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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MIGUEL J. MALTY

Miguel Jorge Malty nasceu a 18 de Julho de 1919.

Nascido em São José - SC/filho de Jorge M. Malty e Clélia S. Malty, Miguel J. Malty é jornalista, escritor e poeta, com assento na cadeira n° 28 da Academia São José de Letras, patrono Othon da Gama D'Eça. Formado em Ciências e Letras, Teologia e Comunicação. Profissional de Imprensa, repórter, publicitário, redator e diretor de órgãos da mídia escrita em São Paulo, mais notadamente no ABCD paulista, onde fez parte de entidades de cultura e artes de Santo André.

 

O autor de Abkar - A Cidade Encantada, foi o fundador do Clube de Poesia editando Cadernos de Poesia e o jornal de letras Acádemo. Editor, tradutor e redator da Casa Publicadora Brasileira, responsável pela criação e lançamento da revista infantil

Nosso Amiguinho.

 

Miguel J. Malty faz parte de instituições congêneres de letras. Em Brasília é membro da Associação Nacional de Escritores, Casa do Poeta (Elos Club) e Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.

 

Com 40 obras publicadas, Malty edita desde 1988 o alternativo poético Estro, já no n° 123. Reside em Brasília há 34 anos.

 

 

 

MALTY, Miguel J.  Abkar – A cidade encantada.  Brasília: 208.  52 p.  15x21 cm. Edição do autor.  Col. A.M. (EA)

 

PROGÊNlE DIVINA

 

Vim da estelar corte do Infinito

onde flutuam sons de teofania.

Trago no peito o altar em que, contrito,

realizo a inaudita eucaristia.

 

Vim do páramo ignoto onde o conflito

original dos males ousaria,

no mistério de um réprobo maldito,

a subversão no reino da Harmonia.

 

Ó, quanto tempo eu sigo o tempo instável,

guiado pelo Excelso Soberano

sob uma luz mirífica, inefável.

 

Esperançoso vou, sem temer dano,

até que um dia, vindo o inevitável,

ao seio, voltarei, do Grande Arcano.]

 

 

ÊXTASE

 

No azul-cobalto da infinita esfera

da altura etérea que se estende infinda,

lobrigo luzes vindas da astrosfera,

num vislumbre de muito além, ainda.

 

Espraio o olhar, perlustro a ionosfera

e vejo um áureo campo que não finda,

como se fosse a eterna Primavera

da própria Divindade, assim provinda.

 

Em êxtase mính'alma descobria,

ante o esplendor de tanta pedraria,

revérberos da santa Claridade.

 

Voltei a mim. Um sonho, uma visão?

Seria toda aquela aparição

mostras da apocalíptica Cidade?

 

 

 

MALTY, Miguel J.   Da trova e do trovador.   Brasília: Edição do Autor, 2003.  4i p.  14x21 cm.  ilus.  Capa e ilustrações: Larissa Malty.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         Como pedra lapidada,
         de cortes os mais diversos,
         a trova é joia assentada
         No engaste de quatro versos.

         *

         Sem introito, sem prefácio
         sem requintado proêmio
         Trovas, flores do meu Lácio
         Que considero por prêmio.

         *

         Quatro versos, quatro luzes
         compõem a trova da vida,
         luzindo por sobre as urzes
         da vereda percorrida.

         *

         Eu penso, e a escrever me Atrevo
         busco ser franco, não minto.
         Eu sempre sinto o que escrevo;
         nem sempre escrevo o que sinto.

 

MALTY, Miguel J.   Sonhos e anseios. Poesias.  Brasília: Editora Gráfica e Editora Distrital, s.p.   53 p.  Capa: Larissa Malty.  N. 09 406

 

         NUVENS

         Nuvens calmas, silentes, peregrinas
         no domínio da imensa esfera astral;
         velas pandas de naves netuninas
         navegando por mares de cristal.

         Fico perdido, olhando estas divinas
         guardadoras do Arcano sideral,
         quando passam nas horas vespertinas
         cheias de encanto e graça angelical.

         Estas plácidas nuvens silenciosas,
         são indecisos sonhos flutuando
         no céu profundo, imenso das Distâncias...

         Nuvens brancas, de imagens caprichosas,
         sois irmãs dos meus sonhos que, voando,
         vão perder-se no céu das minhas ânsias.

 

         SONHO, AVE MANSA

         Nuvem branca que aparece
         no céu e aos poucos se esfuma,
         como a ilusão esvaece,
         mas surge logo mais uma...

         Assim coração de poeta,
         aos sonhos sempre se abrindo.
         Estende as mãos à coleta
         e vê os sonhos fugindo...

         Mas sonhador não se cansa,
         cantando não desanima.
         O sonho é como ave mansa:
         Voa, voa e a gente estima...
         

  

 

 

CADERNO DE POESIA - II.  Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954.   90 p.     15,5 X 22,5 cm.         Ex. bibl. Antonio Miranda.  

 

        A batalha da vida diária

      
Terminou a batalha dum dia penoso.
       Homens e mulheres, crianças, aos milhares,
       lutaram pela vida a luta do viver.
       Os homens abastados lutam com a opulência,
       as ricas na luxúria e na vaidade inglória,
       e os filhos do ricaço em luta pele escolha
       do mais caro brinquedo ou roupa mais bonita.

       O homem da pobreza ardeu o dia inteiro,
       sofreu nas grossas mãos a rigidez das máquinas,
       suando um suor preto — a tinta da fuligem,
       na luta pelo pão caríssimo do dia.
       Cansado atrás deixou o campo de labor;
       e até chegar em casa, até chegar à mesa,
       sofreu horas inteiras de cansaço e dor...
       Comeu mal o seu pão, à noite mal dormiu.

       A mulher da pobreza sofreu arduamente,
       lutando a luta rude e suja das indústrias,
       a face macerada, a roupa amarrotada
       e os cabelos cobertos de pó e penugens.

       E os filhos do operário a sós passaram o dia,
       lutando no abandono em meio à própria vida.

       Findou, por fim, o dia!
       Para muitos foi dor, para alguns alegria.
       É sempre bem maior o número de pobres!

       O Sol como um ferido,
       arrasta-se, ofegante, além para o ocidente.
       Deixando atrás de si rastros de sangue quente.   

             Morreu, por fim, o dia!


       O vaso do coração
      
       Este vasinho azul da minha mesa,
       Decorado de ouro purpurino,
       Contendo tanta flor, é mesmo um hino
       De encantamento e de subtil beleza.

       E eu me abandono à voz da natureza,
       Cantante, deste vaso pequenino,,
       Este cromo de encanto peregrino
       Que me convence de cruel certeza.

       Tantos botões de rosa num só vaso,
       Como os clarões doirados de um acaso
       Transbordante de glória e de esplendor!

       Tanto amor, tanto anseio em mim floresce,
       Que eu sinto ser demais toda essa messe
       Para a vida de um pobre sonhador.


       Canta e sorri


       Sorrindo me verão eternamente,
       Meu riso será sempre um arrebol.
       O brilho dos meus olhos será quente,
       Pois resplende em minh´alma sempre um sol.

       Festivo hei de sorrir continuamente,
       Versos cantando como um rouxinol;
       Vivendo como quem a dor não sente.
       Embora suportando atroz crisol.

             Canta, pois, coração e salmodia,
             Eterniza em meu peito esta alegria,
             Transformando em poema toda dor!

             Sobrepõe-te à tristeza e ao sofrimento;
             Haja em ti a voz do canto e não lamento;
             Vive, enfim, para o Senhor e para o Amor.

 

*

Veja e Leia  outros poetas de SÃO PAULO  em nosso Portal:

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html

 

Página publicada em novembro de 2022

 

 

 

 

 

 

 

 

Página publicada em junho de 2012; ampliada em julho de 2017.

 

 

 

 

 

 
 
 
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