SANDRA FAYAD
Sandra Fayad é economista por formação acadêmica. Natural de Catalão (GO) mora em Brasília desde 1967. Escreve em prosa e versos desde a adolescência. Participou de 12 coletâneas poéticas, da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília/DF, da III Feira do Livro de Sergipe, da 1ª e da 2ª Bienal do B de Brasília. É membro correspondente da Academia Ceilandense de Letras e Artes Populares (ACLAP) e da Academia Catalana de Letras (ACL- GO), da Associação Nacional dos Escritores (ANE) e da Associação Cultural do Guará/DF (GUARARTE).
É autora do livro “Animais que Plantam Gente”, expressamente recomendado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão e incluído no Programa de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Foi homenageada em Portugal em 2010 e 2012 pelos associados da U.L.L.A (União Lusófona das Letras e das Artes) e do Portal “Horizontes da Poesia”. Textos seus sobre Meio Ambiente foram publicados também no Jornal “O Liberal” de Cabo Verde (África). A convite da Embaixada da Síria, publicou poesia no periódico impresso Al Sununu, de Damasco em português, inglês e árabe. Algumas de suas poesias foram publicadas também em francês.
Em 2011, lançou os livros de poesias “Cerrado Capital – A Vida Em Duas Estações” e “Poemas Síntipos”.
Ainda em 2011, participou da 30ª Feira do Livro (DF), da 2ª Coletânea Poética do Guará, da 2ª Antologia do Horizontes da Poesia (Portugal), e foi uma das cinco participantes do Programa Corrente Cidadã na TV Câmara.
Em 2012 foi entrevistada pelo Programa Iluminuras da TV Justiça em Brasília e participou da 3ª Coletânea Poética do Guará.
Em 2013, lançou o livro de contos “Histórias de Jorge, o Batuta” em Catalão (GO e Brasília (DF). Site/Blog pessoal: http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
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A Revista Cerrado Cultural, publicou duas poesias de Sandra Fayad, gravadas com a interpretação (voz) da autora. CONFIRAM:
http://revistacerradocultural.blogspot.com.br/2015/04/a-voz-do-autor-sandra-fayad.html?spref=tw
TEXTOS EM PORTUGUÊS – EN FRANÇAIS – IN ENGLISH –
IN ARABIC (EM ÁRABE)
DISTÂNCIA ENTRE NÓS
Há uma distância entre tu e eu
Que não se mede em quilômetros
Ou horas que o carro percorreu.
Tão pouco é medida em centímetros
Ou segundos que o atleta venceu.
Entre nós a distância é de valores
Limitada por barreiras invisíveis.
Tem diferentes formas de amores
Palavras há tempos inconcebíveis
Com sons ruidosos e novas cores.
Para ti distante é o tempo futuro.
Meu presente faz parte do passado.
Entre ambos ergueste um muro,
E segues apenas de um lado
Mais veloz, porém menos seguro.
Nos autosserviços vais com afã.
Queres bigs, fanta MAIS quarteirões.
Tua linguagem me parece anã,
Mas sigo à risca tuas orientações,
E da janela caem tortas de maçã.
Ainda com o carro em movimento
Desembrulhas tudo com facilidade.
Abocanhas pão sovado, regas condimento,
E enquanto percorremos a cidade,
Comes fritas e refri vais sorvendo.
Fascinada com tudo na verdade,
Percebo como é difícil alcançar-te,
Mas mantenho a pose típica da minha idade
E decido ainda aconselhar-te:
-Come devagar, para melhor digestibilidade.
ESPELHO, ESPELHO MEU!
Espelho, espelho meu!
Mostra-me a verdadeira face.
Desnuda-me de mim mesma.
De cara com minha cara
Sem disfarce, sem muralha,
Com dedo em riste, mudo
Grita de frente quem sou.
Em tua presença, sem escudo,
Vejo linhas irregulares
Do tempo que envelheceu
Em condições singulares.
Sinalizam minhas perdas
Em momentos e lugares.
Reflete a luz incandescente
Que do meu olhar se perdeu.
Aproxima minha mente
Da graça de um camafeu.
Energiza a pele encorpada
Que, sem visco, esmaeceu.
Não importa, espelho meu!
Se, em tua sentença atroz,
Calas meu canto desentoado,
Aprisionas minha voz.
Sigo a cantar mentalmente
A riqueza dos anos dourados
Que a vida me deu de presente.
COMICHÃO
Meu compromisso é com a rotina,
Minha sina é a tradicional sina.
De repente ( nem Freud explica)
Vem o danado do comichão. Coça!
Nos ouvidos... a muriçoca azucrina.
Quero manter-me na rotina,
Quero cumprir traçada sina.
Ah, que perturbação!
Que coceira! Coça...coça...
Muriçoca nos ouvidos
Zoa...Zoa...
Não presto atenção. Ou presto?
Que sono! Faz parte da rotina: dormir!
É a sina!
Oito horas? Pelo menos seis...
Bocejo. Espreguiço.
Continua o comichão,
Continua a muriçoca.
Não dá pra ignorar: Eles são os reis
Sento-me na frente do computador
E escrevo um poema
Outra vez...
COMER, COMEMORAR
Goianeira Candanga comemora a chegada da chuva no cerrado.
Comer muito. Exagerar!
É sempre assim na ansiedade,
Mas não foi ela quem aportou.
Quem chegou foi a fe-li-ci-da-de.
Chegou de braços dados com a chuva
Depois dela, a garoinha imperceptível:
Leve como uma pulga calçando luva
Suave como um pernilongo mudo!
Algo bom! percebido, invisível.
Pulmões livres, olhar lubrificado,
Cantos da boca erguidos pelo sorriso.
Os pés? Querendo saltar lado a lado!
Família bem humorada, amigos festivos
Passarada em as...simétrica cantoria
Minhocas, lagartixas, cães, borboletas:
Todos a comemorar o fim da letargia.
Plantas das mais tenras às encorpadas,
Que murchas e minguadas adormeciam,
Erguem os braços inflexíveis: espadas!
Ao invés de guerra, o ar puro acariciam.
Eu ali faminta de beleza e alegria,
Depois de caminhar, esticar e agradecer,
Ganhei um quilo de gordura na bacia
.
Alegrei até os radicais livres sem querer.
MINHA PRAIA SEM SAL
Caminhar no Eixão tem gosto de picolé de coco, cheiro de
alfazema e importância de colo de mãe.
Minha praia sem sal,
Sem mar abaixo,
sem ondas e areal.
Meu calçadão
Pintado de verde e branco
Adoçado com flocos de algodão
Minha praça sem coreto,
Sem fonte, sem bancos.
Meu amuleto!
Meu bosque atapetado
Colorido de encantos,
Ensolarado ou nublado,
Não importa!
Um e outro dão prazer
De domingo navegar
No teu pomar, na tua horta,
Eixão do Lazer !
SEROTONINA
(Goianeira Candanga é caminhante costumeira pelas Quadras de Brasília e se atreve a aconselhar)
Olha o mundo girando...
Não te impressiona com os desacertos
Nem briga com o teu destino.
Circula, vai circulando...
Tudo tende ao redondo,
Traça metas, confia no teu tino,
Ultrapassa fronteiras, quebra elos.
Aproveita o que te resta de menino.
Sê prudente, mas não exagera.
Trabalha o teu lado canhoto,
Lança com ele a certeira esfera
Enquanto teu destro descansa maroto.
Corre! Mas corre sob o sol nascente
Com a brisa leve te acariciando.
Ergue o calcanhar da calçada quente.
Sente a serotonina da cabeça aos pés.
Engata a primeira, a segunda, a terceira...
Mas desengata tuas incômodas rés.
Inspira! Expira! Respira teu ar inteligente.
Levanta! Abaixa! Estica! Fica na ponta dos pés.
Só desacelera...
Quando estiveres cantando a leveza da liberdade,
Que acabaste de conquistar;
Ou te pegares compondo um poema (mentalmente)
Sobre o brilho do sol, a iluminar uma estrela cadente.
S E M V O C Ê
(com sete ervas)
Sem você, sou galho de arruda murcha,
Que não protege de mal olhado,
Nem afasta despacho na encruzilhada
Ou feitiço amarrado por uma bruxa.
Mas se você vem, comigo-ninguém-pode,
Mesmo que a tempestade impiedosa,
Ameace projetos e deixe seqüela..
Na sua ausência, para irmos ao pagode,
Os caminhos não se abrem
E o alecrim se descabela.
Mas se você chega, mesmo na tigela,
A capuchinha se põe mais bela,
O manjericão perfuma tudo o que pode,
Arroxeando de vergonha a alfavaca donzela..
Sem você a espada de São Jorge
Não atravessa nenhuma pinguela,
Nem aqui em Brasília, nem na Guiné.
Mas se você aparece na minha janela,
A pimenteira até combina com café,
E meu sorriso grita feliz:
Alevante o trinco da cancela!
1ª. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 28 de Setembro de 2012. Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col. 17x25 cm.
na dança da íris
[...] Olhares que se cruzam, descruzam, desviam,
Disfarçam, encaram sem despistar...
Batons, perfumes, cabelos em voos vadios,
Pernas exibidas em meias, rodopiam no ar.
Mulheres e homens nas suas melhores vestes
Em busca do número que completará seu par,
No salão só meia-luz: luz de corpos celestes!
Há que conter o avanço da noite. Ela deve tardar(...)
EN FRANÇAIS
Déclaration d'amour a Brasília
J'aime ton ras horizon,
Ou l'on trouve encore
Fruits-de-Loup et Loups-Guará.
J'aime ton sablon infertile
Et les ponts sur le Paranoá.
J'aime tes arbres tordues,
Que portent le Tamanduá.
J'aime humer la nostalgie
Quand je suis loin de toi.
Alors je retourne vers ton sein chaud,
Qu'allaite copieusement
Les chemins rectilignes
Qui vont de mes parents
A mes petits-enfants.
Traduit par: Fernando Oliveira
Brasília n'a que deux saisons
D'octobre a Mai - quelle merveille!
Nuages chargés cheminent en permanence
cherchant brindilles séchés et terre nue
Pour semer en chaque lieu un vert diffèrent.
Prévisions météorologiques?
Ne croyez qu'en las nationales – non parce-quelles puisent être erronés -
N'essayez pas de prévoir les régionales
Car même par un soleil embrasé...
(Regardez juste à coté) il pleut à torrents.
Depuis, c'est le désert qui domine le paysage
s'imposant a tout avec ses tons marrons.
N'ayez pas peur!
Élaborez à l'air libre fêtes d'anniversaire, mariages ou autres évènements.
Bénéficiez surtout de la beauté qu'arrive de l'horizon
Levez-vous assez tôt. Et regardez le spectacle du soleil naissant
Et plus tarde son ponant
derrière une petite élévation
dans un merveilleux mélange de couleurs,
comme une salade de multiples saveurs.
Traduit par: Fernando Oliveira
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Página publicada em julho de 2012. ampliada e republicada em julho de 2013; Página ampliada em novembro de 2020
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