MARDSON SOARES – DARIO SILVA
MARDSON SOARES nasceu no estado do Piauí. Advogado. Graduado em Direito pela Universidade Católica de Brasília. Um de seus poemas, intitulado "Ao Piauí, as enrribas!", uma homenagem ao seu estado natal, foi um dos selecionados para a Mostra Literária da 9ª Bienal da União Nacional dos Estudantes, em 2015, no Rio de Janeiro.
Selecionado na categoria "Poesia" pelo trabalho "Ao Piauí, as enrribas!" para participar da 9ª edição do festival Bienal da UNE, em 2015
Ao Piauí, as enrribas!
I
Ao Piauí, as enrribas!
São tuas, brasas fogosas,
As vistas quietadas e rubras
Dos céus tomadas airosas
Costadas das serras maturas
Ao Piauí, as enrribas!
Dos ribeiros surgidos, cativadas
Enamoradas das serras eivadas
Tal tríade, oh serras, prostituídas!
De brasas ou rios indecididas
Ao Piauí, as enrribas!
Açoitam as águas ao Norte
Que bojo, oh terra, querias
Cuspido arriba consorte
Oh, Delta, rumado esfatias
Ao Piauí, as enrribas!
Morada barrosa teu rio
Ao Sul ante o Parnaíba
Cortada abaixo, Ovil
Tinhosa, terra, caraíba
II
Ao Piauí, as enrribas!
Jamão rumou-se dali
E deixou sua Rosa, desflorescida
Do peito a saudade crescida
Que vistas teriam, Piauí
Ao Piauí, as enrribas!
Jamão, a visão se lhe opunha
Que praguejo dissera, Quitéria
- Viçosa, Jamão, a pupunha
Que miséria, Deus, que miséria
Ao Piauí, as enrribas!
- Vai-te, Jamão, e não te olvides
De tua fralda e de tua rapadura
Pr'outro lado, que alivia a quentura
Donde não racha a terra dura
Ao Piauí, as enrribas!
Paga teu rosário, e vai-te
Dai a benção a Ioiô
E a tua madrinha, e vai-te
Dai a benção a Ioiô...
III
Ao Piauí, as enrribas!
À vista um fraquejo, tontura
Os olhos não clareia a Lua
De céus de estrelas, amargura
Asfalto e cimento desnua
Ao Piauí, as enrribas!
Jamão padeceu do ofício
Que labuta mealhar um trocado
Chinelos pros pés, sacrifício
Que pranto, que riso forçado
Ao Piauí, as enrribas!
Nem o canto dos mesmos vestruzes
Dali que tão grande, posta matéria
Nem o gosto, os mesmos cuscuzes
Que miséria, Deus, que miséria
Ao Piauí, as enrribas!
Nem o cheiro dos mesmos mastruzes
Dali que tão grande, posta matéria
Nem os rios, os mesmo afuses
Que miséria, Deus, que miséria
Mardson Soares
DARIO SILVA
DARIO SILVA é heterônimo de Mardson Soares.
Dario Magalhães Sucupira Barradas Lima e Silva (Brasília, DF, 1992- ) nasceu entre os pilotis e o verde da 308 Sul. Prestou vestibular para Geografia, na Universidade de Brasília, qual obteve aprovação. Todavia, abandonou o curso no 2º período, para dedicar-se à profusão poética.
Seus avós paternos vieram do Piauí, seus avós maternos, do Rio. Sua formação elementar das letras nacionais trespassou, dentre outros autores, sob as leituras de Antonio Francisco da Costa e Silva, Francisco Gil Castelo Branco, Mário Faustino e Torquato Neto, por seu ramo paterno; Manuel Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Olavo Bilac e Raul Bopp, por seu ramo materno.
Tem alguns poemas publicados em revistas literárias, como a luso-brasileira Subversa e a revista brasileira Madame Eva.
ANTÃO
Amo-te, Antão, as tuas coxas!
Louvou-te meu olhar de afetação
No balanceio imodesto das pregas
Quão justas, as tuas, varão!
Amo-te, Antão, as tuas coxas!
Se pelicas, ou se espichas às cegas
Uma fitada ordenada atravesso
Como se apalmasse a visão
Amo-te, Antão, as tuas coxas!
Nem um riso, desaviso compresso
Nem um passo, antevista cisão
Furta a mirada da compostura
Amo-te, Antão, as tuas coxas!
Que bem afazeres, se te amado
Mas tão mais rija e formosura
Que o amar se defraudado
Amo-te, Antão, as tuas coxas!
Bem quis mirar o mais íntimo
Mas tão mais rija e formosura
Que cedeu o amar ao ânimo
[Poema extraído de: http://www.canalsubversa.com]
Página publicada em julho de 2017