NILVA SOUZA
Nilva Souza Cabral Lopes Poeta, Psicanalista, empresária, membro do SINPBRASILIA, Estudou Gestão de pessoas na instituição de ensino UNEB, Brasília-DF.Nasceu em Anápolis, Goiás.
SOUZA, Nilva. Nus do invisível. Brasília, DF: 2017. 170 p. ilus. col. Ilustrado com aquarelas de Paulo Mac Dowell.
Despojo
Habites na humildade
e te habitarão
bons sentimentos.
Os humildes
compõem o melhor
espécie de gente.
Realidades virtuais
As mãos
que acariciam a pele quente
andam perdidas em teclas frias.
Ipê menino
Pequeno ipê
que para florir
não precisou crescer.
SOUZA, Nilva. A menina que não brincou de boneca. Brasília: Ed. da Autora, 2022. 115 p. ISBN 978-85-00-36511-5
Ex. bibl. Antonio Miranda
(Todos os dias
Lavava louça
Lavava o chão
Lavava o chiqueiro
Lavava banheiros
Lavava o panos
E as roupas minhas
A faxina intercalava
Entre os dias
Quando fazia
Toda a limpeza de dentro
Lá fora iniciaria
22 horas
A hora que terminaria o dia)
***
Ainda é o mesmo piso que outrora ela varria
O cabo da velha vassoura
Que reconhecia as mãos calosas
E lamentosas confidências.
***
Ao completar 11 anos
— Pai, não volto mais para aquele inferno.
— Volta sim
— Eu que mando em ti
— Minha mãe precisa de uma empregada
— Não tem problema se não me quiser aqui
— Moro na rua
— Não sei o que será de mim.
(Aquela casa não tem teto
para me cobrir)
Deu fim àqueles dias
Que pareciam infindos.
|
SOUZA, Nilva. O céu é o Cerrado: poemas. Brasília: Editora Lima e Félix, 2018. 224 p. ISBN 858954633-0
Ex. bibl. Antonio Miranda
Fruto de carne
O pé era pequeno
diante do abacateiro
mesmo com tronco delicado
seus frutos ofereceu-me primeiro
ali se firmava
era música sem estrofe formada
e quando me aproximava
seus lábios carnudos
um beijo me oferecia
quando minha boca sentia
saciava-se por hora
o desejo do gosto gostoso
da carne da graviola.
Guariroba
Hoje terá gueiroba pro almoço
(plamito amargo) com açafrão
com galinha caipira
ou no empadão.
Tão afável, o amargo dessa palmeira
acarinha o paladar das emoções.
Na culinária daqui, se costuma
comer o amargo, com brandura
coração generoso e alma de gratidão.
Um pedaço na minha boca
minhas pálpebras descansam
pra receptar a serotonina
produzida dessa deliciosa iguaria
que deixa nos apreciadores
mais amor pela vida.
Serenata
Abriu a janela a moça emocionada
conduzida pela música que escutara.
De onde vem?
Ao abrir a janela o avistara
com um violão e uma flor.
Não acreditava que o amor
fora lhe visitar naquela noite
pensava que só em filmes
ou nos contos de fadas
ainda se faziam serenatas.
Tanto se encantou
que desceu e o beijou.
E para sempre aos ouvidos dela
músicas entoou.
CANDANGOIANOS, NA POÉTICA BRASILIENSE / organização José
Sóter. Capa: Sobre o quadro Campo de Espinhos, do artista
Lemuel Gandara (escrito com tinta do Pequi). Projeto gráfico do
capista Potyguara Pereira Netto. Miolo: projeto gráfico e diagramação
de Alex Siva. Organizadores: Sóter, Augusto Niemar, Salomão Sousa.
Brasília, DF: SEMIM 2024. 116 p. ISBN 978-85- 980743-6-4
No. 10 203
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda, doação de Salomão Sousa.
Envelhe (Ser)
Anda devagar
fala suavemente.
Em baixo tom
sussurra os desejos.
É delicado ao tocar.
Para o tempo
pede um abraço demorado.
Para a brisa
uma carícia
Para os céus pede
a salvação
Para o cansaço
mãos que afagam.
Nos parece breve a vida
quando é chegada
a hora da partida.
Esperas
Quando as angústias
ferirem meu coração
que eu saiba e não duvide
de que isso também passará
Que eu tenha a mansidão
e acolha todas as expectativas
de dias ensolarados
límpidos e alegres ao som
dos cantos dos pássaros
Se demorarem a vir esses dias
que a espera não seja de ansiedades
mas de certezas
de que na espera
também há poesia.
Vestígios
Indelével vida
a do poeta.
Hoje odeia
ou ama
amanhã
poesia declama.
Estações
Nos meus outonos
desnudo-me dos versos
Para nos meus invernos
declamar poemas
Vestida da sua pele.
CANDANGOIANOS, NA POÉTICA BRASILIENSE / organização José
Sóter. Capa: Sobre o quadro Campo de Espinhos, do artista
Lemuel Gandara (escrito com tinta do Pequi). Projeto gráfico do
capista Potyguara Pereira Netto. Miolo: projeto gráfico e diagramação
de Alex Siva. Organizadores: Sóter, Augusto Niemar, Salomão Sousa.
Brasília, DF: SEMIM 2024. 116 p. ISBN 978-85- 980743-6-4
No. 10 203
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda, doação de Salomão Sousa.
Envelhe (Ser)
Anda devagar
fala suavemente.
Em baixo tom
sussurra os desejos.
É delicado ao tocar.
Para o tempo
pede um abraço demorado.
Para a brisa
uma carícia
Para os céus pede
a salvação
Para o cansaço
mãos que afagam.
Nos parece breve a vida
quando é chegada
a hora da partida.
Esperas
Quando as angústias
ferirem meu coração
que eu saiba e não duvide
de que isso também passará
Que eu tenha a mansidão
e acolha todas as expectativas
de dias ensolarados
límpidos e alegres ao som
dos cantos dos pássaros
Se demorarem a vir esses dias
que a espera não seja de ansiedades
mas de certezas
de que na espera
também há poesia.
Vestígios
Indelével vida
a do poeta.
Hoje odeia
ou ama
amanhã
poesia declama.
Estações
Nos meus outonos
desnudo-me dos versos
Para nos meus invernos
declamar poemas
Vestida da sua pele.
*
Página ampliada em abril de 2023
*
Página ampliada e republicada em dezembro de 2022
Página publicada em junho de 2018
|