SÉRGIO AVANCINE
Sou da carreira de Gestor desde 1998, com extensa vida profissional anterior (tenho 60 anos de idade): pesquisador, professor, técnico ou dirigente em prefeituras e órgãos públicos paulistas. Sempre tive prazer em escrever textos acadêmicos ou técnicos, por exemplo Notas Técnicas, tão peculiares ao dia-a-dia do Gestor. Desde 2001, tomei gosto também por poesia. Publiquei ‘Poemas Soltos’ em 2007 (lançamento apenas em São Paulo) e um segundo livro em 2011, 'Lua e meia', lançado em SP e Brasília. Fui então entrevistado na TV Senado (programa Leituras), Rádio Nacional (Agenda Cultural) e Correio Braziliense, o que me animou. Acumulei poemas (de imprevisível surgimento!) a ponto de perceber ter um estoque de mais de 100 poemas genuinamente brasilienses, inspirados em três fontes que a este migrante de São Paulo muito tocam: o nacionalmente famoso Céu, o característico Cerrado e a Cidade, sui generis no Brasil pelo valor urbanístico/arquitetônico. Assim surgiu 'céu / cerrado / cidade'.
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AVANCINE, Sérgio. Céu cerrado cidade. Poemas. Brasília, DF: Annabel Lee, 2014. 132 p 14,5x20,5 cm. Capa: Gabriel Cavalcanti. ISBN 978-149759696-5 “ Sérgio Avancine “ Ex. bibl. Antonio Miranda
ave maria
o sol no cerrado
de uma tal maneira
se enterra
se entranha
se encerra em mil cores
que
para beleza tamanha
não há como não convocar:
senhoras e senhores!
moto-contínuo
eterna ciranda
dividido entre o sol e a lua
o céu não tem dúvidas
e a fila anda
estádio
duzentas e oitenta e oito colunas
templo gigante
desses que se deve a quem é
e eu ali
insignificante
mané
engajado
causa sem limite o céu do cerrado
milite!
AVANCINE, Sérgio. Lua e meia. São Paulo: Arte Paubrasil, 2012. 64 p. 14x21 xm. ilus. ISBN 978-85-99629-36-9 “ Sergio Avancine “ Ex. bibl. Antonio Miranda
virgulíneas
se na vírgula respiro
entre vírgulas
cochilo
sombra
lua cheia nasce
meia lua vemos
a que perdemos
oculta faz-se
perdoemos:
nem todo mundo oferece a outra face
Poemas extraídos do livro
céu cerrado cidade Poemas para Brasília volume II
(Editora Escrituras, 2017)
pôr do sol
tonto
tento tinta para tanto tom
torres
nem de muito longe todo mundo é igual!
lúcio costa é analógico
niemeyer digital
a(.) bulcão
o eixo w
o eixo l
a asa norte
a asa sul
o azulejo branco
o azulejo azul
auto da torre
da torre de televisão
eu tomo o pulso do brasil
sinto o calor do jalapão
avisto o mar de cabo frio
megulho em copacabana
surfo na foz de iguaçú
subo a feira de santana
desço a de caruaru
oro a santa catarina
imploro a todos os santos
que proteja teresina
supervisiono os quatro cantos!
paquero as minas gerais
namoro a mãe (mantiqueira)
fico noivo em goiás
caso em ilha solteira
(...)
localizo bom retiro
perco foco em uberlândia
em volta redonda giro
retorno a candangolândia
pois na torre de Brasília
coração da capital
sou o faroleiro da ilha
seu olheiro federal!
Página publicada em agosto de 2015; Página republicada em julho de 2017
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