MYRIA DO EGITO
Nasceu e residiu em Fortaleza até formar-se em Medicina em 1977. Escreve poesia desde os 8 anos de idade. Morou em várias cidades no Brasil e no exterior. Participou de movimentos estudantis e foi diretora do Sindicato dos Médicos do DF.
De
EGITO, Myria do
Prelúdios Noturnos – um concerto de palavras.
Montevideo: aBrace editora, 2010. 78 p.
ISBN 9978-9974-8181-9-4
MINHA CLAVE NÃO E DE SOL, É DE LUA.
Meus prelúdios são poentes,
arautos de minguantes,
não crescentes.
Meus noturnos ecoam
nos espaços carentes.
E teclas, carpideiras,
repicam réquiens.
PINCELADAS TORTURADAS,
esparramando cores
na tela apática,
embebe-se e nasce,
da mão torturada
do pintor.
Feridas jorrando tons,
amarelos desesperados,
vermelhos sangrantes.
E azuis
todas as nuances
mar, noite, água, céu.
Angústia borbulhante
em criação incansável
como se soubesse
que o tempo esvaía-se
como os que partiam
como os que morriam.
Desespero explode
vulcão em erupção.
Alma atormentada
amputando-se.
Faca, orelha, dor,
tela, campo, cor.
Olhar perdido,
sem saber de si.
Perdendo-se
no torturante
pesadelo de cri ar.
Carente
de um olhar por dentro
da carcaça infame.
Banido.
Tingido de cores
em tela de sombras.
Teu legado.
que o mundo rejeitou.
espraia-se por
galerias e museus.
Inatingível
e eterno.
Impassível
como as cabeças de cervos
em paredes anónimas,
Conheço tua tortura,
parceiro na loucura,
na busca do ponto final.
Van Gogh
Página publicada em julho de 2011
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