céu dos seus olhos.

    Um dia o infinito
    será bem pequeno.
  •  
  •    Meus atos de agora
    soletram renúncias.

    Na tarde encantada
    as brisas festejam.

    Se penso em estrela,
    prisões não magoam.

    Saudades às vezes
    têm gosto de vida.

    A tarde traz beijos
    que o tempo carrega.
  •  
  • ***

    Meus dias de infância
    duraram bem pouco.

    Há forte ironia
    nas suas palavras.

    A tarde cochila
    na rua deserta.

    Meus olhos não perdem
    o dom do menino.

    Os braços da noite
    me tocam gelados.

    Filetes dourados
    enfeitam o ocaso.

    Se os trunfos se forem
    nos restam os blefes.

    O tempo desbota
    rancores e mágoas.

    As noites nubladas
    não trazem sorrisos.

    A tarde convida
    a doces colóquios.

    ***

    A sua lembrança
    fugiu-me dos olhos.

    A noite carrega
    meus pobres cansaços.

    Não tenho mais  risos
    depois que partiste.

    O amor quando chega
    traz risos aos lábios.

    Quem dera a fragrância
    com que me enganavas.

    O branco da fronte
    são brindes do tempo.

    A brisa da noite
    traz doces aromas.

    A tarde se inunda
    de cores e afagos.

    No corpo de um velho
    o riso menino.

    Seus olhos são mimos
    que encantam o mundo.

    ***
     

MAESTRO, Humberto.  Breves. Capa: Arthur Filho. Porto Alegre: Editora OPÇÃO2, 1996.     36 p.   No. 10 022

 

Verdades à vista
e os olhos fechados

Se eu canto os meus males
o mundo afugento.

Os lábios da tarde
são doces amoras.

A sua ternura
é própria dos anjos.

Os risos das flores
são artes do Eterno.

Se invento mentiras
o mundo me acusa.

A tarde se esconde
num traje de cinza.

Há brincos de pérolas
nos lobos da noite.

Se o sol vai embora
a tarde soluça.

Seus louros cabelos
são feitos de sonhos.

Jogaram na noite
cristais a mancheias.

Seus olhos me lembram
o céu que eu cobiço.

A tarde tem todos
os dons da menina.

No leito dormindo
imitas um anjo.

Quem dera os meus lábios
roçando em seus lábios.

Se lembro o passado
meus olhos se encharcam.

A tarde é mais linda
se morre sangrenta.

As suas mentiras
não mais me magoam.

Se acaso te vejo
meus dias se alegram.

Menina tão nova
com sonhos antigos.



MAESTRO, Humberto del.   CANÇÕES DO PASSADOVitória, ES: Grafitusa, 2003.  114 p.    No. 10 049  
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo
(livreiro) Brito, em Brasília, DF

 

 
Caminhos

Caminhos brancos da minha terra,
da branca terra, que tenho em mim,
distante de ódios, longe de guerra,
entre alamedas de alvo cetim.

Caminhos brandos, terra orvalhada,
onde as aléias nunca têm fim,
e em cujas ramas a passarada
desperta o dia sempre em festim.

Caminhos gratos, que eu imagino
em mim vivendo sem um butim,
entre baladas, bater de sino,
nesta poesia que nasce em mim.


Pinturas

Surge a manhã, é doce a voz dos sinos,
celebrando o nascer de um novo dia.
Farras de luz, de cores e de trinos
vagueiam na amplidão, em harmonia.

Multidões, em seguida, de meninos
pela rua, em contínua algaravia,
conspurcam os silêncios matutinos,
do momento, roubando a fantasia.

Lembra este quadro a nossa própria vida.
No início, um paraíso sem subida,
onde todos procuram seus destinos.

Depois, surgem percalços e amargura,
mas a nossa alma cheia de ternura
jamais se afasta dos fanais divinos.


MAESTRO, Humberto del.  Poesias.Vitória, ES: Obras Favonianas – Escola Tipográfica,  1975?    164 p.  No. 10 050
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo
(livreiro) Brito, em Brasília, DF


PERGUNTAS

Onde encontrar uma resposta certa,
Pura e sapiente
Que alívio dê às sensações humanas
Eternamente?

Onde encontrar a fórmula secreta
Que Deus ensina
Para que o homem possa erguer do lodo
A alma divina?

Onde encontrar o mais completo artista,
Fino artesão,
Que nos confie para sempre as chaves
Da perfeição?

Onde encontrar o doce e meigo afago
Para a tristeza
Que, no presídio de nossalma louca,
Se encontra presa?

Onde encontrar uma expressão exata
De ódio ou perdão,
Para as perguntas que nos vêm frequentes
Do coração?

Onde encontrar consolo à dor e aos males
Cá deste mundo
E um lenitivo que nos deixe o peito
Ledo e jucundo?

Onde encontrar o bálsamo querido
À inteligência
Para sanar as crises iracundas
E de demência?

Onde encontrar, meu Deus, a panacéia
Para esta sorte?
Acaso no teu seio imaculado
Depois da morte?

  • MAESTRO, Humberto del.   CANÇÕES DO PASSADOVitória, ES: Grafitusa, 2003.  114 p.    No. 10 049  
    Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo
    (livreiro) Brito, em Brasília, DF
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    Caminhos

    Caminhos brancos da minha terra,
    da branca terra, que tenho em mim,
    distante de ódios, longe de guerra,
    entre alamedas de alvo cetim.

    Caminhos brandos, terra orvalhada,
    onde as aléias nunca têm fim,
    e em cujas ramas a passarada
    desperta o dia sempre em festim.

    Caminhos gratos, que eu imagino
    em mim vivendo sem um butim,
    entre baladas, bater de sino,
    nesta poesia que nasce em mim.


    Pinturas

    Surge a manhã, é doce a voz dos sinos,
    celebrando o nascer de um novo dia.
    Farras de luz, de cores e de trinos
    vagueiam na amplidão, em harmonia.

    Multidões, em seguida, de meninos
    pela rua, em contínua algaravia,
    conspurcam os silêncios matutinos,
    do momento, roubando a fantasia.

    Lembra este quadro a nossa própria vida.
    No início, um paraíso sem subida,
    onde todos procuram seus destinos.

    Depois, surgem percalços e amargura,
    mas a nossa alma cheia de ternura
    jamais se afasta dos fanais divinos.


MAESTRO, Humberto del.   CANÇÕES DO PASSADOVitória, ES: Grafitusa, 2003.  114 p.    No. 10 049  
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo
(livreiro) Brito, em Brasília, DF



        PERGUNTAS

         
Onde encontrar uma resposta certa,
                   Pura e sapiente
      Que alívio dê às sensações humanas
                   Eternamente?

       Onde encontrar a fórmula secreta
                     Que Deus ensina
       Para que o homem possa erguer do lodo
                     A alma divina?

       Onde encontrar o mais completo artista,
                     Fino artesão,
       Que nos confie para sempre as chaves
                    Da perfeição?

       Onde encontrar o doce e meigo afago
                    Para a tristeza
       Que, no presídio de nossalma louca,
                    Se encontra presa?

       Onde encontrar uma expressão exata
                    De ódio ou perdão,
       Para as perguntas que nos vêm frequentes
                    Do coração?

       Onde encontrar consolo à dor e aos males
                    Cá deste mundo
       E um lenitivo que nos deixe o peito
                    Ledo e jucundo?

       Onde encontrar o bálsamo querido
                    À inteligência
       Para sanar as crises iracundas
                   E de demência?

        Onde encontrar, meu Deus, a panacéia
                       Para esta sorte?
        Acaso no teu seio imaculado
                       Depois da morte?


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Página ampliada em outubro de 2024
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Página publicada em janeiro de 2023

 

 

 

  •  
  •        Página publicada em agosto de 2020

 


 

 

 
 
 
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