Foto: na capa do livro, de 1984.
MARCELO VARGAS
Professor titular de Ciências Sociais na Universidade Federal de São Carlos, amante de literatura e poeta.
HÁ VAGAS para texto e traço. No. 3. /Revista cultural/ Brasília: Fundação Cultural do Distrito Federal; Decanato de Assuntos Comunitário da UnB; Livraria Presença, 1985. s,p. 21x 21 cm. Coord. Editorial.:Chico Leite. Capa: Murilo Lobato / Juan Pratginestós.
Ex. bibl. Antonio Miranda
A seguir, um dos poemas da revista:
VARGAS, Marcelo. Árvores e antenas. [Brasília, DF.]: Itiquira Thesaurus, 1984. Apresentação: Cassiano Nunes. Capa: Branca de Oliveira. 72 p. 10,5 x 10,5 cm Ex. bibl. Antonio Miranda
“O jovem estudante, adverso à futilidade, faz da sua poesia campo de suas reflexões, registro de suas preocupações humanas. O espaço branco do papel, vai marcando, gravando, com suas ideias, inquirições, conclusões. A poesia desse moço me leva a pensar numa espécie de caligrafia reflexiva, ou grafologia vivencial, existencial.”
CASSIANO NUNES, na Apresentação do livro.
YIN/YIANG DIALÉTICO
Desfrutar e virar semente
para frutificar
e frutificar para
(se) desfrutar
Afirma-se para negar
e nega-se para afirmar
Dividindo, multiplica-se
e multiplicando-se, se divide
É necessário: entrar para sair
e sair para entrar
A ignorância busca o saber na indagação,
a sapiência, ignora na afirmação
É preciso: envolver para desenvolver
e desenvolver para (se) envolver
Quanto mais longe
mais perto
quanto mais perto
mais longe
Quanto mais um (enquanto mais individual)
mais infinito (mais universal)
quanto mais infinito
mais um.
FÉRIAS ETERNAS
Há sempre um arco-íris
disponível
p´ra aquele que está de férias;
Há sempre um talho
na íris dos que não estão,
dos segundafeirados,
os irados de segunda-feira a sábado.
De férias.
Sem obrigações,
o meu caminho
sou eu que faço,
escolho o rumo e sigo
no ritmo do meu próprio
passo;
Solto o verbo
reverbero a solidão;
Nunca o “nada-p-ra-fazer
Nem me queixo
da falta de tempo
p´ra fazer tudo o que quero;
Aliás,
do tempo, não me preocupo,
que passe por mim sorrindo,
como música,
solta ao vento
numa preguiçosa tarde
sem expediente e sem patrão;
—Que silenciem
as sórdidas formigas trabalhadeiras:
acordado,
o artista agora cria!
***
Espelho, espelho meu
por que pergunto tantas vezes
tantas perguntas ao meu eu?
***
ARTES E & VIDA SEVERINA
Que fazer desta minha vida
quando ela é palco,
eu, que não sei representar?
Porém,
quando é um jogo,
como sei dela me aproveitar...!
ÓBVIO ESTÓICO ULULANTE (ESTOICISMO I)
A vida é a única espécie de autoritarismo
no qual a libertação e realização do ser humano
Depende da aceitação incondicional de sua regras.
—Cruel?
*
VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em outubro de 2021
Página publicada em junho de 2019
|