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WILLEKENS VAN DORTH

WILLEKENS VAN DORTH

Formado pela Universidade Federal do Piauí em 1995, em jornalismto e história. Nasceu em Piripiri, no Piaui, Brasíl.

  “Há mais a dizer sobre a obra de Van Dorth. O autor remarca que seus poemas são autobiográficos — do vento da infância ao mormaço do exílio na estranha cidade que abras as asas num vôo rasante. Brasília e Piripiri estão em sua vida e versos. Mas não se enganem! Cadafalso não é um livro para ser folheado, ele dever ser desdobrado em cada página, lado e perspectiva”

Adriana Custódio da Silveira, prefaciando CADA FALSO, livro impresso em Teresina em 2004, com editoração especial, sanfonado, em cores, dentro de uma envólucro protetor.  

 

VAN DORTH, Willekens.   Cadalfaso.   Teresina: 2004.   s.p. 12,5x20 cm.   ISBN 85-904085-1-5  s.p., sanfonado e acondicionado em sobrecapa tipo “luva”.  Col. A.M. (EE)

 

FÁCIO
rima
não tem imã
apenas descubro
sílabas

Que se a-traem
não sei se no papel
não sei se na cabeça
ou no coração
apenas des-cubro
o véu da emoção

 

cadafalso

cada dia
cada hora

       ao cadê
       oro pra ver

             o fim do começo
             o início do nada
      

                    e nada
                    é tudo

cada uma

       mas não é falso

             ora

 


acercadaseca

a seca mata a moita
o dia na noite

a seca seca cega segue suga

cerco

mata
a consciência na inocência

a seca muda
fica o parto sem partilha

a seca de uns
a cerca do outro
acerca de todos


à seco

 

marginau

tempo
       vento
             sopra
                    e não volta
sinto que minto

vento
       tempo
             sopra
                    mas não volta
minto o que sinto

 

sudário
se a idéia me falta
um dicionário basta
se não tenho à mão
em qualquer escrito
é certo
acho a palavra exata
e por detrás dela
nada escapa

 

VERSÍCULO

no crepúsculo
o corpúsculo

não adianta o músculo
ou o testículo
nem sou tão másculo

tudo é maiúsculo
só eu minúsculo

mesmo assim
gosto do ósculo

ridículo

 

CLÃDESTINO

no pingo do meio dia
o sonolento ranger
da rede desfia
uma preguiça
que só me deixa despertar
com o cheiro do café
que minha avó tem a calma do meu avô
toda calma dele
minha avó é assim
meu avô é assado

 

ÁSPERA

basta
um bilhere
um telefonema

espero
uma chamada
uma imagem
o cheiro

a esperança é a última que morre
e també a que mata

basta


CERTIFICADO

em minha pasta
tanto papel arrasto
são documentos e apostilas
diplomas
projetos e apontamentos
de tudo isso estou farto
pois com toda essa bagagem
não pude ir tão longe
fique no meio da viagem
que grande fiasco

 

ESTIGMA
eu quero que você me diga
do  amor  a  maior  medida
da  morte  a   melhor  vida
do   sofrer   a   pior   ferida
 o    que   fica   da   partida
se antes da morte   há vida

 

Página publicada em novembro de 2008

 



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