RÊGO JÚNIOR. Zigoto das palavras. Ceilândia [Brasília] , DF: Dino Editorial, 2014? 152 p. ilus. col. 22x22 cm. ISBN 978-85-0000-000-3 Apoio FAC – Fundo de Apoio à Cultura, Secretaria de Cultura, Governo de Distrito Federal Ex. bibl. Antonio Miranda
“Em Zigoto das Palavras a poesia é alimento espiritual da odisseia interior, para o homem reconhecer-se no outrem e lapidar sua humanidade. A Poesia é catarse para o Poeta e o leitor. Grito-primal de libertação. Pode ser o olhar atento ao movimento do planeta, ao abalo sísmico da gritante desumanidade, à falência dos sistemas sociais tal como se sustentam nas estatísticas da miséria, do ódio, do desemprego, da injustiça, a eterna busca humana às respostas das inquietações históricas, filosóficas, religiosas.” (...) “O lado lúdico da palavra buscando o significante.” MENEZES Y MORAES.
DESESPERO
Um homem frustrado, um verme calado
Uma mosca no lixo, um homem falido
Um desempregado, um homem acuado
Uma ave de rapina, um homem que assassina
Um bote fatal, desespero geral
Um tiro no escuro, alguém transpõe o muro
Um emprego no rádio, que não dá para o coitado
Assalta de dia, vai à missa vazia
Com o terço no peito, ele rouba o prefeito
Com a arma na mão, ele pede perdão.
— Amém.
BROTAMENTO
Ser gente
Ser mente
Mente sã pra sempre
Ser
Mente
Semente
Para brotar conhecimento
No solo fértil da gente
2a. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 29 de junho de 2012. Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2012. 130 p. ilus. col. 17x25 cm. Inclui textos dos poetas participantes do evento.Ex. bibl. Antonio Miranda
Neo-Escravo
Escravo não
— Abolido
Senzala não
— Dependência completa para empregada
Senhor feudal não
— Meu patrão
Quilombo
— Conjunto habitacional
Capitão do mato não
— Meu gerente
Fazenda não
— Periferia
Degraus não
— Carteira assinada
Trabalho dobrado não
— Faço horas extras
Escravo não
— Neo-escravo
Página publicada em agosto de 2016