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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

WILSON PEREIRA

 

 

Nasceu em Coromandel, Minas Gerais, em 1949.  Viveu sua infância e juventude em Patos de Minas, de onde mudou-se para Brasília, em 1976. Professor universitário e assessor legislativo da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Formado em Letras e Mestre em Literatura Brasileira, pela Universidade de Brasília.

 

Livros de poemas:  Escavações no Tempo (1974), Menino sem Fim (1988). Os poemas a seguir foram extraídos de A pedra de Minas, poemas Gerais (Brasília, LGE editora, 2oo2).

 

Conheço a poesia de Wilson desde o tempo em que coordenei a seleção de livros para bibliotecas públicas, no final do século passado. Mesmo morando na mesma cidade, apenas o conheço de vista. Mas a poesia dele eu freqüento, sempre com renovado interesse, por seu lirismo, humanismo, minimalismo ­— Wilson Pereira bem poderia ser considerado o poeta do Eu, ao flagrar-se em múltiplas vertentes, desdobrando-se infinitamente. É, portanto, muitas vezes ótimo.” Antonio Miranda

 

 

Vejam também e leiam a POESIA INFANTIL de WILSON PEREIRA:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/wilson_pereira2.html

 

 

 

PEREIRA, Wilson.  Arraiais.  Jaboatão, PE: Editora Guararapes EGM, 2015.  16 p.  Editor: Edson Guedes de Moraes.  Edição alternativa, limitada.  “Wilson Pereira” Ex. bibl. Antonio Miranda.
Vejam o e-book do livro: http://issuu.com/antoniomiranda/docs/arraiais-_poema_de_wilson_pereira/1

 

 

ROCHA, Valdir.  Intimidades transvistas. Poemas de Alonso Álvarez, Eunice Arruda, Jorge Mautner, Neide Archanjo, Olga Savary, Raquel Naveira, Renata Pallottini, etc.  São Paulo:        Escrituras, 1997.   136 p. ilus. col.   capa dura  Inclui poemas de Alonso Alvares, Christiane Triceri, Cristina Bastos, Eunice Arruda, Gonzaga Leão, Hamilton Faria, Helena Armond, Ives Gandra, Jorge Mautner, Marola Omartem, Neide Archanjo, Nilson Machado, Olga Savary, Pedro Garcia, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallotini, Renato Gonda, Thereza Motta, Wilson Pereira.  19x25,5 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda 




 

 

 

 

PEDRAS DE MINAS

 

De
Wilson Pereira
PEDRAS DE MINAS
Brasília: Da Anta Casa Editora, 1994
112 p

 

FAGULHAS

Vou incinerar este dia
com o fogo do crepúsculo

e depois
com sôfregos músculos
vou escavar sob as cinzas
um sonho
e outros aindas.


DEUS ESTEJA NESTA CASA

A singela inscrição:
fé, certeza, certidão.

Deus é hóspede
         dos pobres.


À QUINTANA

Uma estrela sozinha
no fim da madrugada

reflete a minha vida
tão pequenina
e lume e nada.


POETINHA

Vinícius de Moraes,
que falta nos fazes!

Como um pai
que viajou
para muito longe

e não escreve mais.


NOSSO CASO

O nosso caso, amada,
teve seu preço:

a cama desarrumada
e os sonhos pelo avesso.

 

OUTROS POEMAS

 

 

APRESENTAÇÃO

 

Vou de-ser

do que sou

 

sub´ir

ao invento

 

na orla do tempo

além de mim,

 

feito canto

eu me apresento

 

menino sem fim. 

 

 

INFÂNCIA

 

Eu fui meu

como o espaço

era do pássaro.

 

Eu me soltava

em cantos e plumas

pelos campos da manhã.

 

Eu brincava comigo:

eu era eu

e o meu amigo.

 

Eu me falava baixo

para não espantar

o meu silêncio.

 

Eu era pequeno

e imenso.

 

 

O PEQUENO PROTEGIDO

 

O que eu trouxe

da infância comigo

está em mim

quase vencido.

 

Como um herói

desfeito em palavras

guardei pouco

para ser vivido.

 

Mas não me disse bem,

pois pouco me sei;

o que sôo é mais

o que de mim inventei.

 

Na verdade o menino

não cresceu comigo:

 

minha mãe o tem em si,

pequeno e protegido.

 

 

FUGA

 

O menino fugiu-me

sem que eu visse

por onde:

 

foi atrás da estrela caída,

foi colher uma flor do campo

e se perdeu de mim

que andava tão longe?

 

Ou o menino

subiu pelo arco-íris

pensando que era ponte

entre mim e o horizonte?

 

Ou o menino

fugiu-me

com medo de ficar grande?

 

 

VISÃO

 

Da janela

eu me vejo

 

                            indo.

 

Vou em mim

e me espero:

 

eu

vindo

me vejo

                   na janela.

 

 

AMBOS

 

Outro dia

passando por mim

 

eu quase me reconheci

 

mas íamos

ambos apressados

 

um para o futuro

o outro para o passado.

 

 

FAGULHAS

 

Vou incinerar este dia

com o fogo do crepúsculo

 

e depois

com sôfregos músculos

vou escavar sob as cinzas

um sonho

e outros aindas.

 

 

OUTRO

 

Querida,

 

quem te amou

fui eu,

 

não sou eu.

 

 

EUS

 

Dos eus

que me habitam

um há que me intriga:

 

hipócrita, mesquinho.

 

Mas qualquer dia,

quando estiver dormindo,

eu saio devagarinho,

apago a luz, bato a porta

e o deixo, para sempre,

sozinho.

 

 

SOU

 

Enquanto penso

enquanto pulso

sou um pequeno

Deus avulso.

 

 

SAÍDA

 

Resolvi meu dilema:

 

antes do fim,

na hora extrema,

vou sair de mim

e viver num poema.

 

 

De
Wilson Pereira
MENINO SEM FIM
Belo Horizonte: Miguilim, 1996


O pequeno protegido

O que eu trouxe
da infância comigo
está em mim
quase vencido.

Como um herói
desfeito em palavras
guardei um pouco
para ser vivido.

Mas não me disse bem,
pois pouco me sei;
o que soo é mais
o que de mim inventei.

 Na verdade o menino
não cresceu comigo:

minha mãe o tem em si,
pequeno e protegido.


No azul

A vida é uma pipa,

a vida é assim:

um menino
se soltando

se saltando

se soltando

no azul

         sem fim.

Visão

Da janela
eu me vejo
indo.

vou em mim
e me espero:

eu
vindo
me vejo
na janela.



PEREIRA, WilsonVoos diversos.  Ilustrações de Angelo Abu.   Belo Horizonte: Editora Dimensão, 2010.  56 p.  ilus.  16,5x24 cm.  Poesia infanto-juvenil. Col. A.M. (EA)

 

NESTA NOITE

Nesta noite
clara e fría,

depois de te beijar,

eu bebo
o vino da poesía
na taça do luar.

 

TREM DE MINAS

O amor
é um trem de desejos
um trem antigo
antigo demais

que vem carregado
de sonhos… e de queijos
lá de Minas Gerais.


PEREIRA, Wilson; NEPOMUCENO, AntonioReflexos do tempo.  1ª. Edição.  Brasília: Antonio Alberto Nepomuceno, 2012.  s.p.  21,5x21 cm.  Capa: papel couchê 300 g, plasticação fosca. Milo: color plus marfim 180 g em que estão impressas as fotos de Antonio Nepomuceno e papel vegetal 92 g com os poemas de Wilso Pereira.   Tiragem: 500 exs. Projeto gráfico: Estudio Sertão. Patrocínio CCI Construções e Incorporações.  ISBN 978-85-914710-0-3    Col. A.M. 

 

Infância

 

Eu fui meu

como o espaço

era do pássaro.

 

Eu me soltava

em cantos e plumas

pelos campos da manhã.

 

Eu brincava comigo:

eu era eu

e o meu amigo.

 

Eu me falava baixo

para não espantar

o meu silêncio.

 

Eu era pequeno

e imenso.

 

 

Rebrincando

 

Eu brinco hoje

com o menino

que aos poucos

já me foge.

 

O meu menino

brincava de ser

grande em mim.

 

Hoje eu brinco

de mim pequeno

             comigo,

brinco de ter sido.

 

 

 

Um dia

Eu sempre acordava cedo

para brincar.

 

Um dia meus brinquedos

se esqueceram

e não foram me acordar.

 

Levantei um pouco mais tarde

e fui trabalhar.

 

 

PEREIRA, Wilson.  Dos poemas gerais.  Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora
Guararapes EGM, 2011.  81 p.  14,5x20,5 cm.  ilus. fotos de detalhes de Ouro Preto, MG.   Edição artesanal de Edson Guedes de Moraes, poucos exemplares, para os amigos.  “ Wilson Pereira “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

PEREIRA, Wilson.  Escavações no tempo.  Belo Horizonte: RHJ Repr. e Distr., 1974.   69 p. 15x21,5 cm.   “ Wilson Pereira “  Ex. bibl. Antonio Miranda


A   ARANHA

 

A aranha

não se acanha

arranha o ar

e sobe.

 

Enquanto-sobe

(sus)pensa no fio

enquanto desce

tece.

 

Remove o vago

sobe e desce

cautelosa

nesse ofício:

 

lançar sobre

o nada

fios de seda

e sonho.

 

PEREIRA, Wilson.  A Pedra de Minas: poemas gerais.  Brasília, DF: L.G.E. Ed., 2002.      291 p. 11,7x21 cm.  “ Wilson Pereira “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

NINHO DAS ÁGUAS

 

(Chapada dos Veadeiros, Goiás)

Para o Dália

 

Caminho pelos campos

colhendo lumes e limos

 

da aragem banhada de verdes

e de aleluias azuis em minas

 

nascidas do fundo das pedras

e correndo entre cascalhes finos

 

bebo na concha das mãos

águas azulejadas de sedes

 

na transparência cristalina

nadam ondinas e peixes

 

os devas molham pincéis

num arco-íris mirim

 

para tingir flores e seixos

à beira dos caminhos

 

o vento semeia aromas

o silêncio cisma nos ninhos

 

meus passos ecoam longes

revoam pássaros de mim.

 

 

 

 

 

1ª.  BIENAL DO B – A POESIA NA RUA.  26 a 28 de Setembro de 2012.   Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col.  17x25 cm. 

 

                infância

Eu fui meu
como o espaço
era do pássaro.

Eu me saltava
em cantos e plumas
pelos campos da manhã.

Eu brincava comigo:
eu era eu
e o meu amigo.

Eu me falava baixo
para não espantar
o meu silêncio.

Eu era pequeno
e imenso.

 




Arte gráfica: Edson Guedes de Moraes
– Editora Guararapes – PE - 2016

 

 

 

 

Página publicada em novembro de 2020

 



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